terça-feira, dezembro 30, 2008

ACORDA 2009

Aprendizes eternos de nós mesmos, de início, vamos deixar a tristeza pra trás, e seguir com alegria e com amor, pois o presente é cada dia da vida. Por isso, vamos acalmar o mundo, e combater o stress, que alimenta fracassos da alma, e não auxilia a tolerância, a paciência, a paz e o perdão a se manifestarem. O perdão tão fundamental, que falta para as coisas simples, vamos aprender sobre ele, sobre a sua santa força.

Um 2009 respeitando o próximo, entendendo a liberdade humana, e, ao mesmo tempo, a fragilidade comum a todos. Vamos receber esse novo ano percebendo que Jesus está batendo à nossa porta. Vamos recebê-lo de braços abertos !
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Um 2009 de luzes sobre o destino da humanidade, num mundo natural, humano, lindo, diverso, e, em sua essência, unido. Nele, mais gratificados estaremos com a presença perpétua de um potencial, uma capacidade, uma luz, uma matéria portadora de uma humanidade que fora sonhada, antes mesmo de ter sido criada.
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Nesse 2009 do novo mundo, o pecado que gera egoísmo, e alimenta o fantasma da fome e da exclusão vai ser derribado, a demora será transformada em providencia, o preconceito vai enfraquecer e a crença na igualdade prevalecerá. O homem vai entender que existe uma religiosidade familiar na sociedade humana, consangüínea, e que precisamos ser religioso com a terra, Mãe Gaia, sagrada, parte de nós, e centro dos planos amorosos de Deus.

Em 2009 estaremos mais próximos da salvação da humanidade, promessa do Salvador, e já estaremos preparando os ingredientes da grande ceia oferecida por Cristo, Budha, Krishna, Maomé e demais nomes do alto céu. Nesse ano, todos as estrelas e símbolos do amor serão mais lembrados e louvados, e todos seremos iguais, filhos do mesmo pai, e de uma só verdade.

Habitaremos acordados com nossa família, junto de Nosso Pai Celestial, nosso norte, e de Nossa Mãe Divina, íntima nossa. Deles nos chegam a palavra de luz, a iluminária dos povos, o porto seguro dos corações e o pastoreio firme no rumo das estrelas. Tudo dentro do coração, forte, alimentador, que repousa na manifestação do amor e aguarda o seu império. O amor, herança de origens divinas, sentimento universal e indestrutível, cujo dono é o Espírito Santo.

Uma feliz ceia, para celebrar uma vida extraordinária em um tempo próspero, caminho da promessa divina de um mundo novo, onde o homem viverá em harmonia, e aproveitará para derrubar muros e diferenças, que queiram impedir a grande reunião, a comunicação próspera e a sabedoria fraterna. .

Reconheceremos mais os valores da criação para finalmente termos liberdade, finalmente termos prosperidade, num estágio onde a tecnologia e o desenvolvimento estarão mais articulados com os saberes e fazeres do homem que segue na direção certa, com prazer e certeza de si, ancorado em valores e princípios eternos.

Importa e interessa muito a Deus a vida aqui na terra, que todos tenham direitos iguais - plantar, colher, trabalhar, adorar, amar e ser amado. Nenhum de nós temos o direito de tirar isto dos semelhantes. Não há humanidade feliz se há humanidade infeliz, pois somos uma única entidade e esse é o nosso destino.
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E assim vamos nós em 2009, sonhando com o Sul da Bahia Sustentável, dando oportunidade ao povo e preservando nossas riquezas culturais e naturais. Vamos nós nesse caminho na terra, na nossa terra, carregando saudades dos irmãos que nos deixaram, alguns muito próximos, como o vereador Marcus Paiva e o agricultor Paulinho Portela, e outros, que se tornaram íntimos, como Dercy Gonçalves, Ruth Cardoso, Luiz Carlos Torinho, Hesth Ledger, Dino Rise, Paul Newman, Sidyney Pollack, Arthur da Távola, Beto Carreiro, Waldick Soriano e Dorival Caymi.
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Em 2009, rezaremos mais para que a fraqueza do homem diante do mal, que vitimou a linda Isabela, seja vencida pela lucidez e pelo exemplo da justiça em 2009, mas recordaremos felizes, a sonhada liberdade de Ingrid Betancourt, que superou o cativeiro de seis anos na floresta amazônica, por amor aos seus dois filhos. Vamos tirar lições de 2008, e aprender a sobreviver às chuvas e enchentes que virão em 2009, e a repetir o jesto solidário por Santa Catarina, todos os dias.
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Carregaremos lembranças de 2008 pelos aniversários de dois séculos da chegada da família real portuguesa ao Brasil, um século de imigração japonesa, um século da morte de um gênio, Machado de Assis, e do nascimento de dois outros, Guimarães Rosa e Cartola. Mas não vamos esquecer e não queremos que o maior rebanho de gado do mundo continue engolindo a Amazônia, em 2009. Índios, Sem-Terra, Garimpeiros e Fazendeiros vão dialogar mais, e lutaremos bravamente contra a febre amarela, a malária e a dengue, doenças que continuam matando, como nos velhos tempos.
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Entraremos o ano acreditando que médicos, advogados, policiais, juízes, servidores públicos, prefeitos, empresários e banqueiros vão respeitar o bem público, pois o país vai exigir o fim da corrupção nesse 2009 que chega trazendo novos prefeitos, eleitos pelo voto democrático. Com esses novos prefeitos está nossa crença na construção de cidades mais humanas.

