CADÊ A PONTE?



Uma frase e um desenho, e o “Cadê a Ponte?” tornou-se slogan de uma campanha de sucesso nas mídias e redes sociais do sul da Bahia. Poderia ser uma simples cobrança por mais uma obra prometida, que não se define, mas a interrogação expressa muito mais sobre a situação que o Brasil está vivendo agora.

Uma coisa é falar, outra é realizar de fato. Nos últimos dois anos, vivemos num turbilhão de anúncios de obras estruturantes em todos os níveis de governo, porém, no meio do caminho, problemas de orçamento, de planejamento e licenciamento, somados ao “para tudo” para combater a corrupção, reproduz por toda parte o atraso de obras, e a desconfiança geral que metas prometidas nos palanques não serão atingidas.

Algumas, na prática, nem saíram do papel, ou ainda nem estão no papel. É o caso da nova ponte interligando a zona sul de Ilhéus ao centro da cidade.

O ex-presidente Lula prometeu a ponte diante dos ilheenses, mas o município não tinha projeto. Depois o governador Jaques Wagner anunciou o início da construção para janeiro de 2011, mas logo corrigiu seu cronograma fictício para “antes do último dia do atual mandato do prefeito Newton Lima”.

Entre o anuncio de um projeto e a sua execução existe um roteiro a ser executado, envolvendo um processo de planejamento, estudo ambiental, licenciamento e um ampla negociação com as comunidades. E isto demanda tempo, empenho e habilidade política para superar as intempéries desse caminho.

No caso da ponte, podemos arriscar que as obras não começam em 2012 por pura dedução. Primeiramente, as lideranças locais ainda não chegaram a um consenso sobre a sua localização, portanto, não existe o projeto. Depois, caso a nova ponte faça ligação com a avenida Soares Lopes, precisará de um planejamento integrado com o Projeto Orla, requerendo uma série de estudos e ajustes com o IBAMA, que são preliminares à obra.

Na mesma situação, a Duplicação da Rodovia Ilhéus –Itabuna, e o Semi-anel Rodoviário, caiu no silencio, e já faz mais de um ano desde a última reunião sobre o assunto, realizada na Universidade estadual de Santa Cruz. Essa é mais obra deliciada, e também indefinida, e que vai precisar de, pelo menos, um ano para a realização do Estudo de Impacto Ambiental.

Mas, não podemos esquecer que, pior do que o atraso de cronograma, é colocar a pressa no lugar da técnica, o ímpeto edificador no lugar do planejamento, o afobamento pela aceleração do crescimento como indutor da corrupção, e no final das contas, não obtermos a qualidade e a sustentabilidade que objetivamos.

O certo é a sociedade participar ativamente desse processo. Deve se perguntar o tempo todo, cadê, cadê, cadê? E agir, cobrar trabaparência pública, e manter-se acordada para que as flutuações políticas não engavetem por mais tempo, ou desmaterializem esses projetos, sobretudo, quando o Brasil mete os pés pelas mãos para estruturar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada com direito a Trem Bala “sudestino” de sessenta bilhões de reais.

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