segunda-feira, agosto 23, 2010

Movimento Arte Manha

O que acontece quando os artistas se reúnem e tornam-se "os comunitários"? Quando o seres criativos remexem o caldeirão das raízes e percebem que vale a pena acender as luzes, fazer o tambor, fazer barulho com as cores, se olhar no espelho e se admirar ?

Surgem grupos, movimentos vivos, pontos de cultura que pouco a pouco tentam resgatar os talentos, tradições de nosso maravilhoso património imaterial.

Na pequena cidade de Caravelas, no extremo sul da Bahia, temos assistido um trabalho que serve de exemplo para uma nova política cultural. Uma nova ordem marcada pela autenticidade, uma cultura que só se realiza com autonomia, resgatando o direito de se manifestar pelas próprias crenças, valores e senso político.

O Arte Manha apostou nisso em 25 anos de atividades que se confunde com militância pelo resgate e valorização das tradições afroindígenas. Tem mostrado que através da arte e da comunicação é possível se fazer visível, sem disfarces, e participar da construção uma política cultural democratizada, é possível produzir cultura, e reaparelhar uma industria cultural solidária e participativa.

Tudo começou com a inquietação e o talento de uma família de artistas natos: os irmãos Dó, Dedé, Jaco Galdino, Preto, Luciana, Cristiane Santana e Dadá. Desenho, música, dança, articulação do pensamento, resistência, política comunitária, produtos culturais, comunicação, assim foi se pautando o movimento da cultura como prioridade, o exercício da autonomia comunitária, e a valorização da ecologia e da cidadania.

Uma produção cultural apoiada na diversificação de atividades e no apuro técnico encontrou caminhos para a produção cultural, revelou talentos em diversas áreas, e, sobretudo, recriou a militância cultural no extremo sul da Bahia. E é assim que esse movimento de dentro para fora tem reforçado o novo paradigma cultural, o paradigma dos comunitários.

Em 2002, o Arte Manha foi reconhecido como Ponto de Cultura, e passo a passo vem abrindo caminho para sua produção cultural, articulando com o governo, realizando parcerias e buscando apoio para implantar sua própria industria cultural. Já possuem uma sede com diversas atividades regulares e estão construindo instalações para o Cine Clube Caravelas e uma industria comunitária de Ecodesigner.

É preciso destacar que os trabalhos do Arte Manha quebram o tabú de que o que é artesanal, rústico, feito pelos comunitários, não tem o mesmo nível técnico dos trabalhos dos profissionais formados nas academias tradicionais. Vemos que os comunitários estão redescobrindo o fazer bem feito, o fazer melhor, buscando qualidade e se valendo da técnica. Os comunitários não se fecham, aldeias e terreiros abrem as portas para o mundo, eles querem se apresentar, se comunicar, querem aprender e estão prontos para ensinar.

O mais importante é que essa arte está a serviço dela própria, da comunidade, dos marginalizados, dos esquecidos, dos mais pobres, dos menores, dos descendentes da escravidão, dos que foram historicamente excluídos. Uma arte humana, expressão, manifestção e vozes da reconstrução da identidade brasileira.



São muitos os trabalhos do grupo, seja no Grupo Umbandaum, nos estudos de antropologia cultural, nas atividades do Ateliê Astucia, no toque ecoartesanal das peças, no Jornal Timoneiro, nos filmes e documentários, nas exibições do Cine Clube Caravelas, ou nas encubadoras de industrias culturais como o Eco Designe.

Precisamos destacar que o movimento acertou em investir em comunicação, através do jornal O Timoneiro, uma experiência de comunicação coletiva, e através do produção de filmes. Segundo Jaco Galdino, o Arte Manha já foi muito marginalizado, mas hoje se consolidou como um espaço permanente de manisfestação da arte, cultura e comunicação popular.

O Arte Manha é um movimento nativo que deve ser respeitado, imitado e replicado, tranformando os inúmeros recantos dessa Bahia e país imensos, em seleiros de criação, revelação de talentos, e reafirmação da diversidade cultural na identidade brasileira.

Produção Cinematográfica e Cine Clube Caravelas

Jaco Galdino: A Revelação de um cineasta

Esta é uma história à parte. Jaco Galdino é uma revelação como diretor cinematográfico e impulsionador de novas experiencias com o documentário. Essa história começou com a doação de uma filmadora digital e uma ilha de edição por uma ONG Inglesa que incentiva a produção de vídeos de denúncia pelo mundo inteiro.


O resultado foi imediato logo no primeiro filme: Lia, Melhor Filme do Festival Visões Periféricas em São Paulo. Na sequencia "É Tudo Mentira" se tornou a referência de vídeo de denúncia. O documentário ganhou premios e se tornou, ele próprio, um símbolo da luta vitoriosa contra a implantação da carcinocultura no extremo sul.

