quinta-feira, maio 30, 2013

Qual É o Maior Jequitibá da Cabruca no Sul da Bahia?




Confiando na soberania de nossa mata, pode até ser que não encontremos o rei dos reis da mata, que talvez durma silencioso onde nunca fomos ou iremos, ou talvez não mais exista, e seja ele, o velho Jequitibá Rei de José Delmo da Serra do Jequitibá do Marcelo Ganem, que tombou aos olhos dos homens.

O fato é que com o programa do Instituto Cabruca (AQUI) "Árvores da Cabruca" o maior Jequitibá vai ser premiado com 20 mil reais. Vamos com isso conhecer mais a distribuição dessa árvore que reina no sul da Bahia. Ele é o grande símbolo da Mata Atlântica, e essa história de qual é o mais velho e o maior é uma boa e estigante polêmica.

Tem os do sudeste, o do Parque Nacional do Vassununga, em São Paulo, e o de Cachoeiras de Macacu no Estado do Rio que eu filmei para um de meus primeiros vídeos; e tem o de Minas Gerais (Divisa Nova, por exemplo) e outros em nossa sofrida Mata Atlântica. São Jequitibás com idades centenárias  que dizem alcançar mais de mil anos, e que aqui na Cabruca encontramos o seu verdadeiro reinado milenar. 

Nesse reinado temos muito o que ver. Tem o da novela Renascer, ali no caminho de Itajuípe, o da RPPN do Teimoso em Jussari com uma plataforma construída pelo saudoso Henrique Berbert de Castro, também amante do Jequitibá Rei, o de Ubatã,  o da fazenda de Fernando Augusto Vieira (Guga) que ele afirma ser o maior que ele já viu, o meu do Banco da Vitória, aquele derrubado pelo prefeito de Camacan, e tantos outros que queremos reconhecer.

Nenhum outro lugar tem tanta cultura associada a essa árvore, a de vida mais longínqua dessa nossa floresta, e que ninguém replanta. Aqui, o Jequitibá é Rei e artista de novela das oito da TV Globo, Renascer. Mas o que interessa e está na essência desse concurso é que precisamos conhecer a biodiversidade recorde de árvores da Mata Atlântica do sul da Bahia, e começarmos a replantar árvores como o Jequitibá, transformando a Cabruca em um museu vivo permanente de nossa riqueza natural.

LEIA MAIS SOBRE ESSA INICIATIVA DO INSTIUTO CABRUCA NO BLOG DO THAME

Em busca do grande Jequitibá Rei (Leia a íntegra)
O “Programa Árvores da Cabruca” lança na quarta-feira (29), o concurso “Maiores Árvores da Região Sul da Bahia”, que busca a maior espécie da árvore Jequitibá. Para participar do concurso, o interessado precisa se inscrever a partir da quinta-feira (30) até o fim de outubro, dia 31, na sede do Instituto Cabruca, em Ilhéus.

Matéria  veiculada  no programa Globo Rural mostrou o trabalho realizado pela Ceplac e pelo Instituto Cabruca para a preservação do Jequitibá, árvore-símbolo da região cacaueira.

O jequitibá é uma das espécies mais tradicionais da região cacaueira, considerado um verdadeiro tesouro entre os produtores. Tradicionalmente a árvore é encontra em meio ao cultivo do cacau, que na região sul da Bahia é plantado no sistema cabruca, em meio a Mata Atlântica, que visa produzir e preservar o ambiente.

REPERCUTA  O INTERESSE PELAS ÁRVORES!

QUEM É ELA?



Ocorrência geográfica: Nativo do Brasil (Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo).

Grande ameaça:  Populações ocorrem frequentemente em terra fértil e perda de habitat considerável causou declínio nas espécies.

Reino: Plantae
Filo: Tracheophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Ericales
Família: Lecythidaceae
Género: Cariniana
Espécie: C. legalis
Nome binomial: Cariniana legalis
Autoridade Científica: (Martius) Kuntze 1898.
Sinónimos: Cariniana brasiliensis Casar. Couratari legalis Mart. 1837
Descrição: Com seus troncos de grandes dimensões, tanto em comprimento como em perímetro, essa árvore pode viver mais de mil anos é um dos símbolos da região cacaueira da Bahia.