No novo ano a boa nova é sermos mais conscientes da conservação das florestas e mares, pois chegou o dia de plantar árvores, poupar papel e não comprarmos madeira que não seja certificada. O tempo é para gerarmos empregos, abolindo as esmolas, e de mostrar o caminho das oportunidades reais. Caminharemos todo o ano de mãos dadas aos mais fracos, e os desprotegidos da sociedade serão reconhecidos por mais e mais cidadãos verdadeiramente brasileiros.

Todos vamos cuidar melhor de nossas ruas, nossos vizinhos, nossos bairros e nossas cidades, bem melhor do que fizemos em 2008. Consumiremos menos combustível, não desperdiçaremos alimentos nem água, andaremos mais a pés, de bicicleta e transportes coletivos, e estaremos mais leves, pois comeremos menos carne e mais folhagens; também faremos mais exercícios físicos e mentais, teremos mais leituras, e mais espaços de encontro aproveitados.

No ano novo, esperamos menos fantasmas assombrando a política, menos grampos e dossiês; também esperamos que os políticos evitem a fartura de gastos com cartões do governo em viagens, compras e aluguéis de carros. Vai-se 2008 como o ano da Olimpíada do país do presente, a China, da descoberta de água fora da terra, e do fenômeno de popularidade Lula, que encerra o ano com a maior aprovação de um presidente brasileiro.

Vem 2009, o ano da crise econômica global, com seus desafios; crise que vem limpar o sistema econômico da sujeira e da especulação, e valorizar a produção real de quem trabalha e alimenta o mundo. Certamente, será um ano de crescimento, de transformação positiva, onde o balanço das finanças nos ensinará a sermos consumidores mais conscientes. Mais brasileiros e mais conscientes estaremos nesse nove, novo ano de 2009.

domingo, dezembro 14, 2008

Ponte: A Reforma Intolerante


Colocação de asfalto na única Ponte de Ilhéus, num sábado de sol a dez dias do natal, e em horário de pico, revoltou os Ilheenses e deixou a cidade de cabeça pra baixo.

Não é à toa que insistimos no tema PONTE para o projeto urbanístico da nova Ilhéus - a cidade grande, metropolitana e referência regional. Esta é a quarta reportagem que publicamos, pois era nosso entendimento que a reforma da ponte poderia resolver alguns problemas antigos, como a altura da proteção lateral de pedestres, mas percebendo que se limitou ao essencial, e que causou transtornos desnecessários, publicamos recentemente o artigo Ilhéus Desrespeitada.

A reforma da ponte Ilhéus - Pontal é mais um remendo na velha cidade. Uma obra imaginada por D. Pedro II, prometida por Getúlio Vargas, realizada no governo de Lomanto Junior e inaugurada com a presença do presidente Castelo Branco, em 15 de agosto de 1966. Na época, uma moderna ponte de concreto protendido, com 330 metros de comprimento era uma obra decisiva para o sul da Bahia, e foi construída no prazo recorde de sete meses pela Construtora Norberto Odebrecht. Essas informações foram publicadas na Revista Manchete, nº 750, de 03 de setembro de 1966, guardadas pelo saudoso ex-prefeito de Ilhéus, Ariston Cardoso, e publicada no site Ilheense (não deixe de conferir).

Sem anúncio de obras decisivas como a duplicação da Rodovia Ilhéus-Itabuna e a construção de novas pontes, projetos estratégicos para organizar o crescimento e construir uma cidade melhor e mais receptiva, a única coisa que temos é a reforma da única ponte interligando o centro de Ilhéus a zona sul da cidade. Uma obra que deixou a desejar, e demonstrou falta de regras para a atuação de empresas licitadas para obras públicas nesse município.

