A audiência começa às 14:40 com a multidão de 3.700 pessoas, uma plateia explosiva, dividida entre vaias e aplausos, a grande maioria com uma noção bastante prejudicada sobre o objetivo da audiência.
A primeira coisa que precisamos separar, antes de falar de uma audiência pública de meio ambiente, é os que defendem o projeto para obtenção de benefícios pessoais, sem preocupar-se com os danos à coletividade, dos que realmente se preocupam com a sua viabilidade.
A mobilização de pessoas e entidades que acompanham o estudo dos impactos ambientais do Porto Sul cresceu muito. O que se percebe logo, é que os princípios democráticos de fiscalização pública, transparência da informação e da liberdade de imprensa, têm garantido maior visibilisade sobre o que está em jogo nesse licenciamento.
Para a paisagem frágil e vulnerável onde o porto pretendem se instalar, o EIA/RIMA mais parece uma tsunami de impactos ambientais. Mas os defensores da ameaçada Mata Atlântica não estão mais sozinhos, existe uma rede de pessoas, especialistas de diversas áreas, pessoas atingidas ou não pelo projeto, que estão se levantando de suas cadeiras para pedir esclarecimentos sobre diversos pontos do estudo ambiental apresentado.
Vimos arguições consistentes que apontam omissões de informações nos estudos, como em avaliações subestimadas da fitossociologia e espécies da fauna local, do número de espécies de mamíferos aquáticos atingidos, da pureza das águas que retornam ao rio almada e ao mar, da contaminação atmosférica por partículas de minérios, do dignóstico das comunidades tradicionais, da ampliação do desastre do avanço do mar, fenômeno que sofremos e que será ampliado para quase todo o litoral norte, e vários outros pontos críticos da análise.
Questionamentos consistentes, que vêm de cientisas, centros de pesquisa, universidades e organizações não governamentais especializadas na questão ambiental, e que acompanham o processo de licenciamento do porto Sul. Se esses fatos forem considerados, tudo leva a crêr que o IBAMA ainda não dispõe de fundamentação técnica e legal para emitir o licencia prévia do Porto da Bamin.
Agora sim, os atingidos, as lideranças preocupadas com a região, a comunidade científica e a sociedade em geral, começa a entender a complexidade ambiental envolvida, e se mobiliza para contestar a superficialidade dos estudos, e divulgar as problemáticas sócio-ambientais das áreas afetadas.
Deixa comigo! O hábil Eracy Pereira deu cobertura total aos questionamentos, principalmente quando os técnicos Pablo Cotsifis e Sandro Camargo Hydros Engenharia, responsáveis pelos estudos, não conseguiam convencer o público.
O Presidente da Bamin, José Viveiros em uma aproximação com o ambientalista Rui Rocha. |