sexta-feira, maio 27, 2011

Camacan derruba exemplar raro de Jequitibá

Ela é a maior árvore brasileira, podendo chegar a 40 metros de altura e 12 metros de diâmetro. Na copa dessa árvore portentosa, vivem tucanos, macacos e cerca de 20.000 outras plantas. É símbolo do estado de São Paulo e do Espírito Santo, e tem no sul da Bahia um de seus principais jardins.


Essas árvores remanescentes tem grande valor como testemunhas da antiga floresta virgem. Trata-se de uma espécie do gênero Cariniana, descrita pela primeira vez em 1837 por Von Martius, quando esteve no Brasil (e no sul da Bahia), como Couratari legalis. Após a revisão de gêneros botânicos, feita por Kuntze em 1898, foi renomeado como Cariniana legalis.


As pessoas, comunidades e cidades costumam proteger e divulgar a existência de um remanescente desses como um patrimônio local. É assim em Silva Jardim-RJ, Divisa Nova-MG, Parque Estadual de Vassununga-SP e as cidades sul baianas de Ubatã e na Reserva do Teimoso, em Jussari.



Estudar, proteger, tirar uma foto e dar aulas de educação ambiental às crianças: É assim que se faz onde se desenvolveu um mínimo de sensibilidade para as árvores.


Não foi o que fez Camacan, outra cidade do sul da Bahia, e um dos municípios mais importantes para a proteção da biodiversidade dessa região. Por falta de sensibilidade, o poder público cortou uma dessas relíquias, que se costuma proteger e estimar.



Ao invés de cortar um exemplar desses, a prefeitura de Camacan deveria ter tomado providências para datar a arvore e tomar medidas para a sua proteção como replantio de árvores no seu entorno para evitar a ação dos ventos.


É um trabalho de aproximação determinar a idade real desses raros exemplares, mas podemos dizer com certeza que ela é a árvore mais longeva de nossas florestas. O jequitibá da Reserva do Teimoso em Jussari foi datado em 800 anos, enquanto o exemplar de Vassanunga calculou-se incríveis 3.020 anos de idade.



Jequitibá de 3.200 anos do Parque Estadual de Massurunga-SP.


Para esse fato, vamos usar as palavras de Rainor Grecco, que, com apoio dos governos desmatou só na mata atlântica, mais de 60 milhões de hectares e já idoso, disse uma vez no Jô Soares, que os tempos mudaram e os homens precisam desenvolver a sensibilidade para com as árvores.


É isso aí Grecco, precisamos mesmo entender o quanto as árvores são nossas parceiras em tantos aspectos de nossas vidas. Quem sabe a arte e a cultura nos inspire , como aquela cantada pelos caipiras em “Saudade da Minha Terra”, de Goiá e Belmonte: “vou escutando, o gado berrando, o sabiá cantando no jequitibá...”, ou na música do sambista da Mangueira José Ramos, parceiro de Cartola e grande compositor de sambas de terreiro da escola: ...Ô ô ô ô ô /O Jequitibá do samba chegou/ Mangueira é uma floresta de sambistas/Onde o Jequitibá nasceu...


No sul da Bahia, Jequitibá é história, nome de serra, poesia e conto. Foi do alto da serra do Jequitibá que o cantor Marcelo Ganem e a Banda Energia Azul irradiou as primeiras campanhas ecológicas dessa região, ecoando seus cânticos e louvores às nossas extraordinárias riquezas naturais.


JEQUITIBÁ REI, um clássico do ator e poeta ilheense, José Delmo.



A cidade tem todas as almas
e a alma todas as coisas que a cidade tem.
A minha memória se encerra
na copa verde do Jequitibá
eleito pela natureza
no alto da serra
e que, impassível, na sua grandeza de madeira de lei
assistiu ao primeiro navegante chegar
pelo mar azul da Capitania dos Ilhéus.
Nunca sentido o eco
do estampido seco da arma de fogo
do louco tenente Romero
contra os índios desavisados.
E como fora penoso o vôo
da última graúna,
cansada e ferida,
afogada nas águas do Rio Cachoeira,
que levavam para o mar
as penas dos pássaros
e os corpos dos índios,
expirando dos deuses de pedra dura
a palavra ita
e da mata escura
dos bichos pretos, de penas,
felinos, rasteiros e peçonhentos
a palavra una
até brotar do açoitado
Amor Divino
sergipano Felix Severino
a cidade de pedra-preta, Itabuna!