Diante da demora e dos transtornos, depois de vários protestos dos moradores, anunciaram seu final para dia 31 de novembro, mas não cumpriram, e ainda resolveram colocar o asfalto sobre a pista, em dia de trânsito intenso, num sábado de sol e em horário de pico. Não é possível reformar uma via essencial de movimentação numa cidade, sem que se saiba quando a obra começa e termina, permitindo que se arraste por mais de seis meses, com poucos funcionários, e seja executada em horários mal planejados, prejudicando a população residente e os visitantes.

Diante dos fatos, a reportagem Ilhéus sem Ponte foi mais um apelo para que tenhamos o tratamento que merecemos, e para que Ilhéus deixe de ser dependente de uma ponte obsoleta, e que não protege o pedestre, e por enquanto, vai continuar do mesmo jeito.

Quem passou por esse constrangimento só pode pensar que alguma coisa está errada! E o resultado desse erro parou a cidade e causou forte mal estar nos que ficaram presos no grande engarrafamento, sem ter como ir ou voltar; muitos dos quais, em ônibus lotados e sem ar condicionado. Alem do mal estar, gerou prejuízos ao comércio e prejudicou moradores e visitantes – apenas da Encantur, 15 turistas não conseguiram embarcar em seus vôos.

No sábado, 13 de dezembro, um engarrafamento de três quilômetros alcançou a avenida Canavieiras. O tempo para atravessar a ponte chegou a duas horas, às 12 horas da manhã, sob um forte calor.






Indo ou Voltando, centenas de pessoas ficaram presas no centro de cidade, muitos em ônibus lotados.

Imaginemos se acontecesse uma emergência de saúde ou um acidente? O que poderíamos fazer? E tudo isto porque não se achou outro horário, outro dia, uma forma decente de realizar essa obra, que desde o início tem problemas, ao menos, em seu cronograma e rítmo.

quarta-feira, novembro 26, 2008

UESC Debate o Porto Sul



O Programa de Meio Ambiente e Desenvolvimento da Universidade Estadual de Santa Cruz realizou no dia 12 de novembro um Seminário sobre o projeto do Porto Sul, atraindo mais de 500 participantes. Consideramos que o debate foi o mais aprofundado até o momento, mas ainda reivindicamos mais foco no assunto em questão, evitando-se o radicalismo dos que querem o Porto a qualquer custo, e os que se apõem não apenas a sua localização, mas a sua necessidade, ao processo de industrialização global em que ele está inserido e ao governo. Pensamos assim, porque quando o debate extrapola seus limites objetivos, isto nos faz crer, que estamos perdendo tempo em buscar uma solução real, objetiva, que seja factível e que resulte na melhor decisão compactuada.
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José Adolfo, Professor da UESC e Organizador do Seminário:
"queremos levar as questões ambientais para serem discutidas pelas comunidades".

A posição da Bahia Mineradora __________________

A empresa terá que enfrentar um forte questionamento dos ambientalistas, dos órgãos ambientais e da imprensa para obter o licenciamento ambiental.
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O representante da Bahia Mineradora foi Amaury Pekelman, responsável pela comunicação social da empresa. Ele iniciou suas colocações falando sobre o mercado internacional, destacando que as reservas de ferro mundiais são da ordem de 306 bilhões de toneladas, e que o Brasil possui a sexta maior reserva e é o primeiro em exportações do produto.
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Com pouca presença governamental nos debates, os oponentes do Porto Sul têm questionado duramente os representantes da Bahia Mineradora. Eles acusam a empresa de ser a responsável pela escolha do local numa Área de Proteção Ambiental, para evitar gastos. A BM se defende, e diz que outro local, com menos embates sociais e questionamentos ambientais, seria melhor para a empresa.
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A sociedade civil organizada tem trazido para os debates uma série de questionamentos com relação aos impactos do tratamento do minério de ferro naquele local. Uma das questões é o material particulado, que pode contaminar o ar, a água e o solo. É que o que chamam de poeira de ferro, cujos níveis de padrão de exposição podem prejudicar a saúde humana e o ecossistema. A BM se defende e diz que não haverá poeira derivada da pelotização (fragmentação do ferro bruto), “outra tecnologia será utilizada e todo o material será umidificado”.
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Duramente questionado sobre impactos ambientais, Pekelman afirma que a empresa cumprirá todas as orientações dos órgãos ambientais, durante o processo de licenciamento, e que atenderá a legislação, aguardando os estudos de impacto ambiental para determinar todos os procedimentos de estocagem, umidificação e escoamento do minerio. Ele afirma que o projeto poderá utilizar tecnologia de ponta como os precipitadores eletrostáticos para reduzir em até 75% as partículas capturadas e supressores químicos para evitar poeira no transporte.
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Apesar de descaracterizar alguns mitos relacionados com os impactos, a exposição da BML não esclarece nem detalha alguns aspectos do projeto. Um dos pontos não esclarecidos refere-se ao destino da água que trará o minério e será contaminada por ele, resultando em um rejeito líquido de difícil tratamento. Neste ponto, pergunta-se: como será tratado e onde será destinado? Ao ser questionado sobre o seu lançamento no mar, a tese mais provável, Pekelman apenas informa que os estudos de impacto irão determinar a melhor alternativa, o que leva a crer a BML ainda tem dúvidas, e prefere aguardar o posicionamento dos órgãos ambientais para tomar algumas decisões técnicas, que eles próprios deveriam apresentar nos encontros públicos.
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Com relação aos questionamentos que o projeto da Bahia Mineradora é apenas a ponta de um grande complexo industrial, Pekelman afirma “não sabemos se existem outros projetos para o Complexo Porto Sul, por parte do Governo. O nosso projeto refere-se apenas ao recebimento, estocagem e transporte dos minérios até os navios. Não vamos produzir nada no local".
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"Pekelman, da BML, tentando responder a pergunta de Adriano Wild do IESB (camisa azul): Porque vocês não detalham o que pretendem fazer tecnicamente nesse projeto?"