O JEQUITIBÁ EM ALGUNS 
DOS PRINCIPAIS ÍNDICES BOTÂNICOS:

Árvores do Brasil
Google Imagens
The Plant List
The New York Botanical Garden
Key Royal Botanic Gardens
Global Biodiversit Information Facility

segunda-feira, maio 27, 2013

Nosso Dia da Mata Atlântica - 27 de Maio



Foto vista da Fazenda da Extraordinaria Almada. 
Seu significado expresso é Vida. A Interação com ESSA Floresta Que esta no quintal de Quase 2/3 dos Brasileiros E Para Que fundamentalmente solos férteis e tenhamos Mais estáveis, Rios Vivos e com menor de impacto inundações, clima e Sistemas hídricos milho equilibrados e Água Disponível Para o consumo humano.

O Nós precisamos ensinar AOS that Esse é Brasileiro país foi construido no Território, Onde os antes reinava a Mata Atlântica, e SEUS Povos Diversos. Tudo O Que somos Hoje, produzimos e conquistamos Ao Longo dos Séculos foi Explorando OS SEUS Recursos Dessa Floresta à exaustão. 


ASSIM foi com o pau-brasil, uma Cana-de-Açúcar, o café, com sistema operacional Dormentes o Ferrovias, o carvão da INDUSTRIAS, na Construção do Grandes Cidades e dos principais polos Industriais fazer país, e Até Hoje NÃO conseguimos zerar o desmatamento ,




Tanta Exploração fez Dessa Floresta, Uma das Dez Florestas Ameaçadas de milho do Planeta, sofrendo intensa fragmentação e-SE Cada Vez Mais Tornando Vazia de animais. MESMO ASSIM, impressiona that that Uma Floresta foi reduzida drasticamente a Menos de 10% de SUA Extensão original, continuar possuindo a MAIORES Uma biodiversidades de todo o Planeta Para Ser Salva desde extinção.

Nesse dia, vamos Deixa de Lado como incoerências Nossas com a Conservação Dessa Mata Que É Considerada Patrimonio Nacional Pela declarado Constituição Federal de 1988 e Reserva da Biosfera Uma Reconhecida Pela UNESCO, OU SEJA a Patrimonio de valor inestimável para à Humanidade. Entao vamos homenagear algumas das lideranças that in SUAS Vidas, dedicam especial para uma causa Olhar Dessa Nossa Floresta Tão especial.

Entao Salve Salve Quem ESTÁ lutando sim lutou e AINDA POR ESSA vai Lutar CAUSA NOBRE, SEJA Conservando, replantando, pesquisando, planejando e Sobretudo, usufruindo, Amando e Ensinando um Valorizar ESSA Floresta.

UMA REUNIÃO ENTRE FICAIS DO MEIO AMBIENTE E COMUIDDE

Fiscalização Ambiental do Estado:
Ações Integradas com Uma Educação Ambiental e Comunicação.

 
Barbara Vasconcelos: Articulando
Conservação, cultura e Justiça social.
Max do Carmo: Missão de Vida
 nA RPPN Rio das Lontras. 

Thiago, colaborando com a Cabruca e a Biodiversidade asociada Ao Cacau.


Marcelo Ganem: A Voz EO Canto da Mata Atlântica
do Sul da Bahia, e Embaixador musical do Cacau. 
     
Ana Claudia Fandi: Pesquisando
A Conservação nenhuma Sul da Bahia.
Rones Flagordes apontando o caminho
de Restauração Florestal e da Silvicultura Tropical como alternativas. 
Instituto Floresta Viva: Varias Vitórias parágrafo a Proteção das riquezas
Instituto Floresta Viva: anaturais do sul da Bahia.
CONDEMA ATIVO E FUNDAMENTAL: ILHÉUS VEM Tentando.

Ronaldo Santana - Criador da Reserva Florestal
Mãe da Mata e Claudiana Figueredo, gerente regional de afazeres
SEBRAE, apostando na Economia Criativa.