O perigo
próximo ao teu pé
derrubava as árvores da mata
onde o príncipe Maximiliano
austríaco aventureiro
preso aos lamaçais traiçoeiros
viu macucos serem abatidos
por seus famintos tropeiros.
Mais manchas de sangue
sobre as águas de outro rio
a eternizar no lugar
e no seu leito de areia lavada
o nome do pássaro tombado:
Rio e Vila Macuco.

Qual imponência,
emplumada de verde!
Era o verde!

Verde testemunha
da batalha dos nadadores,
dos traficantes catando búzios,
do verde-sumo, do mar quase anil,
repleto de naus e caravelas
transbordantes de pau-brasil.
Do rufar dos tambores
dos negros amotinados
no Engenho de Santana.
Dos quilombos e aldeias destruídas,
das catucadas mortais,
do valente cafuzo
nos holandeses de Nassau,
antes, nos franceses, com ares de tais.
Dos pontos luminosos
saltitando nas entranhas das matas
como mico-leão-da-cara-dourada.
Do pássaro Solfalá
que sumiu aos olhos dos homens
e da Lagoa Encantada fez seu habitat.
Da Vila Ferradasferrada na margem da veia abertapara o coração mortal da floresta.
Dos caxixes dos coronéis,
dos jagunços em tocaia, do tombo dos inocentes,
de tanta gente chegando, matando, morrendo,
nascendo, resistindo.
Os pássaros e os índios sumindo... sumindo...
Sumindo como fora o macaco jupará,
semeando a roxa amêndoa na mata,
aprovando o cacau que os colonos
trouxeram para as terras do sem fim.

Ó Jequitibá!
Fostes invulnerável ao verde espetáculo
antes de ser poluído pela civilização grapiúna
e só quando frágeis eram teus galhos
despencastes serra abaixo’
teu tronco milenar
pondo espantados os olhos das casas
que se erguiam ao teu pé.

Sabias, ó jequitibá!
em tua rica solidão de madeira de lei
que quando as árvores, os pássaros, os índios,
os rios, os bichos,
nhoesembé, ita, una, uô,
não tinham nomes brancos,
era mais o azul do céu e o verde da mata.
Era profundo o silêncio da orquestra dos bichos...


Assim como Ubatã (veja aqui) aparece na mídia com seu Jequitibá raro (veja vídeo), Camacan também poderia estar vendendo essa ideia, ao invés de ser notícia em mais de vinte sites como a cidade que cortou uma árvore de 500 anos.



Prefeitura derruba jequitibá de 500 anos
O adeus ao Jequitibá-rei
Camacan: Prefeitura derruba´árvore de 500 anos. - Jacobina News
Ignorância: Prefeitura de Camacan corta jequitibá de 500 anos
O adeus ao Jequitibá-rei
Camacan: Árvore de 500 anos é cortada
Prefeitura derruba árvore de 500 anos - Pimenta na Muqueca
Prefeitura derruba jequitibá de 500 anos - Itacaré Urgente
O adeus ao Jequitibá-rei
Camacan: Prefeitura derruba árvore de 500 anos. - Política Livre
O adeus ao Jequitibá-rei - Rede Brasil de Notícias

quinta-feira, maio 26, 2011

Código Florestal: A Anistia Golpista

O relatório de Aldo Rebelo aprovado pelo Congresso Nacional quer anistiar todos os que desmataram as Áreas de Preservação Permanente até o ano de 2008, também aqueles pequenos produtores de até 04 módulos rurais que desmataram suas Reservas Legais.

