Pesca Artesanal em Ilhéus

A pesca artesanal, informal e fora das estatísticas oficiais ainda é um meio de sobrevivência para centenas de famílias em Ilhéus. São pessoas simples, sem acesso ao mercado de trabalho formal que escapam da miséria e encontram dignidade e independência na pesca realizada com canoas, pequenos barcos e redes, construídas com as próprias mãos, da mesma forma e utilizando as mesmas técnicas como se fazia no passado longínquo.
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Ilhéus tem relações profundas com a pesca artesanal, que resistiu de forma extraordinária ao progresso. Alguns dos principais e mais antigos bairros de Ilhéus, o Malhado e o Pontal eram, originalmente, bairro de pescadores. E mesmo que a sociedade de classes lhes tenha negado o direito de serem proprietários de terras e terem perdido seus lotes urbanos, ainda assim, não perderam sua relação com o mar. Tanto que, as duas maiores Colônias de pescadores da Ilhéus, a Z19 e a Z34 estão localizadas nesses bairros.
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Mesmo perdendo seus lotes de terra, e tendo a força da urbanização contra eles, como a construção do Porto Internacional do Malhado, os pescadores artesanais resistem heroicamente na cidade de Ilhéus e reafirmam suas tradições.

Abandonados a própria sorte e fora das esferas institucionais oficiais de pesca e manejo pesqueiro, os pescadores artesanais continuam ligados a uma imagem de primitivismo e ineficiência, e hoje vivenciam o problema da diminuição do pescado pelo excesso de esforço na plataforma continental.
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O vice-presidente da Colônia de Pescadores Z34, Márcio Barbosa explica que a saída é investir em recursos tecnológicos para que esses pescadores possam pescar além da plataforma, aumentando a capacidade de pesca, e assim, reduzir a pressão sobre os estoques, cada vez menores.
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Um dos muitos pescadores artesanais que tem como referência a praia do malhado é Jacson Anacleto, um filho de pescadores que superou a exclusão social de seu povo, estudou e se tornou funcionário público estadual, mas não abandonou a atividade por amor e um sentimento de preservação aos valores tradicionais que herdou de sua família. Por isso, nos seus horários livres, dedica-se pacientemente a confeccionar suas próprias redes, e recentemente, construiu seu próprio barco.
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Jacson reafirma que é importante dar meios para que os pescadores artesanais se profissionalizem e realizem a pesca continental, mas segundo ele, "o aprendizado começa na pesca artesanal, é onde nossos mestres são formados e onde se aprende a valorizar essa atividade, do jeito que nossos pais nos ensinaram"; "foi desse jeito que eles nos criaram e o começo de tudo está no respeito ao pescador artesanal".
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Jacson Anacleto, filho de família tradicional de pescadores do Malhado, superou as limitações sócio-econômicas de sua família, mas não abandonou a pesca artesanal.

Ele nos conta que vem de uma família de pescadores artesanais a várias gerações. Seu avô, conhecido como João Bagre viveu unicamente da pesca e sua avó, Aurora, pescava ostra de mergulho. Seu pai, José Anacleto da Silva, seguira o mesmo caminho e ensinou este oficio a ele e a todos os seus irmãos.
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Jacson nos conta que a canoa feita do pau de um piqui amarelo, hoje colocada na Litorânea Norte, ao lado do restaurante Siri Mole, tem um significado especial: “é uma relíquia familiar, e foi construída por meu pai há 30 anos atrás. Primeiro, ela foi batizada com o nome Itabuna, e depois de Chispita, em função da novela do SBT, de 1984".
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"Os pescadores artesanais de Ilhéus precisam de mais apoio; é preciso conhecer os problemas sociais de suas famílias, valorizar nossa história, como por exemplo, criar memoriais e museus que valorizem nossa cultura, no lugar onde sempre vivemos e estamos até hoje", complementa.

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