sábado, outubro 11, 2008

SOS Rio Cachoeira

O futuro de Itabuna está intimamente relacionado
com a recuperação do rio Cachoeira.
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Ele é um dos mais importantes rios do Sudeste da Bahia e o mais significativo para o ambiente e a cultura GRAPIÚNA. Para a sobrevivência da Mata Atlântica é parceiro indispensável. Ele está morrendo por descaso das autoridades e falta de participação e atitude da população. Não tem mais pitú, não tem mais água. Está apodrecendo com os nossos dejetos, pois fazemos dele, cloaca, lixeira e motivo de vergonha. Mas é com ele que estamos aprendendo o que é impacto ambiental de alto custo social, pois Itabuna está sem água, mesmo estando às margens de um rio que tem uma grande bacia de captação.


Itabuna está sem água e fedendo com o período de seca do ano de 2008, numa estiagem de proporções históricas para a saúde do rio Cachoeira. A despoluição deste bem natural é uma questão de dignidade para a população desta importante cidade, que é uma das maiores da Bahia. Por isso, Acorda Itabuna, e os demais municípios que dependem desse rio. Levantem esta bandeira e gritem bem alto, para que possamos chamar a atenção das autoridades e recuperar a qualidade de vida e a dignidade essencial e indispensável do ser humano.

Ele vem de longe com dois grandes braços, o rio chamado Salgado, lá de Floresta Azul e Ibicaraí e o rio chamado Colônia, de Itororó e Itajú do Colônia. Quando ele passa em Itapé, e antes de chegar em Itabuna, recebe um terceiro braço forte, o rio Piabanha, e só depois passa a chamar-se rio Cachoeira, que vem beijar o atlântico na linda Ilhéus.

Nesse percurso de nosso sagrado rio, como nos ensina os índios brasileiros, carrega consigo todos os problemas relacionados com a falta de planejamento. As Bacias Hidrográficas são um excelente referencial para o planejamento do uso e a ocupação do solo. Mas apesar de termos os rios como referência do espaço saudável e produtivo, agimos com ignorância e ingratidão e pagamos caro com os custos da degradação ambiental, motivadas pela falta de Educação Ambiental da população e a ineficiência na Gestão Pública.

Quando as terras de uma bacia hidrográfica são desflorestadas, o solo não absorve a água das chuvas, provocando secas prolongadas na estiagem e grandes inundações nos períodos de chuvas. Neste ano, um recorde de baixa vazão (acima), e nas chuvas de dezembro passado, a maior enchente em uma década (abaixo). Veja mais sobre as inundações clicando aqui.


Um rio marcado pela presença de muitas pedras e fortes corredeiras, onde o pitú era pescado em grandes quantidades está agonizante. Hoje, quando olhamos para ele, nos perguntamos, cadê o rio?. O que vemos são pastagens e gados em seu leito completamente assoreado. Apesar disto sua revitalização é um projeto viável.


O rio agonizante denuncia que a Mata Atlântica continua sendo desmatada no Sul da Bahia.

Não tenham dúvidas, o Cachoeira está dizendo para todos nós que a região cacaueira da Bahia ainda não conseguiu parar a destruição da Mata Atlântica. Este quadro sinaliza que o processo de erradicação da cultura cacaueira está em pleno curso, e que a pecuarização avança sem limites e sem planejamento ambiental. Sinaliza também, que estamos ausentes, inertes, passivos, e que os órgãos ambientais abandonaram a fiscalização florestal. E ainda, que é chegada da hora do Ministério Público atuar com rigor para defender o interesse público e evitar a degradação sócio-ambiental.

É uma questão de dignidade que iniciemos uma grande luta para que o Governo do Estado e o Governo Federal promova o saneamento de todos os municípios desta bacia hidrográfica, uma ação que está diretamente relacionada com a melhoria da qualidade de vida dos Territórios da Cidadania, onde o Brasil é mais pobre, e mais doente. Também é fundamental que o Ministerio Público tome para si essa luta pela coisa pública, exigindo a demarcação de Reservas Legais e o reflorestamento das áreas de nascentes e das matas ciliares.
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Pitú (Macrobrachium carcinus): Espécie Bandeira, Indicador Biológico e maior símbolo da despoluição e revitalização do rio Cachoeira.

Muito está dito, escrito, estudado, por nossos competentes pesquisadores. A universidade sabe o caminho, as entidades que defendem a vida, também. Chegou a hora da prática, da extensão, de tirar a teoria da cabeça e botar no coração com o nome PARTICIPAÇÃO. Por isso se informe e leia os artigos abaixo citados.

por Neylor Calasans, coordenador do Núcleo de Bacias Hidrográficas da Uesc.
À Memória da Geógrafa de Maria da Conceição Ramos de Oliveira
Paulo Gabriel
Professor da Escola de Agronomia da UFBA – Pesquisador assistente do IESB.Soledade Nacib
Artigo Extraído da Tese de Doutorado – Departamento de Solos da UFB.Alloua Saad
Professor do Departamento de Geografia da UFMG.Oldair Vinhas Costa
Pesquisador associado da Sociedade de Estudos do ecossistema e Desenvolvimento SustentávelJoão Carlos Ker, Elpídio Inácio Fernandes Filho e Liovando Marciano da Costa
Professores do Departamento de Solos da UFB.
Maurício Santana MoreauProfessor da UESC - Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ok Paulo

Vamos divulgar o máximo!!!!


Abraços e sucesso para todos nós que não fechamos os olhos aos estragos cotidianos.


Délia Ladeia

Anônimo disse...

Querido Paulo,
meus parabéns mais uma vez!
Repassei seu recado para todos os meus contatos.
Abraços.
Maria