Isto derruba a legislação, desfigura o IBAMA, queima as resoluções do conselho Nacional de Meio Ambiente e afoga a Lei de Crimes Ambientais.

Isto significa dizer que o Congresso determinou ao IBAMA e à Polícia Federal para anular todos os seus processos contra crimes ambientais, inclusive os cometidos por 12 deputados e 03 senadores, livrando-os de milhões em multas.

Todos os que desafiaram a lei estão livres. Poderiam ser outros investigados da polícia federal como traficantes de drogas ou os corruptos, mas dessa vez, são os que desrespeitaram o código florestal e a Lei de Crimes Ambientais.

O relatório premia quem desmatou, punindo quem respeitou a lei e protegeu a floresta e os rios. Quem desmatou, mesmo que tenha plantado pasto, não precisa pagar multa e nem recuperar suas áreas, por esse relatório, o conceito de área de preservação PERMANENETE está morto.

Quem desmatou tem sua terra mais valorizada, pois assim é o entendimento do governo quando faz desapropriações, por exemplo, quando calcula como de menor valor em desapropriações, as terras florestadas em detrimento das terras “beneficiadas” - um velho equívoco.

Essa anistia especulativa vai gerar novos desmatamentos, porque muitos produtores vão querer seguir os anistiados e aumentar seus cultivos em áreas de preservação permanente, uma situação de difícil controle, principalmente, pela ineficiência da fiscalização ambiental em todos os estados.

É evidente que trata-se de uma materia que será rejeitada, ou no Senado ou pelo veto presidencial, pois isto representa retrocesso na agenda ambiental e desmoralização para os brasileiros.

terça-feira, maio 24, 2011

Abdias do Nascimento 1914-2011




Missão cumprida para o Brasil do Futuro ! Vai em paz !

Discurso proferido por Abdias do Nascimento no Senado em comemoração ao dia Internacional pela Eliminação da Descriminação Racial - 1997



" (...) Hoje subo esta tribuna para dar continuidade a esta luta em defesa dos direitos dos afro-brasileiros, vitimados de forma cruel e inquestionável pelo racismo, fonte maior das desigualdades neste país. Solto esta minha voz rouca para manter vivo e em estado de alerta o espírito de justiça desta Casa diante de um dos problemas mais graves a ameaçar hoje a construção de uma verdadeira democracia em nosso país: a exclusão, do rol da cidadania, de uma maioria da nossa população. O que nos trás aqui neste dia é o aniversário do massacre de Shaperville, ocorrido há anos na África do Sul: tragédia tão hedionda que se transformou em símbolo da luta contra a opressão racial. Naquele dia foram mortas 69 pessoas e feridas centenas de outras que protestavam pacificamente contra a infame Lei do Passe, pela qual os africanos eram impedidos de circular livremente em sua própria terra.



(...) Conclamo todos os verdadeiros democratas a assumir, neste 21 de Março, o desafio de fazer valer os princípios constitucionais de justiça e cidadania, indispensáveis para que o Brasil, maior país negro fora da África e maior beneficiário da riqueza humana da Diáspora forçada do povo desse continente, rompa o terceiro milênio tendo ao menos encaminhado a solução de sua questão.


BIOGRAFIA RESUMIDA DO SITE OFICIAL: ABDIAS DO NASCIMENTO

As raízes africanas mergulham em terra brasileira, e brota no interior de São Paulo e Minas a vida do menino Abdias. Nascido em Franca, capital dos calçados, conheceu descalço a vida rural e urbana daquele tempo ainda perto da escravatura. Trabalhava na cidade e brincava nas fazendas onde sua mãe prestava serviços, às vezes como ama-de-leite. Desse tempo ficam as lembranças e os anseios de liberdade expressos no vôo de pássaros e borboletas.

Como adulto, os múltiplos talentos e formas de expressão de Abdias Nascimento voltam-se todos para o avanço da causa anti-racista.

Na dramaturgia, poesia e pintura, no engajamento na luta internacional pan-africanista e na atuação como deputado federal, senador e secretário de estado, desenvolve aspectos dessa luta, a que dedicou plenamente uma vida de 90 anos.

