sexta-feira, julho 23, 2010

A Mata Atlântica é Aqui no Sul da Bahia !!!


A Fundação SOS Mata Atlântica foi criada em 1986 com a missão de promover a conservação da diversidade biológica e cultural do Bioma Mata Atlântica e ecossistemas sob sua influência, estimulando ações para o desenvolvimento sustentável, a promoção da educação e o conhecimento sobre a Mata Atlântica, mobilizando, capacitando e estimulando o exercício da cidadania socioambiental.

Na trilha dos raríssimos remanescentes desse bioma, e percorrendo vários estados de norte a sul, o projeto educacional da SOS "A Mata Atlântica é Aqui" chega a Ilhéus. O caminhão adaptado está estacionado ao lado da Catedral de São Sebastião durante cinco dias com material didático, vídeos, rodas de conversa sobre a proteção dessa floresta extrordinária que bem conhecemos por aqui. (21 a 25 de julho)

Em 1986, surgiu a SOS Mata Atlântica com uma campanha "Estão tirando o verde da nossa terra". O que tinha de novo era a utilização da mídia e da comunicação para a promoção da educação ambiental e o fomento a mobilização social em defesa da mata atlântica.

Ela é uma das florestas mais ricas em biodiversidade, e também, umas das mais ameaçadas em todo o planeta, que não é tão pequeno assim.Mais de 2/3 da população brasileira vive sob o domínio desse bioma, e dependem de seus serviços ambientais, inclusive para beber água.

Após 510 anos de exploração de seus recursos e ocupação de seu espaço, sobrou quase nada dessa floresta. E a maior parte foi destruída por nada; retirou-se dela seus madeiros nobres, se queimou a maior parte de tudo o que sobrou, tranformamos a paisagem da costa brasileira em um cenário de degradação. Grande parte dessas áreas, sejam nas regiões serranas ou nas planícies costeiras, viraram desertos de capim. Essa paisagem é o retrato da falta de planejamento, que prejudica a todos nós, enquanto condenamos inúmeras espécies de plantas de bichos à extinção.

Assim, a floresta do Pau Brasil e do Saci-Pererê, espelho de nossa história e cultura, hoje Patrimônio Nacional, tornou-se um símbolo da busca do desenvolvimento sustentável, racional e inteligente. E é à partir dessa compreensão que caminhamos para a formação de uma cultura ambiental no Brasil, preparando nosso povo para os desafios reais do século XXI.

Para nós do sul da Bahia, região da esperança de conservação da mata atlântica no nordeste, e zeladores dessa grande riqueza, é gratificante receber a "Exposição Itinerante do Cidadão Atuante" em nossa Ilhéus, que esperamos seja consolidada em um futuro próximo, como uma referência ecologica e lugar das boas realizações.

E afinal, se não conseguirmos recuperar a mata atlântica, que está no quintal da maioria dos brasileiros, como conseguiremos proteger outros biomas como a amazônia, o cerrado e a caatinga?

quarta-feira, julho 21, 2010

Max de Menezes

Um desabafo : Valeu Mestre Amigo !
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Um mestre muito para além de um título de mestrado : mestre da amizade , do bom censo e da cordialidade . Bem que eu tentei o título de mestre em meio ambiente e desenvolvimento regional. Mas o Excesso de Atividades na época da minha turma, impediram-me de defender minha dissertação "A Mídia Pró -Vida Silvestre ".
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Não me importo porque tive ali uma convivência com mestres que eu já admirava, e que hoje, não se encontram mais entre nós, como minha saudosa incentivadora, a doutora Denize D ` El- Rey, profunda conhecedora da Saúde Ambiental, e de nosso grande botânico André Carvalho, que comprovou a riqueza extraordinária da floresta sul baiana .
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Mas o Max de Menezes eu não conhecia, e esta foi uma grata surpresa. Mas deu-se que ele se foi também para a morada eterna, para a constelação de estrelas de intenso brilho.
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Perdemos o Max, coordenador do nosso primeiro mestrado de meio ambiente no sul da Bahia, e ele fez isto como um mestre amigo, parceiro de toda hora, dono de uma mansidão, paciência e calma invejável. Era como um pai, um conselheiro disponível de todos os mestrandos; gostava de pensar e de fazer pensar, pensava mais do que falava com sua voz de tom suave .
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É certo, senhor Deus, que nos sentindo mais pobres, reclamamos de Vós, mas a fé que herdamos de Ti, nos alenta, porque sabemos que precisamos ser menos egoístas, menos apegados a materialidade, se afinal, não controlamos o tempo e o destino, e estamos aqui de passagem, nessa escola universal que viemos aprender e ensinar.
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Somos mesmo, grãos. Grãos numa terra fértil de encontros no conhecimento. E é isto que não morre, pois é imaterial, indelével, e habita o eterno eu das boas realizações .
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Valeu Max, eu aprendi com você, mais do que o título de mestre poderia me oferecer.