Tiago Tombini fazer Mecenas da Vida e Marcelo Barreto,
 Gestor do Parque Estadual da Serra do Conduru. 
Instituto Nossa Senhora da Piedade: Intercâmbio com a África do Sul e Oportunidade de Vivencia na Mata Atlântica.
Encontro parágrafo OS discutir Impactos da Estrada Ilhéus
 - Em Itacaré 1998
José Delmo, o grande ator Abraça Dona Otília Nogueira, dos Liderança Grande do Sul da Bahia Povos Tradicionais.
Instituto de Pesquisas Ecológicas: Formando Mestres
desde Conservação nenhum sul da Bahia.
A Região TEM Recebido uma visita de Autoridades Absolutamente extraordinarias, e
A Maria Adélia Prado (Palestra na UESC) traduz Bem como Excelentes Oportunidade de Conhecimento that TEMOS Tido.
Comunidade Quilombola do Fojo: Faz parte de Nossas Vidas Conservar.
Índia Zabele, Falecida em 2012 - Símbolo
desde Conservação Ambiental com Justiça e SEM hipocrisias.
Marcos Luedy desde Abara:
Defendendo a Bacia do Almada
Professora Ana Paula: Iniciação Cientifica e Extensão
Paragrafo OS Jovens nenhuma Instituto Federal de Baiano Uruçuca.

Zé Henrique: Música E Teatro Dedicado
A Educação Ambiental (foto histórica!). 
Maria Luisa Heiner: Mil vezes a Nossa
 História Para Que ninguem se esqueça.  
Escola Dendê da Serra: Revolução Cultural em Serra Grande.




QUANDO FALAR da Mata Atlântica,
NÃO se esqueça de Mario Mantovani.

Marcelo Roncato: articulador
do Plano da Mata Atlântica
.
Willian Wait Thomas aproximou o Jardim Botânico de Nova Iorque
de Ilhéus. Na foto, co letando plantas NÃO Pé de Serra. 
Plano Municipal da Mata Atlântica de Ilhéus: 

FOI Participativo! PRECISA SE TORNAR LEI
E PARTE DOS CÓDIGOS URBANOS DE ILHÉUS. 



quarta-feira, maio 22, 2013

O que acontece quando você oferece a um brasileiro, uma boa família e uma boa educação?

Você descobre talentos incríveis, que os outros países reconhecem logo. Países como os Estados Unidos querem as nossas melhores cabeças . Olha aí, o compositor, músico e arranjador, doutor em musica, Gabriel Santiago, impecável com a sua banda, um vídeo clip de arrepiar e anúncios de shows que eu nem sei identificar o país. Conhecimento, estudo, criatividade e competência são valores universais. Direto da Sapetinga e do Instituto Nossa Senhora da Piedade em Ilhéus para o Texas, e o universo da  música. Curta Gabriel Santiago no vídeoclip "O Homem e o Cacau".





10 FLORESTAS MAIS AMEÇADAS DO PLANETA

A FLORESTA ATLÂNTICA DO BRASIL É UMA, AS OUTRAS VOCÊ CONFERE AQUI. PROCURE DEFENDER AQUELA QUE DESFRUTA DO TERRITÓRIO MEU E SEU, E NOS GUIA PARA A VIDA. AS FOTOS DE FÁBIO COPPOLA MOSTRAM QUE SOMOS ATORES IMPORTANTES PARA SALVAR ESSA FLORESTA. VIVA O DIA DA BIODIVERSIDADE!





segunda-feira, maio 20, 2013

O Porto Sul no Malhado

Ilhéus teve uma lição em sua história. Seu povo foi enganado pelo governo militar com o projeto de um porto que mudaria seu futuro: o Porto Internacional do Malhado. O porto deixou um grande passivo ambiental e hoje encontra sérios problemas para continuar operando. Para piorar, sua ampliação implicará em mais degradação à qualidade de vida nessa histórica cidade.

Quando soubemos da ideia do Porto Sul quatro anos atrás, logo percebemos que se tratava de algo inconcebível - escoar minério de ferro e atrair um polo industrial para dentro de uma Área de Proteção Ambiental, também Sítio histórico cultural, e marco de projetos pioneiros da conservação da Mata Atlântica e desenvolvimento sustentável.

Todos sabem que o local menos impactante para um novo porto seria a zona sul do município de Ilhéus, e isto foi atestado pela Casa Civil do Estado da Bahia no estudo de viabilidade de localização. No entanto, o governo sabe que não pode com a FUNAI e os antropólogos, e desistiu dessa localização por conta dos índios locais, apesar deles serem poucos e favoráveis ao porto.

Insistiram nos processos claramente falhos e contraditórios, e de planejamento inespecífico e cheio de irregularidades. Mas resta a crença nas conquistas da Constituição de 88 e em nossa legislação ambiental, fruto inequívoco da participação social.