Código Florestal: Excelente oportunidade de conhecer os nossos deputados federais.


A discussão do código florestal vem comprovar que o meio ambiente deixou de ser uma questão de um só partido, ou de parte da sociedade, para se colocar em sua real dimensão, também social, econômica, da discussão do modelo de desenvolvimento, da tecnologia, do direito e da ética.

Tornou-se essa discussão, uma oportunidade única de conhecer os nossos deputados federais, suas ideologias, seus argumentos e interesses. Não é possível que os brasileiros continuem a votar pelo movimento da maré, sem consciência do que pensam realmente seus candidatos, da mesma forma, como podemos analisar e aprovar algo sem ler? Como podemos opiniar sobre as leis, os estudos e os projetos, se não compreendermos esses doucumentos, e o que está realmente em jogo?


Conhecer os documentos é o primeiro passo para que possamos exercer a nossa cidadania de forma consciente. Essa votação tem mostrado a personalidade não apenas de cada partido, mas de forma muito especial, tem transparecido a personalidade de cada parlamentar que hoje nos representa no Congresso Nacional.


É a discussão da vida! De um lado, a maioria dos parlamentares do PMDB, o DEM e PSDB pedem, por fim, anistia para quem desmatou, descompromisso com a recuperação ambiental, e flexibilização geral para as áreas de preservação permanente; do outro, o PV e o PSOL não abrem mão do código como ele é, e o PT, através da maioria dos deputados, e com uma ação extremamente responsável da Presidente Dilma, tem ficado do lado do bom senso, a favor de flexibilizar para a agricultura familiar, sem abandonar a defesa da floresta.


Todos os ministros de meio ambiente que o Brasil já teve, e ainda estão vivos, pediram à presidenta Dilma para tomar cuidado esse tema, e, se o código vai ser votado hoje ou não, ninguém sabe ainda, já que, agora ao meio dia, é o único tema na pauta e com quórum suficiente.


A TV está ligada, os cientistas e os estudantes estão atentos, os funcionários do IBAMA e os membros do Conselho Nacional do Meio Ambiente estão de olho, a sociedade brasileira escuta e o mundo aguarda o resultado, e podemos ter certeza que o país não vai perder essa oportunidade de reafirmar seus valores e compromissos com o meio ambiente.


A pressa não é mais estratégia para votar no escuro, mergulhar em águas turvas, não dá mais para tratar meio ambiente como uma questão que se limita a um grupo de idiotas, ou um grupo vendido aos interesses internacionais, ou antipatrióticos, não é mais assim, agora o meio ambiente tem mais voz , e o Brasil, aprofundado esse complexo debate só tem que encontrar o melhor caminho para seguir.


sábado, maio 21, 2011

Desenvolvimento sem Educação?

Nossos índices de educação declaram que o Brasil que caminha para ser rico, economicamente falando, poderá continuar a ser um pais atrasado. Há quem diga que seremos a primeira potência semiletrada do planeta.

Em milhares e milhares de pequenas cidades americanas. de leste a oeste dos Estados Unidos, a educação é um trampolim de oportunidades de desenvolvimento pessoal. O professor tem a importância de um médico, e toda escola tem ótimas instalações, laboratórios, quadras, teatro, etc. O período é integral das 9:00 às 16 horas e a alimentação é de qualidade.

A música é íntima da escola, onde se pode escolher qualquer instrumento, piano, saxofone ou uma bateria, além do coral que é obrigatório. Uma variedade de modalidades esportivas com instalações adequadas também está disponível para os alunos, pode ser vôlei, basquete, futebol, corridas, natação, ou várias outras.


Além da música, se pode ecolher aulas de pintura, escultura, cerâmica, artesanato, e a escola têm todos os equipamentos e materiais necessários. Se pintura for a escolha, estão disponíveis as telas, as tintas, se a escolha for a cerâmica, os fornos vão estar lá. Também tem teatro, e em todas elas existe um grande auditório.Não faltam os laboratórios de química e biologia, dentre outros, e a escola é uma porta aberta para o inicio da pratica cientifica.