Crise de Valores

O país que cresce e oferece novas oportunidades de desenvolvimento regional, redescobre regiões esquecidas e mergulhadas em crises de identidade. Chegou a vez do sul da Bahia também receber tais investimentos, através do desenvolvimento de projetos muito reivindicados como a duplicação da Rodovia Ilhéus-Itabuna e um novo aeroporto. Mas esses projetos vêm acompanhados de outros, que nunca pensamos, e isto tem nos provocado uma crise ainda mais profunda, a crise de valores.

Um dia desses entrevistei o jornalista Vilmar Berna, uma autoridade e referência quando o assunto é a democratização da informação, e pelo seus serviços à causa foi contemplado com diversos prêmios internacionais,como o Prêmio Global 500 da ONU.
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Vilmar me dizia que Ilhéus ainda não definiu qual é a sua vocação, qual é a sua identidade. Segundo ele, a informação é fundamental nesse processo, e ela precisa vir aliada a valores, valores esses, que são construídos através da educação. Assim, cada um toma as suas decisões em função dos valores que possui, sejam eles positivos para a coletividade, como os valores da solidariedade e da democracia, ou negativos, como os valores associados ao egoismo e a ganância. .

Vilmar Berna esteve em Ilhéus durante o lançamento da Rede Sul da Bahia Justo e Sustentável com uma mensagem muito clara: "ninguém é dono da informação, e ela precisa fluir com a menor dificuldade possível."
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Ele destacou que cabe principalmente a nós que vivemos no sul da Bahia, decidirmos o que queremos ser, e compreendermos a nossa vocação. Para Vilmar Berna, a informação precisa caminhar junta com a educação para que possamos tomar as decisões certas na construção de um mundo melhor.

Mas o que temos visto em Ilhéus de um ano para cá, desmerece suas palavras. O anuncio da construção de um Complexo Insdustrial em uma área protegida e planejada como produto turístico, desuniu a região, e recriou a guerra de informações de mão única.

É um momento sério e perigoso para a imprensa regional. Desde que o anuncio do projeto foi feito, entramos em uma verdadeira guerra de valores, onde vale de tudo para convencer que o outro é o inimigo, onde crucificamos a ética e transformamos os meios de comunicação em arma da violência.

Atordoados com esse estado de coisas, implodimos e ficamos cegos, passando a menosprezar as opiniões, principalmente, os que argumentam a contrariedade da localização do Complexo Porto Sul. Numa verdadeira chuva de informações marcadas pelo preconceito imaturo, sobrou espinhos pra todo mundo. Pra os empresários de turismo, ambientalistas e cientistas, para os grandes jornais e televisões do país, e nem mesmo a família real europeia e o jornalista Roberto Marinho, já falecido, foram poupados.

Optou-se pela polarização, e pior, organizamos o radicalismo com seus obstáculos e entraves ao direito de informação. Criou-se o ambiente dos ruídos, caímos no baú de angustias, esquecendo-se do inerente rumo comum a todos, e o nosso discurso próprio, regional, dissipou-se. Esquecemos o cacau, e passamos a investir contra empreendimentos do turismo, atividade que tanto acreditamos, noticiamos e reinvidicamos apoio durante anos.
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O clima anti-reflexão ganhou tanto espaço, que defender ou criticar o Projeto Complexo Porto Sul, tornou-se algo comprometedor, e as rodas de conversa, extremismo. Ser a favor ou contra virou rótulo de superficialidade, e, perigosamente, algumas vezes, associação a interesses economicos pessoais.
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O que não anda bem, piora quando manipulamos a informação para tentar prejudicar a imagem de um empresário considerado modelo de empreendedor, que resolve investir nessa área em projetos legítimos, porém, antagônicos à instalação de complexos de industria pesada, tida como ativo potencial e legítimo de outras vocações economicas.