Marilene Lapa _____________________________

“O Complexo Sul é um projeto pertinente, ainda que possa ser reavaliada a sua localização”

A arquiteta Marilene Lapa, da prefeitura municipal de Ilhéus fez o questionamento mais contundente em defesa do Porto Sul. Ela destacou que o Brasil é um país continental e com enormes demandas sociais pra enfrentar, e que precisa de um grande projeto de comunicação que inclui a infra-estrutura porto ferroviária para fortalecer sua dinâmica econômica frente ao comercio internacional. Marilene criticou o foco do debate apenas direcionado para a defesa do turismo, por “não enxergar uma política consistente para o turismo nessa região, que seja realmente sustentável e inclusiva”, e “por perceber uma terrível especulação privatizante de nossas praias e florestas, sem interesse na comunidade local”.

Segundo ela, é necessário focar o debate em políticas concretas, relacionadas com o fortalecimento das ações locais, para melhorar a qualidade de vida e a conservação ambiental em nosso litoral, e não apenas criar-se uma frente de oposição sistemática ao Governo e Empresas envolvidos no projeto do Complexo Porto Sul. Ela destaca, “temos muito que fazer nessa região para realmente proteger o meio ambiente”, como por exemplo, “evitar a degradação das ocupações irregulares”; “deveríamos estar atentos a questões como as leis complementares do Plano Diretor do município e realização da regularização fundiária no litoral norte, que está colaborando com a degradação ambiental”.
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Marilene encerrou seu questionamento reafirmando que o Complexo Porto Sul é um projeto pertinente e questionando ao ambientalista Rui Rocha o seguinte: “afinal, vocês são contra o projeto ou o problema é a sua localização?”

Rui Rocha ____________________________

"precisamos respeitar as vocações dessa região para que o desenvolvimento seja sustentável a longo prazo".
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O ambientalista Rui Rocha da ONG Floresta Viva é contrário ao projeto que visa implantar um novo Complexo Portuário no Sul da Bahia. Ele respondeu ao questionamento da arquiteta Marilene Lapa, colocando-se contra a sua localização em área de proteção ambiental, e questionando o modelo de desenvolvimento que o governo está adotando para essa região.
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Para Rui, a vocação primordial do Sul da Bahia para atingir o desenvolvimento sustentável está centrada em cinco pilares fundamentais: o Turismo, a Pesca, os Sistemas Agroflorestais e o Chocolate, o Conhecimento (Ciência e Tecnologia, que inclui as universidades) e o Polo de Informática, além de outras alternativas como o palmito, frutas, latex e a estrutura portuária já existente. Para ele, o novo projeto Porto Sul desvia esse foco e põe em risco toda essa região. Ele denuncia a brusca mudança da política de governo que priorizou e incentivou o turismo, criando áreas protegidas e atraindo milhões em investimentos para o setor.