Ciência, arte, cultura e esporte se encontram no centro da comunidade, a escola, em festejados encontros escolares que atraem a família americana. Como se ainda faltasse alguma coisa de estrutura, existem os livros anuais das classes, repleto de fotos em impressão colorida de qualidade sob papel couché e capa dura.



AMANDA GURGEL: A VERDADE NUA E CRUA COM 730 MIL ACESSOS NO YOUTUBE EM APENAS 30 DIAS.

Por aqui, Leonel Brizola e Darcy Ribeiro lutaram por uma escola melhor, de turno integral e mais acessível, e nós não temos outro caminho, se queremos um país para todos, se não queremos dois países, rico e pobre, duas verdades, do Trem Bala e outra da miséria, e se queremos vencer a violência em todas as suas dimensões.

Um Brasil que avançou pouco no sul e sudeste, mas que esqueceu o seu norte e nordeste, onde todos os dados são piores. O nordeste esta 10 anos atrás do sudeste no ensino médio, e, segundo o IBGE/2009, a proporção de jovens de 15 a 17 anos que frequentavam a série adequada para sua idade era inferior à registrada no sudeste dez anos antes. Para cada vinte mestres e doutores formados no sudeste, o nordeste forma apenas um, e até 1999, 13 estados nunca haviam formado um doutor.

Um cenário regional que revela forte concentração nos estados mais ricos: em 2009, 79% dos pesquisadores brasileiros saíram das universidades do Distrito Federal, do Sul e do Sudeste, 15% das instituições do Nordeste e 6% das regiões Norte e Centro-Oeste; a mesma relação há dez anos apresentava distorção maior: 88%, 9% e 3%, respectivamente.

No País, 8,9% do contingente de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade não estavam frequentando escola em 2004. Esse indicador variou de 6,7%, na Região Sudeste, a 12,9%, na Norte. A taxa de analfabetismo das pessoas de 10 anos ou mais de idade situou-se em 10,5% e a das pessoas de 15 anos ou mais de idade, em 11,4%. O Brasil tem 14 milhões de analfabetos e o analfabetismo funcional (pessoas com menos de 4 anos de estudo) ainda representa 36,9 milhões de brasileiros.
Apesar das reduções, o Brasil tem um dos maiores índices percentuais de analfabetos da América Latina, e aparece atrás de países mais pobres e de economia mais frágil como Barbados, Belize, Paraguai, Trinidad e Tobago. Segundo o IBGE, o analfabetismo no Brasil está concentrado nas camadas mais pobres, nos mais idosos, entre aqueles de cor parda e negra e nas localidades menos desenvolvidas.

Enquanto tudo isso acontece, o Ministério da Educação se ocupa de gastar dinheiro com vídeos e cartilhas que desagradam e geram polêmicas desnecessárias. Uma delas, anti-homofóbica, e a outra, anti-preoconceito gramatical, ao invés de aprofundar o debate da ética, do respeito, do direito e da cidadania.

terça-feira, maio 17, 2011

Com a Palavra: Rui Rocha





Diante do posicionamento contrário ao projeto Porto Sul, a imprensa regional insiste em atacar pessoalmente o professor Rui Rocha, mas é preciso compreender que ele tem o mesmo direito de todos os brasileiros, de falar e de se posicionar. Os ataques ao professor demonstram fraqueza dos que pensam diferente dele, e é extremamente necessário para o diálogo que alguém pense outra coisa, mas não se pode perder a razão por causa das diferenças.

Na jovem democracia brasileira ainda existem muitos que não perceberam que não é possível ganhar nenhuma causa sem o debate, o argumento e a razão. No debate do desenvolvimento do Brasil, temos visto os setores mais conservadores da sociedade tentando calar seus opositores e garantir que seus interesses sejam atendidos pela força.