Mas a informação que hoje não flui, atrasa os processos de comunicação, mas, passada a tormenta e o desespero da pressa, com certeza vai ser através dela mesmo, que voltaremos a enxergar mais claramente que a defesa da vida é uma causa da qual não podemos nos afastar.
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Algumas vezes me sinto constrangido por ser contra a localização do Complexo Porto Sul, se isto não é compreendido como resultado de um conjunto de valores que construi ao longo de toda a minha educação e exercício profissional.
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Não tem nada haver com ninguém, nem mesmo com os meus interesses imediatos, mas com minhas convicções mais profundas. Tem haver com os valores que assimilei como jornalista da área ambiental, em busca das atitudes éticas fundamentais de que falou o grande jornalista Barbosa Lima Sobrinho.
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Temos relatado em reportagens que a luta em defesa do litoral norte de Ilhéus é algo que começou muito cedo em minha vida, e de muitos ilheenses (vide reportagens). Não nasceu por acaso, não é um interesse recente; faz parte sim, de mim e de muitos, em nossos trabalhos de imitação do beija-flor apagando o incêndio que se abateu sobre essa extraordinária floresta.
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Também é importante destacar minhas crenças, não me cegam a ponto de enxergar apenas as qualidades do setor de turismo, e desconsiderar os benefícios que a grande industria poderia trazer, se não fosse necessário, para isso, utilizar uma área de conservação, um ícone da paisagem tropical.
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A história segue o seu rumo, e longe do duelo de bandidos e mocinhos das palavras, estamos diante de uma realidade que é única, e da verdade, que, no final das contas é uma só. Ou as coisas vão pro lado do bem, ou vão pra lado ruim, o certo é que estamos no mesmo barco, e não tem outro jeito senão se acalmar diante da tempestade, e aí sim, voltar a pensar, e a agir como donos autênticos de nossas opiniões, enxergando esse exercício como uma testificação da liberdade de expressão, e direito essencial de todos os cidadãos.

Sua Majestade do Violão, Saul Barbosa.

EU AINDA ESPERAVA TANTO, MAS O PROJETO É DE DEUS E AGORA É COM ELE . SAUL BARBOSA FEZ SUA PASSAGEM NA MADRUGADA DO ÚLTIMO DIA 15 DE SETEMBRO AOS 58 ANOS. COMO ACREDITAR QUE SAUL BARBOSA, E TANTOS OUTROS AMIGOS NÃO ESTÃO MAIS AQUI NESSE MUNDO? NEM O SAUL BARBOSA, NEM O JONGA FIALHO, GUITARRISTA DE PRIMEIRA QUE APARECE NA FOTO ACIMA NO CANTINHO DA PORTA DETRÁS DO PALCO, ADMINIRANDO NOSSO MAESTRO DAS CORDAS; TAMBÉM O NOSSO MÁRCIO MONTARROYOS, QUE TOCOU NO DISCO DE SAUL E QUE TAMBÉM NOS DEIXOU... ACREDITAR NA AUSÊNCIA DELES É IMPOSSÍVEL, PORQUE NOS SENTIMOS A PRESENÇA DE QUEM NOS TRANSMITIU COISAS BOAS NESSA VIDA. ESSE É O JARDIM DAS SAUDADES QUE MORA NO CORAÇÃO DO HOMEM, CAMINHO DO AMOR ATÉ O FELIZ REENCONTRO NO JARDIM DAS BELAS FLORES.

POSSUO UM ACERVO DE FOTOS DE SAUL BARBOSA E UMA PEQUENA PARTE DE SUA LEGIÃO DE AMIGOS, PARCEIROS E ADMIRADORES DURANTE OS ANOS QUE CONVIVEMOS EM ILHÉUS, E DURANTE A GRAVAÇÃO DE ALGUNS DE SEUS DISCOS NO RIO DE JANEIRO. VOU ENTREGÁ-LO PRA SUA QUERIDA FILHA NENA, RESPONSÁVEL POR SUA MEMÓRIA. ALGUMAS DESSAS FOTOS E INFORMAÇÕES FORAM USADAS EM OUTRAS PUBLICAÇÕES COMO "ILHÉUS COM AMOR, DE MARIA LUIZA HEINER. MAS FIQUEI PARTICULARMENTE EMOCIONADO COM UMA SÉRIE DE 03 HOMENAGENS NO YOUTUBE (MAIS DE 800 VISUALIZAÇÕES EM TRÊS DIAS), AQUI, MESTIÇA, COM A PARTICIPAÇÃO DE MARCIO MONTARROYOS NO TROMPETE, UTILIZANDO INFORMAÇÕES E FOTOS DESSA REPORTAGEM TENDO COMO FUNDO AS MÚSICAS QUE ILUMINOU AS VIVÊNCIAS QUE DESCREVO NESSAS BREVES LINHAS.