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Rui acredita que está havendo uma mudança radical na perspectiva de desenvolvimento regional e para ele, isto se deve a uma política de governo baseada no imediatismo, e que não prevê as conseqüências de longo prazo. Segundo ele, o Brasil tem de rever o modelo de desenvolvimento, como a comercialização de matérias primas em estado bruto, a exemplo do ferro exportado para a China, e defende a adoção de arranjos produtivos mais articulados com as especificidades e demandas de cada região.
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Com esse pensamento, ele defende a busca de alternativas para que a exploração de recursos não renováveis como o ferro e petróleo, sejam bem aproveitadas enquanto durarem para promover habilidades econômicas permanentes, visando o fortalecimento de um sistema econômico regional articulado com as vocações territoriais, e assim, tornar possível a geração de valores qualitativos para o desenvolvimento sustentável de longo prazo.
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O ambientalista destaca que o Sul da Bahia possui qualidades ambientais extraordinárias, e tem um dos litorais mais bem conservados do mundo, que merece cuidados especiais. Ele reconhece que existem interesses especulativos na indústria do turismo, mas defende que o setor deve ser orientado e fiscalizado para assumirem o compromisso social e ambiental, e acrescenta que "existem exemplos positivos de diversos empreendedores que apostam na conservação ambiental e que têm envolvido a comunidade, preservando os recursos naturais e gerando o menor impacto possível".
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Mário Mantovani __________________________

“Não podemos se deslumbrar com esses projetos, o Porto Sul é um estrupo eminente”

O renomado ambientalista Mario Montovoni foi o convidado de honra, e começou seu discurso dizendo que dados recentes confirmam que a maior indústria do mundo é a indústria do turismo, “que tem como sua principal matéria prima, a natureza”, “e não mais a automobilística que estão tentando tirar da crise, e cujas ações não valem mais que um pirulito”. Ele defendeu o que chama de regras globais do turismo sustentável, e ressaltou que o Brasil e lugares como o sul da Bahia são os mais atrativos do mundo, e são apresentados lá fora, como uma região “que tem tudo”; “e não estou falando do turismo baseado em investimentos especulativos, como vem acontecendo nos empreendimentos de portugueses e espanhóis na costa norte da Bahia.”, complementou.

Mantovani atacou duramente o PAC, “estamos vivendo um momento muito perigoso na história desse país” que ele atribui “a especulação diante dos gargalos do desenvolvimento”. Segundo ele, o PAC tornou-se um processo “onde estão sendo realizados acordos escondidos, como uma ação entre amigos, onde se negociam grandes obras, cada um faz uma parte, e vem um “porta voz” do desenvolvimento dizer que o projeto é a solução para toda uma região”; “são megaprojetos, de interesse de grupos, baseado na ideologia da corrupção”, referind-se as licitações fraudulentas do PAC recentemente apuradas pelo governo, “meteram a mão no dinheiro do PAC, e isto aconteceu em Santos”.
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Mantovani protestou também contra o Governo por não atender uma resolução do CONAMA de 2002 que previa a redução do nível de enxofre no diesel a partir de 2009, como adota a comunidade européia, e o acordo que permitiu seu adiamento para 2012. Ele se referia ao fornecimento do diesel S-50, com 50 partes de enxofre para cada milhão de partículas (50 ppm), já que atualmente, o diesel usado nas regiões metropolitanas do Brasil tem 500 ppm e 2.000, em outras regiões. Indignado afirmou: “3.000 pessoas estão morrendo todo ano em São Paulo por causa desse diesel, temos de desconfiar desses acordos que não respeitam a nossa vida”.
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Continuando, Mantovani disse “Graças a Deus estourou essa crise econômica para assentar a poeira desses investimentos, e para vermos, realmente, quem é quem nesse processo”; “precisamos avaliar a extensão da crise, pois não é possível que até dinheiro do FAT- Fundo de Amparo ao Trabalhador possa ir parar na mão de especuladores", “o PAC não pode servir a esses interesses”.
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Por fim, Mantovani alertou que todos devem ficar atentos, e se perguntar: “o que eu quero, qual é o jogo?”, acrescentando que “os movimentos sociais que sempre foram símbolo de resistência estão sendo cooptados”, e, “até mesmo cientistas ilustres acabam se vendendo, às vezes, para comprar um equipamento para o seu laboratório na universidade, que o poder publico não comprou” - “temos muito que aprender ainda, o desenvolvimento é importante para todos, mas não com modelos comprovadamente ultrapassados”, complementou.
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Mantovani não descarta um “pacto eficiente e lucrativo”
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Nesse debate, ele relembrou, o esquecimento do "passivo ambiental" do Porto Internacional do Malhado, já reivindicado em nossas reportangens. Ainda assim, mesmo discorrendo contra os possíveis esquemas do PAC, e contra a metodologia de impantação do Porto Sul, que ele descreve como "um estrupo eminente", apresentou em slides um Estudo de Caso menos radical, onde a articulação do movimento ambientalista com o Conselho Estadual de Meio Ambiente do Estado de São Paulo permitiu adequações favoráveis ao meio ambiente na construção de um Porto na Bahia de Santos.
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Segundo ele, o movimento ambientalista ajudou a realizar um “pacto eficiente e lucrativo” para o meio ambiente e as comunidades locais.Trata-se do projeto da EMBRAPORT – Empresa Brasileira de Terminais Portuários em que as ONG´s conseguiram fazer rever alternativas locacionais, criar uma reserva ambiental de 500.000 m2, implementar dezenas de programas conservacionistas, voltados para a preservação da fauna e da flora, educação ambiental, etc. “Conseguimos inclusive, que a empresa despoluísse a contaminação ambiental na área, pagando pelos erros dos outros, a pedido dos ambientalistas”.
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Mantovani mostrou através desse estudo de caso que é preciso que a sociedade esteja articulada para exigir uma metodologia diferenciada onde seja possível haver transparência, participação e acompanhamento dos projetos de interesse público.
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O Empresário Paulo Lago, presente em todos os debates, integra um grupo de entidades da sociedade civil que luta sistematicamente contra o projeto do Porto Sul.