Isso não é mais possível no Brasil, e quem foge do debate, e não tem condições de enfrenta-lo pode ver seus pleitos ignorados. Mas tem sido assim, como uma luta do bem contra o mal onde se quer derrotar o inimigo nos debates da Hidroelétrica de Belo Monte, das mudanças no Código Florestal e do projeto Complexo Porto Sul no litoral de Ilhéus.

Somam-se nacionalmente, e regionalmente, discursos desesperados contra os ambientalistas, que passaram a ser chamados de antinacionalistas e defensores dos interesses dos países ricos, e daí para pior, todo dia alguém se engana em reduzir o movimento ambientalista a um grupo de “ambientalóides”, “maconheiros”, e só não usam mais a expressão “ecologia é coisa de viado” porque dá problema.

Desde o anuncio do Complexo Porto Sul, temos afirmado que o projeto é polêmico, mas muitos não entenderam isso, e acharam que era possível aprova-lo num toque de caixa, sem discursão. A nova realidade brasileira está mostrando que não é bem assim, e os próprios defensores do projeto já perceberam que é preciso se mobilizar e dialogar para convencer a sociedade que estão no caminho certo.

O fato é que ninguém vai ganhar no grito, e não adianta querer calar ninguém, seja de que opinião for, seja de que lado estiver. Se existem dúvidas é preciso que se argumente exaustivamente, e sentar-se à mesa com opositores é mesmo uma tarefa dura, mas é assim que tem que ser na democracia.

Temos defendido uma posição diferenciada do professor, tentando buscar uma nova alternativa de planejamento das obras de infraestrutura no sul da Bahia, mediante uma nova visão, macrorregional, que permita a realocação dos empreendimentos, melhor compatibilizando-os com a Mata Atlântica e a vocação turística de Ilhéus. Mas, mesmo discordando em alguns pontos, tenho refletido suas posições, e me sinto confortável para dizer que Rui Rocha tem feito um excelente trabalho de defesa ambiental e valorização do sul da Bahia.

O movimento ambientalista, mais acostumado a investigar, discutir e negociar tem dado uma lição nesses processos, demonstrando que não se limita mais a um grupo de ONG´s, e que representa hoje, uma grande parcela da sociedade brasileira que reúne muitas organizações civis, universidades, sociedades científicas, empresários, políticos e uma parcela significativa do eleitorado brasileiro que deu vinte milhões de votos a Marina Silva.

Podem até achar que isso é uma briga, mas eu acredito que estamos nos preparando é para a grande festa da democracia brasileira, que começa a amadurecer a partir do momento que reconhece que o destino do país precisa ser discutido com todos os brasileiros, e também com o mundo cada vez mais sem fronteiras, pois hoje, todos os países precisam justificar suas posições e decisões.



segunda-feira, maio 16, 2011

Transparência Pública


Nós já comentamos nesse blog o problema de cronograma em obras na cidade de Ilhéus, onde algumas intervenções urbanas enfretam seguidas paralizações e demoram muito para serem concluídas, prejudicando o dia a dia dos cidadãos.


Na primeira oportunidade, abordamos a reforma da Ponte Ilhéus-Pontal em A Reforma Intolerante, uma obra que se arrastou por quase um ano, e que veio ser concluída na alta estação, imobilizando a cidade.

Relutamos em voltar ao mesmo assunto, mas não dá para deixar de buscar respostas diante de uma obra que perdura por 14 meses, e que vem causando transtornos, visto que nenhuma satisfação vem sem dada a população sobre os motivos das paralizações e das dificuldades na conclusão desse serviço.

Trata-se do redimensionamento do sistema de drenagem das águas pluviais para evitar os alagamentos nos quarteirões entre o estádio Mario Pessoa e Avenida Soares Lopes, que tem colacado em risco as pessoas, e depois de um longo período em obras, ainda encontra-se inacabada, mantendo uma série de buracos abertos na rua.

Em menos de um mês quatro carros caíram nesses buracos, três deles nos buracos maiores e um taxi em um buraco menor. Acompanhamos os fatos, onde dois dos carros tombados tiveram que ser retirados com guinchos, mas apesar dos prejuízos, felizmente, ninguém se feriu ainda.