AO LONGO DESSA REPORTAGEM VOCÊ TEM A OPORTUNIDADE DE ACESSAR VÁRIOS LINKS COM VÍDEOS DA MÚSICA DE SAUL BARBOSA. ESSAS MÚSICAS, LEMBRANÇAS, HOMENAGENS E SAUDADE FICA ENTRE NÓS, PELO AMOR QUE CAMINHA ENTRE OS CORAÇÕES, DO CÉU NÃO GEOGRÁFICO, NO MAR TRANQUILO DO AMOR, QUE SE TRADUZ PLENAMENTE EM FIRMAMENTO, COMO NESSAS HOMENAGENS TODAS, NOS JORNAIS E CORAÇÕES DAQUI E DAÍ, NOS SITES E BLOGS, CORAÇÕES E MENTES. TODOS ESTAMOS COM VOCE E SOMOS ASSIM, COMO NA SINGELA HOMENAGEM DE MAURICIO ALMEIDA.

Nesse momento de dor, quero me unir aos amigos e familiares de Saul Barbosa para lembrar de coisas boas, e assim orarmos por ele, que luta pela vida em uma U.T.I em Salvador, muito debilitado após vários anos de hemodiálise, única forma de sobrevivencia sem o esperado transplante de rins, que não aconteceu. É pedindo força pra voce, negão, que falamos de você por aqui, lembrando alguns de nossos bons momentos juntos.

O sul da Bahia tem Saul Barbosa como um de nossos maiores artistas. Desde que pegou no violão, deu sinais de ser um músico diferenciado, incomum, à frente do seu tempo. Ele é uma referência entre várias gerações. Desde as tias, professoras de música, e também avós de sua única filha, a bailarina Nena, passando pela geração de cantores como Gilberto Sena e Odralde Silva, Sabará, Americano, e outros mais novos como Délio Santiago, Ivan Bitencourt, Jonga Fialho, Renato Carvalho, Itaçuci e Paulo Souza, os músicos do realce (Quinho, João, Luiz e Paulinho Batera). Todo mundo teve algum contato, influência e aprendizado com a música de Saul.

Saul Barbosa sabia o que queria desde que descobriu o violão, e ele fez do violão o seu caminho, e seus amigos, aqueles que acreditavam na sua música e no seu violão. E que música extraordinária Saul criou, e ele sabia disso, e sempre fazia questão de ser ouvido, mesmo tocando em um barzinho barulhento. E ele merecia mesmo, o silêncio e os ouvidos, o respeito a sua música.

Por volta de 1985, época em que foram produzidas algumas dessas fotos, Saul tinha um caderno gasto que já tinha 120 composições em parceria com diversos intelectuais poetas, sempre os melhores, como Jorge Portugal, Capinan, Jaime Sodré e Orlando Santa Helena. O que chamava atenção era a qualidade da música e dos versos, e o casamento perfeito entre ambos.

Ele não se cansava de tocar aquelas músicas e dedilhar o seu violão. Ficava horas tocando, compondo, repetindo sequências e improvisando. Mas não gostava de tocar pra ele mesmo, gostava sim, de tocar para os amigos, de ter alguém ouvindo suas musicas, e se haviam ouvidos atentos, não tinha hora pra parar de tocar, nem noite que não se prolongasse.

Saul queria que todo mundo fosse músico, tocasse violão, aprendesse a ouvir música, e entendesse sua beleza. Professor de violão meu e do povo de Ilhéus, e também meu amigo, me incentivou com um gesto extraordinário, repassando dezenas de contatos telefônicos dos melhores músicos do Rio de Janeiro, e até ousou me presentear com uma parceria, o frevo "Coisas a Brasileira", gravado no disco Movimento.

Saul da orquestra e do trio elétrico nos melhores carnavais de rua de Ilhéus - O surgimento de Saul Barbosa no cenário musical é um fato inusitado na terra do Axé, do requebra e do "rebolation". Mais inspirado nos rigores técnicos dos grandes violonistas como João Gilberto, Saul seguiu seu próprio caminho, passeando por valsas, tangos e pelo jazz, sem deixar o "swing" baiano, o rebolation.

