Com a Palavra: Rui Rocha





Diante do posicionamento contrário ao projeto Porto Sul, a imprensa regional insiste em atacar pessoalmente o professor Rui Rocha, mas é preciso compreender que ele tem o mesmo direito de todos os brasileiros, de falar e de se posicionar. Os ataques ao professor demonstram fraqueza dos que pensam diferente dele, e é extremamente necessário para o diálogo que alguém pense outra coisa, mas não se pode perder a razão por causa das diferenças.

Na jovem democracia brasileira ainda existem muitos que não perceberam que não é possível ganhar nenhuma causa sem o debate, o argumento e a razão. No debate do desenvolvimento do Brasil, temos visto os setores mais conservadores da sociedade tentando calar seus opositores e garantir que seus interesses sejam atendidos pela força.

Isso não é mais possível no Brasil, e quem foge do debate, e não tem condições de enfrenta-lo pode ver seus pleitos ignorados. Mas tem sido assim, como uma luta do bem contra o mal onde se quer derrotar o inimigo nos debates da Hidroelétrica de Belo Monte, das mudanças no Código Florestal e do projeto Complexo Porto Sul no litoral de Ilhéus.

Somam-se nacionalmente, e regionalmente, discursos desesperados contra os ambientalistas, que passaram a ser chamados de antinacionalistas e defensores dos interesses dos países ricos, e daí para pior, todo dia alguém se engana em reduzir o movimento ambientalista a um grupo de “ambientalóides”, “maconheiros”, e só não usam mais a expressão “ecologia é coisa de viado” porque dá problema.

Desde o anuncio do Complexo Porto Sul, temos afirmado que o projeto é polêmico, mas muitos não entenderam isso, e acharam que era possível aprova-lo num toque de caixa, sem discursão. A nova realidade brasileira está mostrando que não é bem assim, e os próprios defensores do projeto já perceberam que é preciso se mobilizar e dialogar para convencer a sociedade que estão no caminho certo.

O fato é que ninguém vai ganhar no grito, e não adianta querer calar ninguém, seja de que opinião for, seja de que lado estiver. Se existem dúvidas é preciso que se argumente exaustivamente, e sentar-se à mesa com opositores é mesmo uma tarefa dura, mas é assim que tem que ser na democracia.

Temos defendido uma posição diferenciada do professor, tentando buscar uma nova alternativa de planejamento das obras de infraestrutura no sul da Bahia, mediante uma nova visão, macrorregional, que permita a realocação dos empreendimentos, melhor compatibilizando-os com a Mata Atlântica e a vocação turística de Ilhéus. Mas, mesmo discordando em alguns pontos, tenho refletido suas posições, e me sinto confortável para dizer que Rui Rocha tem feito um excelente trabalho de defesa ambiental e valorização do sul da Bahia.

O movimento ambientalista, mais acostumado a investigar, discutir e negociar tem dado uma lição nesses processos, demonstrando que não se limita mais a um grupo de ONG´s, e que representa hoje, uma grande parcela da sociedade brasileira que reúne muitas organizações civis, universidades, sociedades científicas, empresários, políticos e uma parcela significativa do eleitorado brasileiro que deu vinte milhões de votos a Marina Silva.

Podem até achar que isso é uma briga, mas eu acredito que estamos nos preparando é para a grande festa da democracia brasileira, que começa a amadurecer a partir do momento que reconhece que o destino do país precisa ser discutido com todos os brasileiros, e também com o mundo cada vez mais sem fronteiras, pois hoje, todos os países precisam justificar suas posições e decisões.



Comentários

Mary Berbert de Castro disse…
Paulo,
Parabéns pela matéria!
Sensata, ponderada, reflexiva!
E.. Viva a mata! Beijos, Mary
idelmondes disse…
Que Deus proteja Rui Rocha na sua luta pelo Sul da Bahia. Queremos desenvolvimento, sim, mas que seja sustentável.
Izabel Delmondes

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