segunda-feira, novembro 24, 2008

Ilhéus desrespeitada

Um novo Governo do Estado, novos prefeitos e o sul da Bahia continua desconsiderado e sem apoio, apesar de nossos esforços. É sabido que esta região é estratégica para o desenvolvimento da Bahia e do Brasil, e que Ilhéus, como uma referência, acolheu mais de 100.000 novos moradores permanentes com a crise do cacau, e ao mesmo tempo, revelou-se destino turístico, recebendo ascendentemente centenas de milhares de visitantes anualmente.

Diante disto, grandes investimentos em vários setores tornaram-se essenciais, especialmente em infra-estrutura urbana, como a duplicação da rodovia Ilhéus-Itabuna (BR 415), o anel rodoviário, novas pontes, conjuntos habitacionais populares e saneamento; ações que não podemos mais protelar. Apesar disto, as esferas do poder não estão agindo conjuntamente para realizá-las, continuamos minguando recursos, e continuamos sendo discriminados como temos sido há duas décadas.

Se o problema é político, que a política e os políticos reflitam, e prestem atenção no Sul da Bahia, pois estamos reerguendo um novo sistema econômico, fundamental para resgatar a população dos "Baixos Índices de Desenvolvimento Humano", ou, sem meias palavras, uma população pobre e que está sofrendo.

De olho nisto, e mesmo com tantos assuntos mais urgentes, temos que voltar a falar da reforma da Ponte Lomanto Junior, que confirma essas palavras e reafirma a necessidade dos cidadãos sul baianos serem mais respeitados pelo Poder Público.

Como já abordamos, a antiga e obsoleta Ponte Lomanto Junior (1966) apresentava sinais de deterioração e, tecnicamente, uma reforma era urgente. Imaginávamos um projeto mais cuidadoso, com melhorias, modificando, por exemplo, a altura da proteção lateral aos pedestres, pois várias pessoas já caíram da ponte, incluindo aí vítimas de atropelamento. Mas isto nem foi pensado apesar de nosso apelo; apenas a sua estrutura, o básico, o essencial para que ela não desabe, foi previsto.

Mas o que mais chama a atenção é o que não podíamos imaginar: uma obra a conta-gotas e com um cronograma de execução, absolutamente inexplicável. Uma obra que demora muito mais que o previsto, causa transtornos a população e que já está prejudicando a alta estação, que para nós, já chegou. Pior, após cinco meses de transtornos, e muitos apelos da sociedade organizada, lideres do governo se reuniram e anunciaram na imprensa que ela ficará pronta no dia 30 desse mês. NÃO VAI.

Não importa as causas dessa situação. Se o problema é recursos no projeto, se há descumprimento do cronograma de desembolso, se é irregularidade da empresa contratada, ou se não é. O fato é que isto não pode acontecer numa obra, que não é de grande investidura, resultando em engarrafamentos, transtornos e prejuízos a população, o que nos humilha e desafia o bom senso.

Pedimos a todos que nos ajude a divulgar esse artigo, pois, mais do que nunca, chegou a hora de acordarmos para lutarmos contra a inércia anti-cidadã, a discriminação política e a incompetência administrativa, que, inclusive, poderá condenar qualquer um de nós a morte, pois Itabuna está nacionalmente anunciada como a cidade com a iminência de ter a maior epidemia de dengue do país, e não existe nenhum grande plano para enfrentar essa situação.