Ainda programas de governo se guiem pelo tempo político, a vida real tem de respeitar os rituais burocráticos do próprio estado de direito. Manobrar uma sociedade que amplia seu repertório de universidades, cientistas, ambientalistas e cidadãos conscientes é cada vez mais difícil. O processo de refletir o planejamento territorial está posto à mesa de todos: Ministério público, Movimentos sociais e pareceristas do IBAMA. O que está mal planejado, e nos ameaça fica evidente para toda a sociedade. No caso Porto Sul, por exemplo, os Estudos de Impactos Ambientais apresentados foram duramente questionados, e reconhecidos como de baixa qualidade, trazendo muitas lacunas a serem preenchidas e diversas incoerências técnicas e contextualizações inadequadas, apesar de o documentos possuir milhares de páginas.

A ideia de Porto Sul a qualquer custo (autoritariamente) vai caindo por terra por conta pela presença de muita gente série dos mais diversos setores da sociedade, que realmente estão preocupadas com os impactos negativos dessa proposta de ocupação irregular, e sem começo, meio e fim. O tempo passando e a situação piorando é o que me diz o governo, fracionando cada vez mais os pedidos de licenciamento, e assim remando no sentido contrário de planejamento territorial integrado. Eu profetizei o obvio em muitos artigos desse blog: Que é uma roubada a BAMIN, e outros empreendedores entrarem nessa barca. Eu acredito que os problemas de ordem técnica, jurídica, ética e legal serão crescentes, e altamente inconvenientes para todos.

Ilhéus precisa repensar um novo Porto do Malhado e suas relações
urbanísticas com a cidade. Novos traçados de aterros, vias e viadutos devem
implicar em alterações drásticas na orla norte da cidade.
Se esse porto dos milagres fosse em outra cidade, eu entenderia. Mas Ilhéus, meu povo? Essa minha cidade partiu sua orla central e histórica ao meio para a implantação do Porto Internacional do Malhado, e hoje assisti a novela de sua decadência. Ele foi anunciado como as portas do futuro (não só para exportar cacau) pelo governo militar a metade, e foi construído pela metade. Hoje não tem acesso, deve um enorme passivo ambiental e social. Sofremos com esse porto, perdemos nossas casas no bairro de São Miguel. Aliás, nunca entendi alguém perder uma casa por causa de uma obra pública, e ficar por isso mesmo. Você entende? No São Miguel todo dia cai uma casa, enquanto se amplia o aterro do porto do malhado.

Chega! Chega consciência, que eu não aguento mais essa nuvem de dúvidas. Ah CODEBA, e esse monstruoso MIX Porto Internacional do Malhado falido e Porto de Minérios cheio da grana. Opa! Além do Porto Sul e sua desgraceira ambiental, agora está se consolidando a ideia de dois crimes com o aterro de 90.000 metros quadrados bancados pela BAMIN no Porto Internacional do Malhado.


Vai dar merda! É muito impacto sem condições nem planos, e nem capacidades técnicas de mitigação. Não há analista ambiental que licencie uma p. dessas. Nem me pergunte o vai ser do São Miguel e etc., e etc., porque não sei, e acredito que ninguém saiba. Quando vejo uma casa caindo no São Miguel, no São Domingos e ao longo de toda a costa norte até a Ponta da Tulha, eu penso que o governo me diz que não sabe de nada, que é o mar o culpado. Desse jeito é temoroso que daqui a 50 ou 100 anos, Ilhéus vire uma New Oleans sob as águas nervosas do mar. Melhor deixar quieto meu povo, nossa riqueza é outra!

Enquanto isso a ferrovia já está mudando de traçado: "Ah, vimos que a Bahia ia sair perdendo!? Pelo amor de Deus, chega de manobra, remendo, sei lá o que mais... Chega a ser deseducativo para os nossos filhos. CODEBA, vamos pensar uma solução de acesso para o nosso porto do malhado. Pepino grande. Precisamos buscar um arquiteto urbanista de primeira linha para encontrar uma solução de mobilidade para o acesso dese porto. O porto do malhado, pessimamente localizado, precisa se repensar, pois está no meio da cidade, fechando e fechado, atravancado e atravancando a mobilidade, e corrigi essa p. não vai ser fácil. Talvez um viaduto, sei lá, não sou arquiteto urbanista mas sei que tem que pensar, planejar, entender o que vamos perder (O Clube Social resiste ali?), e o que vamos ganhar em cada passo nesse processo. 