A música lhe deu seu espaço no mundo, lhe deu asas e escolheu seus amigos, e assim se posicionou no palco dos grandes músicos. No Rio de Janeiro, quando trabalhamos juntos, gravou com uma geração de feras como Marcio Montarroyos, Liber Gadelha, Paschoal Meireles, Repolho, Jota Moraes, Jatobá, Xangai, Luis Melodia, dentre outros.

Mas foi em Salvador, que Saul se encontrou definitivamente com o tambor e conquistou seu espaço definitivo como músico, arranjador e produtor, voando mais alto. Fêz sucesso como compositor e produtor, e fêz parceirias com artistas como Margareth Menezes, Elba Ramalho, Jamil, Netinho, Gerônimo, Jorge Aragão, Lenine, Chico Cezar, Jauperi, Gilberto Gil, Roberto Mendes, Marcia Short, Daniela Mercury e Léo Gandelman.

Nas fotos abaixo, Saul Barbosa gravando no Rio de Janeiro com Márcio Montarroyos e com Repolho.

Foram tantos discos, tantos cantores, mas foi com Margareth Menezes que Saul fez uma dupla em brilhante sintonia da maturidade musical. Os dois viajaram o mundo em um show acústico que destacou o músico cuidadoso e sofisticado. No show e DVD "Um barzinho, um violão: Novelas Anos 70" (CONFIRA), reunindo estrelas da música no Morro da Urca no Rio de Janeiro numa homenagem a Márcio Montarroyos (coincidências? Certamente não!), Saul arrasou com Margareth, e tocou tão bem que seu violão foi escolhido para ilustrar o final do DVD.

Que bela criação ouvimos em tantos trabalhos musicais ! Lá atrás, ele já brilhava no antológico "Alto do Descobrimento" de 1980. Uma super produção cenográfica, teatral e musical da UESC, nos tempos de Soane Nazaré, coordenado por Pedro Mattos, com narração Bemvindo Cerqueira, música de Jonga Filho, violão de Saul Barbosa, e o canto de Renato e Jania Carvalho. Saul deixou um rastro de talento múltiplo dentro de sua obra. Foram centenas de composições com dezenas de parceiros, inúmeras participações em arranjos e shows. O Saul de tantos anos de dedicação, mesmo debilitado se segurou na música e em seus amigos.

Músico que enaltecia sua São Jorge dos Ilhéus, Porto Seguro, Salvador, o Pelô, o Negro e a Bahia, Saul deixa uma grande obra editada e ainda inédita, que ainda será gravado por muitos artistas, e por muitos e muitos anos brilhará. Um artista que cantou,e buscou interpretes, e conquistou cantores famosos, multiplicando emoções musicais que foram parar no fundo do baú da música baiana, e do carnaval da Bahia. Com Margareth, Saul viajou pelo mundo e emplacou músicas nas paradas como "Toté de Maingá", e numa parceria com Jorge Aragão, a deliciosa Acende a Luz com a banda Negra Cor, "Todo Menino do Pelô" foi com Daniela Mercury. E com Márcia Short?, e com Gerônimo, com esse muitas composições, e assim seguiu nosso Saul.

Espero em Deus o seu retorno meu nobre guerreiro da música, orgulho da Bahia. Sabemos que você é "Avant-gard", sempre esteve além do seu tempo musical, e foi capaz de superar muitas coisas difícies, tocando. Ficam aqui algumas lembranças nossas, enquanto ouvimos músicas inesquecíveis como "São Jorge dos Ilhéus", uma das mais belas composições que já tive o prazer de ouvir.

Em São Jorge dos Ilhéus, o poeta e sua música dizem com pefeição afetiva: "Eu sou nascido aqui nestas terras de coqueirais, de areias brancas, onde a vista não tem fim jamais..." "Preciso de você assim como eu preciso de respirar, a marezia, o cheiro doce que vem lá do mar...

"CAVALEIRO DE ARUANDA": ESTAMOS REZANDO POR VOCE !

REPERCUSSÃO ENTRE ARTISTAS BAIANOS

Margareth Menezes
"Oi gente, passei aqui para expressar minha gratidão ao meu querido amigo e parceiro de muitos anos que foi Saul Barbosa, pra sempre Saul!. Fizemos inúmeras apresentações pelo Brasil e em outros países e o melhor de tudo era a pessoa de Saul, muito especial, um amigo presente. Um compositor maravilhoso, um violonista virtuoso, musical e muito amoroso. Além do extremo bom gosto. Valeu Saul, vai embalar as estrelas!."