Também, sejamos claros: não queremos tratar essas questões como um assunto político partidário, mas como uma necessidade premente de políticas competentes, construtivas e solidárias para o Sul da Bahia, seja qual for o partido ou a coalisão.

segunda-feira, novembro 17, 2008

O Cristo de Ilhéus

ACORDA MEU POVO ...




Inspirado em Ilhéus continuamos reportando nesse espaço virtual, fizemos um ano de postagens e comemoramos modestíssimos vinte mil acessos. O objetivo aqui é lembrar de quantas possibilidades temos de recuperar a história, patrimônio e importância da cidade de Ilhéus.

Um símbolo dessa grande luta, um Cristo, fundado em 10 de novembro de 1942 é nosso cartão postal, já completando 66 anos, como mais um exemplo do que podemos aproveitar com mais carinho nessas terras lindas. Ele é único, diferente, o mais humano e perto do mar, mas vive em um terreno sem definição por décadas, sempre desprotegido, sujo e nunca teve uma iluminação profissional de monumento artístico. A praça não tem tratamento urbanístico, e reconhecer sua importância para a revitalização da cidade é um marco necessário. O Cristo de Ilhéus, abraçando o atlântico é genial, assim como o do Corcovado, ou o de Vitória da Conquista ou Colatina, no Espírito Santo. 

Um ano de Blog e uma proposta de testemunhar, os temas principais de uma agenda para urbanizar a Orla, entender os problemas do Porto que transfigurou a geografia da cidade histórica e a necessidade de incorporar o Morro de Pernambuco, ao patrimônio público. Anotamos a gravidade dos problemas relacionados a Segurança no Mar, quando passamos a receber milhares de banhistas, sem uma estratégia a altura de evitar afogamentos banais, como o que vitimou o empresário conquistense Enzo Marinho, que morreu no papel de salva-vida.
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Uma das regiões mais ricas em biodiversidade do planeta, detentora de uma Vida Silvestre única e uma cultura popular, igualmente rica, como a Pesca Artesanal. Também é uma das regiões mais pobres do Brasil, recordista de casos de contaminação pela dengue, descarrilhada em conjunto com a falta de condições mínimas de habitação e saneamento, e um rastro de degradação ambiental. Na paisagem da estrada “Ilhéus-Itacaré: Dez Anos Depois", um projeto inusitado e de alto impacto pareceu ficção, e seu nome charmoso: Porto Sul.  Uma cidade sem dinheiro, sem apoio político, precisando de pontes, de sinalização, e de projetos para obsoletas estruturas do governo federal e estadual subutilizadas como os Armazéns do Centro histórico.

Uma região admirada desde o descobrimento, visitada várias vezes por membros da família real européia, vive o drama da degradação de nossos rios, falta água em cidades como Itabuna. Se destrói a mata, as queimadas são uma prática cultural que se transformou em crime ambiental. Um vazamento de óleo que atingiu as praias de Ilhéus à Itacaré nos alertou do que pode ser mais grave, se não houver fiscalização dos navios. A Petrobrás limpou o que pode, mas ninguém foi culpado. Ficamos de olho em uma região cujo meio ambiente e a economia dependem de relações muito íntimas e dinâmicas.

Temas locais que nos afligem e outros nacionais que nos influenciam. Frans Krajcberg, Burle Mark em Ilhéus, Animais Silvestres e nossas Flores Tropicais. O vídeo nosso Agricultura Familiar e Agroecologia passou a ser bem acessado no youtube. Caminhamos com a arte de José Delmo, que junto com outros artistas aqui passaram a serem lembrados como inspiração. Registramos a dor da perda de Marcus Paiva, a saudade de Zelia Gattai, e exibimos uma lista de personalidades homenageadas aqui: Rute Colares, Marina Silva e Fernando Gabeira.

Até aqui tivemos o apoio de sites da região como o R2CPress, primeiro a divulgar algumas materias, Catucadas, Associação Ação IlhéusBlog do Gusmão, AgravoPimenta na MuquecaReporter Bocão, Itacaré Paraiso, Itacaré News e Territorio Mulher, Ilhéus AmadoBlog do RickyIlhéus Paradise e Blogs da Costa do Cacau, além dos impressos  Jornal Tribuna de Ilhéus e revista Folha da Praia.