Precisamos trabalhar por soluções para nossos problemas e não arrumar mais problemas sem soluções. Esse é o campo das ideias, do planejamento, das políticas sólidas e da autonomia territorial de construir sua própria história à partir de seus próprios valores.

Exportar minério de ferro pela avenida Soares Lopes é só uma piada para chamar a atenção do governo de que o saco está cheio e o bolso vazio, ou seja, o sino de vender está tocando, e os compradores, donos da grana, não são nada pacientes. Pelo menos, dessa vez, a mídia local reagiu em peso contra a ideia irônica de enterrar a população debaixo do minério de ferro. Interessante nessa rejeição do minério no porto do malhado é que isto pressupõe que se tem medo dessa montanha de ferro, mas se essa p. for ali pro rio Almada na altura da Juerana (pertinho de Ilhéus), onde tem aquelas barrinhas de aguinha doce e gelada, e aquelas praias limpinhas, tudo vai ficar bem. Que doce ilusão!


Quanto a utilização do porto do malhado na construção do porto sul, esse é um dado que já estava no projeto, mas que não se sabe até onde vai essa associação entre os dois portos. A ideia de ampliar os aterros para mim é nova, mas com certeza vai requerer um processo de licenciamento específico, e nada simples, nem rápido. A soma dos impactos do Porto Sul no Malhado e dos dois Portos para Ilhéus é conta de maluco. Boa sorte IBAMA!

domingo, maio 19, 2013

COELBA erra, se corrige e protege matinha centenária.

por Paulo Paiva

Essa reportagem é um pequeno estudo de caso sobre a proteção de uma pequena floresta, seus significados, e a importância do licenciamento ambiental participativo.

A Fazenda Pirataquisse é uma das antigas fazendas de cacau de Ilhéus. A fazenda original está subdividida em várias  propriedades, mas o seu núcleo central ainda é administrado por herdeiros da terceira e quarta geração da família Paiva. A fazenda atravessou os ciclos econômicos regionais e a própria história do cacau, e tem   significado especial para a conservação de nosso patrimônio ecológico e histórico. Assim como as fazendas Almada e Primavera, a fazenda Pirataquisse agrega uma bagagem de estudos sobre a fauna e a flora da Mata Atlântica.
Torre mais alta foi construída por orientação do Instituto de Estudos Sócio-ambientais do Sul da Bahia - IESB,
 salvando uma floresta centenária na Fazenda Pirataquisse.
Eu também sou proprietário de parte da antiga Pirataquisse, e foi motivado pelo ideal da valorização dos bens culturais e ecológicos das fazendas de cacau, quando reuni alguns amigos, em 1998, e estabelecemos uma movimento, a Associação Pró-Vida Silvestre (APVS), uma ONG sem CNPJ que quer ajudar a salvar florestas, animais silvestres, plantar árvores e promover a sinalização ambiental nas fazendas.

Este esforço deriva da crença que só com a adesão dos fazendeiros do cacau poderemos garantir a proteção da biodiversidade nessa região. É o grande desafio dessa região, suportar e superar os golpes do mercado insensível de cacau, e encontrar formar de revalorizar nosso produto e o grande leque de valores ecológicos, históricos e culturais que ele encerra.

Conhecer melhor a vida silvestre em nossa terra (lugar) é uma missão de quem vive aqui. Esse esforço conjunto é para manter viva a história das fazendas de cacau que é a história de nossas vidas, famílias e antepassados.  A Fazenda Pirataquisse é mais um exemplo de entidade cultural que precisa ser resgatada, e interpretada. Ela se enquadra na paisagem ao sul do Parque Municipal da Boa Esperança, já no contexto do Sítio Histórico do Banco da Vitória - Rio do Engenho. 

Com a chegada de grandes obras sem maiores detalhamentos no planejamento, estamos preocupados que essas ações possam enterrar histórias, valores e potencialidades de lugares como Pirataquisse. É uma região onde se quer implantar a região metropolitana Ilhéus-Itabuna e se pretende construir a duplicação da Rodovia BA 415, e a chegada do gasoduto, torres de energia, torres de celulares já anunciam uma nova ordem de impactos, o que torna imprescindível que se pense, antes, um projeto de conservação para essa região.

Não podemos pensar em Região Metropolitana como sinônimo de destruição, e por isso precisamos de um antever um planejamento ambiental, que deverá incluir a criação de unidades de conservação de uso direto e indireto. Com essa finalidade, pé imprescindível para a conservação da cabruca e dos remanescentes florestais da paisagem centenária Ilhéus-Itabuna, ao longo da Rodovia Jorge Amado sejam declaradas como Área de Proteção Ambiental.