Netinho
"Meu eterno sogro a partir de hoje vai alegrar o céu com sua música, com sua arte. Salve Saul Barbosa. Deixa saudade, vá em paz!"

Alinne Rosa, do Cheiro de Amor
"Que triste, perdemos Saul Barbosa... grande compositor, gente boa demais! Q Deus conforte sua família..."

Vânia Abreu
"Segue minha homenagem à Saul Barbosa, que hoje nos deixou. Um vazio, um silêncio se fez na música, nas cordas do violão em casa, na Bahia! Sentiremos falta de sua música, de seu sorriso, de sua esperança! Que Deus traga conforto e paz aos seus! Muitas saudades!"

Tomate
"A Bahia amanheceu menos POÉTICA!! Meus sentimentos, Saul Barbosa."

Daniela Mercury
"Conheci Saul com 15 anos de idade e fiquei completamente inebriada com seu violão. Era um violão de solista, um violão que parecia a voz e o violão juntos. Quem dera "Todo menino do Pelô" tocasse o violão que Saul entoou.. Quem dera "Todo Menino do Pelô" tivesse a poesia profunda e bela de seu coração. Quem dera "Todo Menino do Pelô" hoje pudesse compreender a dimensão do que esse músico significou... E hoje o Pelô chorou porque Saul se despediu de nós. O tambor chorou por Neguinho do Samba, por Mestre Prego e por Saul Barbosa, esse extraordinário compositor. Amigo, te amo!"

O secretário de Cultura do Estado da Bahia, Márcio Meirelles, também lamentou a morte do compositor: “O violonista e compositor Saul Barbosa é um dos grandes nomes da música baiana. Suas parcerias com outros de nossos artistas serão eternamente lembradas. Nosso último contato foi no final do ano passado quando o artista participou da III Conferência Estadual de Cultura, em Ilhéus, sua cidade natal, onde realizou um belíssimo concerto. A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia lamenta a morte do músico e compartilha o mesmo sentimento de dor dos amigos, parceiros, familiares e artistas de todo o estado".

O cantor e amigo, Durval Lelys, falou da importância do músico e da tristeza dá notícia para o grupo Asa de Águia. “Perdemos um grande maestro, grande músico e grande amigo. Eu, particularmente, tive a oportunidade de ter contato com ele em algumas produções musicais e aprendi muito com a sua sabedoria no ramo musical. O Saul deixará para todos nós uma grande saudade, mas o seu acervo dará continuidade ao cenário artístico brasileiro”, declarou Durvalino. Em 2004, o grupo gravou a canção “Joga Água”, de autoria de Saul em parceira com Gerônimo.

Adelmo Casé da Negra Cor:
O dia foi de tristeza pra todos nós baianos, mas como ele vivia na alegria, não quero ver ninguém parado, ao mestre Saul, meu amigo e parceiro eu dedico esse show de hoje. Fique com Deus meu amigo! Em um clima de pura emoção Casé cantou o hit "Menino do Pelô", composição de Saul Barbosa em parceria com Gerônimo.

domingo, julho 11, 2010

Sul da Bahia no Google Earth

A internet tem revolucionado o acesso e o intercâmbio de conhecimento e informações como nunca antes visto. Mecanismos de busca como Google tornaram-se um “oráculo” poderoso, verdadeiro aliado do cidadão.
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E essas informações chegam das mais variadas formas, seja através de contatos virtuais, textos, esquemas gráficos, fotos e vídeos, etc. Nesse universo de possibilidades, o Google Earth é uma das ferramentas mais interessantes, nos lançando no universo das informações geográficas através de imagens de satélite.

O Google Earth (baixe o programa aqui) permite visualizar o planeta do alto, do ponto de vista do satélite ou de um avião, cobrindo todo o planeta. Mas nem todas as regiões tem imagens com alta definição.

A região do sul da Bahia, por exemplo, demorou para ganhar imagens de alta definição, mas elas começam a aparecer nos últimos anos. Primeiro, uma área entre o aeroporto e alguns quilômetros depois do Cururupe, depois um trecho do litoral norte entre o São Miguel e Luzimares, e alguns meses atrás, uma grande área entre Itabuna, Ibicaraí e Buerarema, tendo Itapé ao centro.
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Na semana passada, a novidade: um grande trecho entre a cidade de Ilhéus até Ibicuí, também ganharam imagens com melhor definição.