Seguimos!

segunda-feira, novembro 03, 2008

Óleo atingiu Costão Rochoso em Itacaré

Óleo atingiu Itacaré

Itacaré sofre impactos com vazamento de óleo"

Os costões rochosos de Itacaré são uma das áreas litorâneas atingidas com maior impacto ambiental, devido a inviabilidade da remoção do óleo. Em costões rochosos e manguezais os danos podem perdurar por anos.
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Dando seqüência a investigação sobre as conseqüências do vazamento de óleo que atingiu o litoral baiano, e que, nos últimos dias, alcançou as áreas naturais protegidas do Baixo Sul e Litoral Sul, estivemos em Itacaré para avaliar os impactos ambientais em seu litoral.

A limpeza do óleo que atingiu as praias de Itacaré vem sendo realizada por cerca de 30 homens contratados pela ECOSORB, empresa especializada em atendimento de produtos perigosos, contratada da PETROBRAS para auxiliar na limpeza dos locais atingidos neste acidente, que ainda tem autoria desconhecida, e que, segundo apuramos, só será possível identificar os responsáveis após a análise da composição do óleo que está sendo realizada pelo Centro de Pesquisas da Petrobras, no Rio de Janeiro.

Durante vistoria, e seguindo informações apuradas pela Associação Pró-Vida Silvestre, em companhia do veterinário Pablo Junot, também integrante da ONG, encontramos aquele que pode ser considerado o maior impacto desse vazamento em Itacaré, quando o óleo atingiu os costões rochosos.

Acionamos então, as autoridades que também haviam chegado a Itacaré para acompanhar os trabalhos de limpeza, Herman Henz, responsável pelo Plantão de Emergência Ambiental do Baixo Sul e Litoral Sul do Instituto Ambiental da Bahia, e Leobino Ferreira, Chefe de Segurança, Meio Ambiente e Saúde do Centro de Defesa Ambiental-CDA da PETROBRAS.


Funcionários da ECOSORB, empresa especiallizada em atendimento a acidentes com produtos perigosos em ação nas praias de Itacaré.

Vistoriamos novamente o local na presença dessas autoridades, contando também com a presença de José Carlos dos Santos, Chefe de Operações de Emergência da ECOSORB, especialista com longa experiência em operações de limpeza de óleo em áreas litorâneas, que nos informou que sua equipe faria o possível para retirar todo o excesso de óleo do local, mas que, “não há muito a ser feito quando o óleo atinge costões rochosos”, e que a utilização de jatos e outras técnicas podem piorar ainda mais a situação.

Apesar de não sabermos ainda a origem do vazamento, Leobino Ferreira descarta qualquer relação com as plataformas da PETROBRAS. Ele nos explicou que as plataformas contam com o apoio da empresa Agência Marítima São Miguel, que monitora ininterruptamente as plataformas para controle imediato de possíveis acidentes com uma embarcação que conta com a mais alta tecnologia de monitoramento ambiental, dispondo do Radar “Oil Recovery”, capaz de identificar presença de hidrocarboneto até duas milhas náuticas. Cada milha náutica corresponde a 1.852 metros, esclarece.

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Como afirmamos na denuncia protocolada pela Associação Pró-Vida Silvestre no IBAMA, é necessário que a legislação seja cumprida segundo a LEI Nº 9.966, de 28 de abril de 2000, que determina que a Procuradoria Geral da República deva acionar o Ministério Público Estadual para a apuração de responsabilidades e outras medidas necessárias.

Nossa intenção é que seja conhecida a origem do vazamento e responsabilização dos envolvidos, e que a sociedade possa ser mais bem informada sobre os riscos ambientais inerentes a atividades de exploração de petróleo e circulação de grandes navios nesse litoral de grande importância ecológica, e que tem a pesca e o turismo como atividades econômicas de grande importância social.
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O Veterinário Pablo Junot, consultor da Associação Pró-Vida Silvestre ficou desolado ao examinar a concetração do óleo no Costão de Itacaré: "Isto não poderia ter acontecido".


Instituto Ambiental da Bahia e PETROBRAS avaliam os impactos ambientais e as medidas a serem tomadas.

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Leobino Ferreira, responsável do Centro de Defesa Ambiental da PETROBRÁS e José Carlos dos Santos, coordenador da limpeza do óleo recolhem amostras no local impactado.

Herman Silva, do Plantão de Emergência Ambiental Instituto Ambiental da Bahia avaliou os danos causados ao ecosistema. Segundo H. Silva, "o impacto poderia ter sido maior se o óleo atingisse Bancos de Corais e os Manguezais".

Paulo Sérgio Paiva
Jornalista e Diretor Técnico da Associação Pró-Vida Silvestre

A TARDE: Manchas de óleo sob controle no litoral baiano

Blog do Rick: Itacaré ainda convive com o problema