Pequena mancha verde na Fazenda Pirataquisse é testemunha da antiga floresta atlântica,
e possui registros de pesquisas científicas desde a década de 40. 
O título dessa reportagem poderia ser "A Invasão das Torres na Mata Atlântica do Sul da Bahia", mas eu quero destacar mesmo, é o trabalho de heróis da natureza, que nesse caso foram os  técnicos do Instituto de Estudos Sócio-ambientais do Sul da Bahia - IESB, que mantiveram pesquisas ecológicas na Fazenda Pirataquisse, monitorando uma população de mico-leões-da-cara-dourada, e através de um parecer técnico para a COELBA, evitou a destruição de uma pequena mancha de mata primária na propriedade ao construir torres mais altas no local.

Esse pequeno e bom exemplo nos diz alguma coisa. Creio que sinaliza, e alimenta um processo de racionalizar a ocupação, e valoriza a conservação no caminho do desenvolvimento.Veja a seguir, algumas reflexões tiradas da passagem das torres de alta tensão nessa área, durante o ano de 2011 - 2012 e 2013.

A reserva foi protegida pelos antigos proprietários para o fornecimento de água.
UM SUSTO, E UMA BOA NOTÍCIA.

Quando eu me dei conta, o motor-serra estava cantando,e já tinha pegado algumas árvores da matinha centenária. Em um primeiro momento, os operários, por um engano na leitura do relatório de campo, começaram a desmatar a área equivocadamente. Pus a mão na cabeça e fui procurar o responsável, e ele relatou o engano, e me afirmou que ali seria construída uma torre mais alta. Também me disse que em todo o trajeto, aquela era o segunda mata que encontrava, e que todo o restante eram cabrucas de cacau. 

Apesar do incidente, fiquei muito feliz com a notícia de que alguém faria alguma coisa por uma pequena floresta de  menos de cinco hectares. Uma coisa muito rara de se observar por aqui, onde muitos costumam dizer que as condicionantes ambientais servem para atrapalhar.

Área de servidão normal chegou a ser iniciada,  penalizando a rara e pequena
 mancha remanescente com o desmatamento. Por sorte, parou a tempo. 
O homem que suspendeu o corte, e salvou a mata centenária.
                                      
                                  Após corte acidental, a área aguardou a construção de uma torre especial
                          mais alta e com servidão menor para a instalação dos fios.

A CONSTRUÇÃO DA TORRE: PROMESSA CUMPRIDA

O empenho do IESB, e o consequente alocação de mais recursos para uma torre mais alta foi uma vitória, não apenas simbólica, mas uma vitória real na proteção da Mata Atlântica do sul da Bahia. Mais que uma floresta habitada pelo mico-leão-da-cara-dourada, essa matinha é uma testemunha, e representa o último remanescente de uma área, cuja fauna e flora vem sendo estudada desde a década de 30. Dados importantes da biologia da conservação podem ser perdidos com a extinção de uma floresta testemunho que já é monitorada há tanto tempo, impedindo que comparações sejam feitas. 
Uma torre mais alta significa mais recursos, e o empenho da empresa em seguir uma orientação
 de uma Organização Ecológica. Parabéns a COELBA.
                             
                                Sede da Fazenda Pirataquisse com a torre ao fundo: Ecologia, história e cultura.

                                      
        Torre pronta com mais altura: Matinha centenária protegida pela sensibilidade humana.

O IMPACTO AMBIENTAL PODE SER MINIMIZADO?

As torres de alta tensão chegam com mais uma área de servidão permanente de 20 metros ao longo de toda a cabruca e remanescentes florestais entre Itabuna e Ilhéus. Elas seguem no entorno do Parque Municipal da Boa Esperança em direção à zona norte do município de Ilhéus. A área é indenizada, e a orientação é que não se plante nada.

Trata-se de uma tecnologia impactante para a pequena Mata Atlântica, e sei que tem gente pensando em alternativas para minimizar essa invasão das torres, dos corredores vazios e topos de morro degradados. Mas enquanto a solução não vem, vamos a história da matinha, compreendendo através desse exemplo que os licenciamentos podem ser melhores, ou melhorados, se a sociedade civil monitora, e os atores sociais participam.