O sistema de informações geográficas utilizando fotos de satélite é um instrumento estratégico para o planejamento do uso e ocupação do solo. É altamente didático e permite não apenas aos planejadores a compreensão do espaço, mas a qualquer pessoa, mesmo leiga.

Como um instrumento de educação ambiental, as imagens nos permite entender o resultado da paisagem indivisível - homem e meio ambiente, expondo o resultado dessa relação. O território visto do alto nos permite identificar problemas e soluções no planejamento do modelo de desenvolvimento.

Imagens que nos permitem enxergar nossos erros, e nos inspira corrigí-los com inteligência e lógica, tendo o ecossistema como um aliado de nossas atividades.

Vamos analisar cada uma dessas imagens, e entender um pouco mais sobre a saúde do lugar onde vivemos, a situação de nossos recursos naturais, e que tipo de espaço estamos construindo para o futuro de Ilhéus e do Sul da Bahia.

Vamos se conhecer por elas, se reconhecer nelas, e, todos juntos, governo e entidades civis, cada cidadão, entender como podemos nos acomodar por aqui, e apostar no desenvolvimento pleno, protegendo e recuperando o meio ambiente, ao invés de degradá-lo.

As quatro novas imagens em alta definição nos dão importantes lições. Por isso, Acorda Meu Povo inaugura esse painel de geoprocessamento; para que agente estude juntos, cada trecho dessa extraordinária região, que hoje, mais do que nunca, precisa de planejamento para se desenvolver em harmonia com suas vocações.
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A foto acima é de um pequeno trecho da imagem do litoral sul da Ilhéus, bem próximo à cidade. Nela podemos ver a mata atlântica remanescente, raridade na planície nordestina . Uma imagem rara, que dura pouco, em qualquer direção do seu voo no Google Earth. A conservação desse conjuntos de remanescentes de florestas e cabrucas é um desafio do desenvolvimento sustentável dessa região para o século XXI.


A grande imagem entre Ilhéus e Ibicuí é uma aula sobre as cabrucas e a mata atlântica. Voando a oeste de Ilhéus o patrimônio ambiental das cabrucas desaparece rapidamente. As fotos à seguir não parecem ser do Sul da Bahia. É que o show das cabrucas não vai longe, chega até Floresta Azul, e a oeste desta cidade não se ver mais florestas. O cenário de fragmentação é progressivo, culminando com um cenário de milhares de hectares aonde a mata atlântica foi extinta.

A floresta fragmentada caminha lentamente para a completa extinção. Um cenário de devastação - um sumiço geral das reservas legais. Ninguém cumpriu a lei, e o resultado econômico demonstra claramente um grande prejuízo ambiental, e baixa produtividade na ocupação do espaço.

A imagem abaixo abrange uma grande área entre Itabuna, Buerarema e Ibicaraí, tendo Itapé ao centro. São mais de trinta mil hectares completamente desmatadas com solos degradados, e um rio Cachoeira sem mata ciliar alguma, antes de chegar em Itabuna. Uma retrato que explica o estado lamentável do rio.
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Quando vi essa imagem, em uma região estratégica, cercada de importantes rodovias, me perguntei? Porque que a ZPE não poderia ser aqui? Seria muito interessante se pudéssemos ocupar uma área degradada como esta, e fazer com que o desenvolvimento industrial possibilitasse a recuperação ambiental.
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Creio que essa área foi pensada pelo governo, o que possibilitaria um outro trajeto para a ferrovia leste-oeste e o porto sul, saindo no litoral ao sul de Ilhéus. Mas questões relacionadas com os custos da obra, a topografia e as terras indígenas afastaram o projeto daí.
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Não podemos deixar de lembrar que a proteção do meio ambiente exige muitos recursos e tecnologias de ponta, mas isto ainda é economicamente mais prudente, se aprendermos a contabilizar adequadamente os custos relacionados com a recuperação ambiental.
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Essa área poderia ser uma solução para que esses projetos aconteçam no sul da Bahia, sem precisar sacrificar um outro ativo econômico importantíssimo, que é o consagrada paisagem natural do litoral norte de Ilhéus. .

Itapé ao centro de um bolsão de desmatamento.