No último episódio, num jesto de atitude, agentes da Secretária de Segurança Pública, Transporte e Trânsito de Ilhéus - SETRANS emitiram uma nota para empresa responsável, solicitando sinalização com urgência, tendo em vista que os buracos estão no nível do solo, e dificilmente são avistados nos retrovisores dos veículos.
Mas no dia seguinte, quando acabei de escrever essa reportagem, o quinto carro caiu nos buracos. E o pior é que rua tem problemas de iluminação, e a lâmpada acende e apaga de cinco em cinco minutos. Tememos que alguma pessoa possa cair e se ferir com maior gravidade por causa desses buracos, e é por isso que apelamos para que eles sejam imediatamente sinalizados.



Também é preciso destacar que precisamos melhorar a comunicação do município com a população, fazendo jus a tal transparência pública, para que a população compreenda o que está acontecendo, ou então, que o Ministério Público dê atenção à materia, cobrando as explicações necessárias e protegendo a integridade dos cidadãos.


NOTA: Como todo problema só tem um fim quando é resolvido, hoje, 23 de maio, às 18:10 hs, mais um, o sétimo carro caiu no buraco. mais prejuízo para os cidadãos, e quem está gostando são as empresas de guincho. A novela continua até que uma atitude seja tomada.


quinta-feira, maio 05, 2011

Código Florestal no Sul da Bahia

A ciência e a política precisam caminhar de mãos dadas para construirmos um futuro melhor para o Brasil. Não é o que está acontecendo na precipitada votação de mudanças no Código Florestal Brasileiro. O polêmico relatório de Aldo Rebelo tem sido criticado, e apelos tem sido feitos em todas as instâncias da sociedade para que ele possa ser mais bem discutido e avaliado.

O relatório olha a agricultura e se esquece do meio ambiente e da biodiversidade. Quer isentar os pequenos proprietários do dever de proteger os ecossistemas, abençoar os que cometeram crime ambiental e perdoar a recomposição das áreas desmatadas. Também quer respaldar juridicamente todos os cultivos que estão consolidados em áreas de preservação permanente como o café, o arroz, a uva, e também o cacau.


Tempo para o aprofundamento é o que pede a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, lideranças do Partido Verde e do PSOL, e mudanças no texto são defendidas por políticos de todos os partidos, inclusive do PT e da base governista. A pressa é sintomática de um processo que ainda está obscuro, que deixa brechas enormes para a degradação e que afasta, equivocadamente, o desenvolvimento agrícola da proteção ambiental.

O que fica claro nesse embate, assim como nas discussões de Belo Monte, do Complexo Porto Sul e das Usinas Nucleares, é o renascimento de uma oposição, um novo discurso e um projeto alternativo de desenvolvimento. Uma oposição que não se pretende apenas partidária, mas, sobretudo ideológica.

Enquanto o Brasil chora as consequências das chuvas, também causado pela subtração florestal e ocupação de áreas de risco, deveriamos estar desengatilhando um grande plano de recuperação das bacias hidrográficas e áreas degradadas. Ao invés disto, na contra-mão das prioridades, insistimos na radicalização, e perdemos a oportunidade de sensibiliar a sociedade brasileira para a educação ambiental.

Remendos têm sido feitos para melhorar um texto que apresenta muitos problemas. O mais recente deles, o conceito de que a produção de alimentos é de interesse público, que pode ser traduzido como um atestado de que o meio ambiente está em segundo plano, ou seja, se for para produzir alimentos, pode desmatar.


______________________________O CASO DO CACAU

O estudo de caso do cacau é muito didático para entender alguns pontos polêmicos do relatório do deputado Aldo Rebelo, já que o cacau está consolidado em áreas de preservação permanente, margens dos rios e encostas com declividade superior a 45 graus.