Os documentários de Jaco e seus parceiros da Avenida Filmes tem qualidade reconhecida, tem rítmo, movimento, mescla de ficção, mas o fundamental é que a comunidade fala, se articula, se reconhece. É a imagem, a voz e a vez dos comunitários.

O novo documentário dessa turma, "Mokussui" mostra a vitória das Reservas Extrativistas no Extremo Sul, uma luta começada no "É Tudo Mentira". O filme foi selecionado para exibição oficial do Festival de Cinema de São Paulo 2010. Um documento histórico, altamente educativo, e certamente, candidato a um dos melhores sobre a temática da conservação ambiental.

E quem diria, o filme termina com uma inusitada e animada aula de educação ambiental sobre os manguezais do preidente Luis Inácio Lula da Silva. Excelente trabalho !

CONFIRA o Canal Youtube Avenidafilme

VEJA O QUE O ARTE MANHA REALIZA E APOIA:
O TIMONEIRO -
Jornal Comunitário, referência para as comunidades tradicionais do extremo sul da Bahia
FESTAS POPULARES

Pintura Alfabeto Indígena

Desenho Escultura Ecogrife Cenários

Construções Rústicas Música e Dança Beleza Negra

sábado, agosto 21, 2010

CIDADANIA , RESPONSABILIDADE, DIREITOS


É preciso resgatar o espírito de que nós todos, como um conjunto de pessoas, constituímos e somos o país.

Temos condições de ser o que decidimos ser. Depende de cada um de nós, em primeiro lugar. E de todos por decorrência...

“exercer cidadania implica- antes de mais nada- descobrir como nossos talentos podem contribuir para construir uma sociedade melhor” “cidadania representa generosamente no dar, no oferecer ao outro.

Representa quebrar círculos viciosos - “cada um esperando que o outro comece- que mantêm as pessoas isoladas e alienadas.” “exercer cidadania plena exige revisão de missões e objetividade de base como: porque precisa ser assim? Para que agimos?. Exige posicionamento honesto e profundo perante as questões dessa forma? O que estou fazendo para melhorar as coisas?”“cidadania implica influir no ambiente em que se vivem em vez se deixar levar por ele”

Qualquer pessoa pode ajudar a transformar a realidade. Não importa a posição social ou o nível de escolaridade, Ser um cidadão implica em fazer escolhas, se posicionar, agir, não apenas discutir e criticar.

O primeiro passo quem dá somos nóss mesmos, não dependemos de ninguém para começar a agir, entretanto necessitamos de nos unirmos para desenvolvermos projetos , que possam ter uma maior efetividade na comunidade , estado ou mesmo no pais.

Pessoas, entidade que realmente queiram mudar situações que estão acarretando desordens, conflitos violentos desrespeito a Vida e aos direitos humanos, direitos a uma qualidade de vida, e que, possam assegurar acessibilidade, a educação, segurança saneamento, saúde, moradia, e principalmente a dignidade humana, precisam se reunir se organizarem.

Temos que repudiar ações criminosas, indignas, como corrupção, desmandos e exploração. De toda sorte.

Estou a alguns meses em Itacaré, penso que a comunidade precisa se organizar no sentido de contribuirmos para elaborarmos estratégias sociopolíticas, que possam auxiliar tanto as gestões publicas como as privadas, para que possamos de fato sermos cidadãos que prezam cuidam e zelam aonde vivem, aonde trabalham , influindo , colaborando no sentido de promover mudanças que possam proporcionar o direito a exercermos de fato a nossa cidadania.

Estamos nos aproximando das próximas eleições, vemos na televisão o superior tribunal eleitoral alertando para a necessidade de votarmos conscientes, não barganharmos o nosso voto, elegermos o candidato que realmente entendemos e que acreditamos em seu programa de governo, acompanharmos o seu desempenho, se eleito for.
Cobrando e exigindo que ele possa cumprir com o seu compromisso de campanha, exigindo transparência, prestação de contas, dos projetos e das açoes que estarão sendo desenvolvidas na sua gestão sejam elas municipais, estaduais ou nacionais.
“queiramos ou não somos responsáveis pela realidade que criamos”, se não acordarmos e começarmos a agir a participar, e sermos de fato cidadãos, corrermos o risco de ficarmos lamentando, de braços cruzados, esperando que um milagre aconteça!!!

“um pais não muda pela sua economia, sua política, e nem mesmo pela sua ciência, muda sim pela cultura!”

Betinho
Sociólogo brasileiro

Sou brasileira com muito orgulho e muito amor!!

SUZEL SARACENI
EMPREENDEDORA SOCIO CULTURAL