Universidade Livre do Mar e da Mata

Dez anos, pouco a comemorar!

dez anos atrás, além dos Doutores Soane Nazaré e Adeum Sauer, as biólogas Rute Colares, Márcia Virginia, Mônica Suely, e vários professores, além desse jornalista, vimos nascer, a Universidade Livre do Mar e da Mata – Maramata. Era uma proposta oportuna e necessária.

A primeira ação da Maramata envolveu um programa de gestão dos manguezais, incluindo sua conservação, a participação comunitária e organização das marisqueiras, que estão entre as famílias mais pobres de Ilhéus, e que, ao mesmo tempo dependem dos manguezais conservados para manterem suas atividades. Arregaçamos as mangas, realizamos um senso nos fundos do Vilela, nos limites com o mangue, e chegamos a realizar uma oficina comunitária com apoio dos professores locais. Mas todo esse processo, só serviu para gerar expectativas na comunidade e entre os técnicos, pois o programa não foi continuado.

Com o decorrer do tempo, a Maramata centrou seu programa em eventos esporádicos e atividades pontuais, deixando de lado a proposta de um programa educativo sitemático, ainda que informal, mas que atendesse as metas da educação ambiental. Seu principal mérito talvez tenha sido, seus eventos. As cavalgadas ecológicas “Na Pista de Magali”, em três edições, e a canoagem denominada “Viagem ao Mato Virgem”, constituíram-se em excelentes oportunidades para a conscientização pública, resgate histórico e valorização da cultura ambiental da região cacaueira.

Especialmente, a canoagem denominada "Viagem ao Mato Virgem", que sempre foi realizada como um evento comunitário, patrocinado, sobretudo, pelo espírito do canoeiro tradicional do Banco da Vitória, tem um significado especial, não como palco político, mas como manifestação cultural. Esse evento comemora este ano sua décima edição e esperamos que seja mantido permanentemente em nosso calendário de atividades.

O Museu do Mar também foi uma conquista, considerando o acervo histórico e educativo que adqueriu. Porém, o mesmo, funcionava em casa alugada do Morro de Pernambuco e foi recentemente desativado. Mas a questão da falta de Museu em Ilhéus e a conservação de nosso acervo cultural e histórico é um outro assunto, e será abordado num painel especial em Acorda Meu Povo.

Maramata não cumpre sua missão !

O que nos entristece é que a Maramata não evoluiu, e, sem liderança, sem museu e sem programas educativos, tornou-se apenas um nome, uma bela obra do arquiteto Ruy Cores e um belo jardim. Mas muito pouco foi realizado. Não consolidamos um curso de capacitação, nenhum programa crendenciado para a formação de guias, um seminário anual de educação ambiental e nem mesmo uma programação cultural para dinamizar a sua sede. Sem programas consistentes, também, enquanto fundação, não conseguiu captar recursos externos.

Recentemente, quando se falou em sua extinção, muitos acharam um descalabro. Argumentações foram publicadas na imprensa, mas nem sempre verdadeiras. No site Universia, por exemplo, compara-se seu modelo de atuação à Universidade Livre de Meio Ambiente de Curitiba, instituição que dedica-se à capacitação ambiental e promove cursos técnicos de alto nível, permanentemente; já o blog Ética Ilhéus , destacou a relevância de seus programas, "principalmente no que se refere a conscientizar as crianças e as populações ribeirinhas", só que estão se referindo à canoagem ecológica, pois a Maramata não desenvolveu nenhum programa educativo continuado junto as comunidades ribeirinhas.
O orçamento da Maramata para 2008 é de 705.000,00, que é muito pouco para uma entidade da área da educação e cultura, mas que torna-se demais para um instituição que não realiza sua missão. O que já se gastou em dez anos, talvez fosse suficiente para a indenização do Morro de Pernambuco, avaliado em cerca de cinco milhões, e implantação de atividades de ecoturismo, como acenou o Dr. Soane Nazaré. Mas o sonho ainda não acabou.

Não desejamos a sua extinção, porque nos sentimos parte da Maramata. Mas não podemos negar que a instituição precisa evoluir para justificar sua existência, e os seus gastos. Alguns eventos pontuais não necessitam da estrutura de uma instituição para serem realizados. Seria mais responsável, destinar esses recursos à melhoria da qualidade de vida das pessoas, como daquelas marisqueiras do Vilela, que citamos nessa matéria.


A MARAMATA era um ideal a evoluir, mas não deu certo.

Comentários

Anônimo disse…
Parabéns pelo seu artigo. Não podemos, em hipótese alguma, deixar que a MARAMATA seja extinta.
Ela é um patrimônio de Ilhéus e de grande importância para a manutenção do nosso equilíbrio ambiental.
Precisamos sim, discutir a atuação do MARATAMA e fazê-la cumprir a sua missão.
Além dos mangues, do Morro de Pernambuco, da Lagoa Encantada, temos também a Mata da Esperança que precisa ser protegida e preservada.
Tem uma equipe nova dirigindo a MARAMATA e quem sabe com a nossa ajuda não poderiamos preservá-la?
Acredito que posso ajudar e me coloco à disposição.

Carlos Mascarenhas
mascarenhas@bitsnet.com.br
Anônimo disse…
Sem dúvida, também estou a disposição para colaborar este e outros importantes projetos como voce citou, o Parque da Mata da Esperança, a Lagoa Encantada, etc Temos muito a construir e a preparar nossa comunidade, especialmente os jovens, para dar prosseguimento a essa missão cidadã: Ver Ilhéus e o sul da Bahia respeitados e com a qualidade de vida que desejamos para nossos filhos.
Ewslainy disse…
Tenho uma dúvida... como está a Maramata hoje?

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