Ouvimos, reiteradamente, nos mais diversos fóruns e reuniões envolvendo os agricultores do sul da Bahia, o apelo para que as matas ciliares possam ser utilizadas de forma produtiva através de sistemas agroflorestais. O relatório de Aldo Rebelo concorda com isso, determinando que todas as culturas já consolidadas em áreas de preservação permanente passem a ter respaldo jurídico.

É pragmático afirmar que não podemos retaliar, e exigir que proprietários nessa situação em vários estados, produtores de café, de arroz, de uva ou de cacau, abandonem seus cultivos para recuperar florestas. Mas também não podemos incentivar essa prática, tornando-se necessário desestimular sua ampliação, e coordenar, atendendo as peculiaridades de cada estado, uma série de condicionantes para minimizar os impactos, bem como um plano de médio e longo prazo para adequação ao código nacional.

Sabemos que a maioria dos morros e serras do sul da Bahia são fazendas de cacau, como também os principais rios estão margeados por sistemas agroflorestais. Com a aprovação do relatório proposto, todas essas áreas estariam consolidadas como área agrícola. Sendo assim, nada impediria o agricultor de não favorecer a conservação dos sistemas agroflorestais, e adotar os preceitos técnicos de que a produtividade do cacau está intrinsicamente relacionada com aumento da exposição ao sol e irrigação.

Ao invés de mudar o código de forma genérica, reduzindo sua eficácia na proteção da biodiversidade, clima, solos, ciclo hídrico e bacias hidrográficas, os conflitos existentes deveriam ser estudados caso a caso, buscando um pragmatismo de conceitos não excludentes, que aproxime cada vez mais o agricultor da proteção ambiental, fatores inerentes da sustentabilidade no campo.

terça-feira, maio 03, 2011

A TV na Terra, no Céu e no Inferno



DO CÉU pela TV, um ser fez a diferença para o mundo como o Papa mais carismático dos últimos séculos, recuperando a face mais humana da Igreja. João Paulo II, homem vindo do frio com um coração tropical aquecido, se identificando com a diversidade dos povos, aproximando as religiões, atraindo os jovens para Cristo, usou os meios de comunicação para melhorar a humanidade.

O Brasil, onde, humildemente, beijou o solo quatro vezes, ele amou, foi amado e carinhosamente, foi chamado de João de Deus. Agora, no caminho do reconhecimento de sua santidade, tem a aclamação imediata do povo do mundo como Santo Súbito.




WebIslam
DO INFERNO pela TV, um homem personifica o mal e tem a sua morte comemorada em ruas dos Estados Unidos como um troféu, numa análoga propaganda de justiça medieval do “olho por olho e dente por dente”.

A morte de Osama Bin Laden roubou a cena nos noticiários, conseguindo abafar a beatificação de João Paulo II, o casamento do Príncipe Willian e a vitória do Flamengo no Campeonato Carioca de futebol. Nenhum espanto para um homem que usou a televisão e a internet com extrema eficiência para aterrorizar o mundo.

Ainda que sejamos, também americanos, essa briga não é nossa e os brasileiros têm um sentimento diferente sobre esses acontecimentos, reforçado pela nossa posição oficial de que ele deveria ser capturado e julgado numa corte internacional.



ENQUANTO ISSO, da Inglaterra para o mundo pela televisão, 2 bilhões de pessoas, quase 1/3 da população mundial, podem ter assistido o casamento do Príncipe William, enquanto nos perguntamos sobre o que é sonho, ilusão e realidade.

O fato é que uma união consagrada, o amor de Romeu e Julieta, o amor de um príncipe e uma princesa está no nosso imaginário arquetipicamente, e basta que tenhamos a oportunidade de imaginá-lo que isto alcança uma simbologia que vai além de qualquer noção de pátria ou religião.

Não fosse o imaginário, nada teria haver com nós brasileiros, já que não somos monarquistas e somos Católicos, religião historicamente perseguida na Inglaterra. Por lá, um católico não pode ser Primeiro Ministro, e jamais poderia receber a coroa da realeza, pois a Rainha representa a Igreja Anglicana, que é anti-papista.