Corredores vazios: Impactos do desenvolvimento.

                                                
Redes de energia e florestas não casam bem, e vivem juntas. 

Paisagens que não estamos acostumados. Imaginem os bichos?

                           Corredores permanentes: Improdutivos sob todos os pontos de vista.

Obras acontecem em um estalar de dedos, a paisagem muda e o impacto fica.


O desenvolvimento acentua a necessidade do planejamento ambiental.

                                       
Árvores da cabruca, laterais às torres minimizam impacto visual.

PROJETOS E PLANEJAMENTO: ESQUECERAM DE ME AVISAR?

O projeto e os marcos referenciais para a expansão da rede de energia já existiam, mas porque os proprietários não foram avisados com antecedência sobre a previsão de sua realização? Eu agora sei, e pude sentir o resultado dessa falta de comunicação: As torres engoliram o meu experimento de silvicultura com nativas, após 12 anos de monitoramento.

                                                                   Tchau meus Vinháticos
T
.
Tchau meu Louros pardos

                                                   Torres: Ficarão aqui para sempre?

 
                                                Marcos são antigos. Se já sabiam da obra,
                                                deveriam avisar os proprietários das terras?

                                    AS PESQUISAS E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Quando chegaram na propriedade (depois da sede da Pirataquisse), fiz contato imediato de primeiro grau com os biólogos do monitoramento e resgate da fauna. Queria aproveitar a oportunidade, e conhecer mais "o meu lugar", já que, como diz a lei é de minha responsabilidade zelar. Procurei pela lista de bichos e a empresa informou que não poderia me dar, pelo menos, naquele momento. Só colhi fotos, e algumas informações através de conversas. 

Apesar das pesquisas da fauna terem acontecido, a articulação comunitária e a educação ambiental, como sempre, não foi prevista. Note-se que agora é lei que a Educação Ambiental ocorra em todos esses empreendimentos com licenciamento ambiental. Mas se não tem educação ambiental, somo nós, a comunidade, que vai ter que ir buscar a informação.


Informalmente, em conversas com os biólogos e trabalhadores de campo, pude confirmar a riqueza encontrada nessas terras entre o rio Cachoeira e o rio do Engenho. Estas informações deveriam ser um convite a conservação, e poderiam ajudar não apenas os cientistas, mas principalmente os agricultores, proprietários de terras e comunidade em geral a participar desse processo.
Informação levada embora é planta sem raiz.
REGENERAÇÃO: OPORTUNIDADE DE PESQUISA

Após o corte acidental de uma área o dobro do tamanho que seria necessário para a instalação dos fios, a área iniciou um rápido processo de regeneração florestal. Notei que seria possível aproveitar esse corte acidental para tenta repetir um experimento sobre o processo de regeneração de nossas florestas. Cientistas têm realizado testes similares, abrindo pequenas clareiras na mata virgem em busca de respostas sobre como se comporta os bichos e as plantas no repovoamento de áreas degradadas. 

Seria um excelente momento e oportunidade para coleta de dados. A área de 20 metros desmatada acidentalmente um ano atrás foi deixada para regeneração, e uma pequena faixa de 3 metros foi novamente cortada para a implantação da fiação. Dessa forma, temos duas parcelas expostas a condições ambientais distintas, ambas contíguas com a mancha virgem. Estamos buscando identificar, ao menos, as espécies de plantas e árvores que estão voltando, e possivelmente, possamos interferir em uma faixa com adição de espécies Climax favoráveis à população de mico-leão-da-cara-dourada que aí habita. 

                                        
                                      Parcela cortada acidentalmente reaparece com grande diversidade de espécies.

                                               Após alguns meses de regeneração a área já apresenta uma complexa biodiversidade.
                             

                                         Parcela em regeneração após corte acidental: Rara oportunidade de entender a dinâmica
                                              de restauração florestal em áreas degradadas contínuas com manchas primárias.
                                                 
                                                               Com o apoio de pesquisadores, queremos extrair
                                                                             informações dessa explosão de vida após o corte acidental.

          
                                      Para instalação da fiação, uma pequena faixa de 3 metros de largura foi novamente limpa,
conservando-se o processo de regeneração do resto da área aberta. 
                                              
                                                 A Reserva Centenária Pirataquisse é uma mancha florestal com histórico
                                                   de pesquisas botânicas, e portanto testemunha da antiga floresta atlântica.