Porto da Bamin: O Parecer Contrário do IBAMA
A publicação do texto do Relatório Técnico do IBAMA pelo Blog do Gusmão negando a Licença ao Porto da Bamin, confirma algumas opiniões que temos defendido nesse blog. Já são três anos de busca de diálogo, e reflexão de opiniões sobre o projeto denominado Complexo Porto Sul.
Foram 29 postagens (aqui) para refletir os principais aspectos técnicos do projeto, aprofundar as informações, estabelecer o debate, e acompanhar o desenrolar dos fatos sobre a pertinência de seu licenciamento.
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Nesse tempo, a sociedade se dividiu em duas frentes que se opõem fortemente. Uma, que entende o projeto como vetor de desenvolvimento estratégico, e outra, que vê no projeto uma séria ameaça ao futuro da região.
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Temos tomado uma posição clara, e contrária, desde o início, especialmente quanto à localização do Complexo numa Área Protegida, mas temos nos permitido pensar em alternativas. Seria possível conciliar o novo modelo de desenvolvimento proposto com nossas inequívocas e históricas vocações?
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Os três fatores preponderantes que geraram o relatório contrário ao empreendimento são os mesmos que temos defendido em nossos editoriais. O primeiro deles se relaciona à contrariedade da localização do projeto em um ecossistema de alta vulnerabilidade ambiental e destacado valor para a biodiversidade.
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LOCALIZAÇÃO EQUIVOCADA: IMPACTOS NÃO PODEM SER NEGADOS.
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IBAMA: "que esta área de mata apresenta uma rica e preservada fauna associada, dependente dos recursos florestais, com altos índices de espécies ameaçadas e de endemismo, além de espécies não descritas para a região;"
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"que a avaliação de impactos detectou todos os impactos negativos para fauna como “muito significativos”;"
A segunda preocupação do parecer, também nossa, é aquela que descarta o licenciamento fragmentado, principalmente, do Porto da Bamim e Porto Sul, o que impede de prever e avaliar os impactos para o ecossistema.
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SEM PROJETO PARA O PORTO SUL, NÃO SE PODE MENSURAR IMPACTOS.
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IBAMA: "que a instalação do Terminal Portuário da Ponta da Tulha no local proposto deverá preceder a instalação do Porto Sul, cujos impactos não foram avaliados e que necessitaria supressão de uma área ainda maior de Floresta Atlântica; "
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E o terceiro ponto que gostaríamos de destacar é que o projeto, mesmo no Sul da Bahia, poderia encontrar áreas de menor impacto sobre a floresta e o ecossistema, uma proposta que temos defendido que seja mais bem avaliada (veja aqui).
Continuamos acreditando que seja possível, encontrar um caminho alternativo, reavaliando a localização do complexo de investimentos relacionados ao projeto, incluindo o Porto Sul, Porto da BAMIM, Aeroporto Internacional, ZPE e os complexos industriais que se pretende atrair em médio prazo como a siderurgia e as montadoras de automóveis.
A SOCIEDADE DEVE SE MOBILIZAR PARA ENCONTRAR ALTERNATIVAS LOCACIONAIS.
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IBAMA: "que podem existir na região, alternativas locacionais menos impactantes do ponto de vista ambiental, sem a necessidade de supressão de um importante remanescente preservador de Floresta Atlântica e sem a presença de recifes de corais na ADA (área diretamente afetada) e na AID (área de influência direta) do empreendimento;"
Comentários
Kaline Andrade
É um tema delicado o desenvolvimento. Procuro publicar reflexões do que acredito, e gosto de ouvir o contrário do que digo também.
É importante que a gente reflita esses assuntos do Complexo Porto Sul. Nesse caso, defendo outra localização mas não de agora
que eu defendo que o litoral norte, melhores praias de Ilhéus sejam conservados como um patrimônio.Mas nesse blog, não pensamos apenas nisto, mas em todos os assuntos relacionados com um desenvolvimento sustentável e uma busca integral de felicidade para todos, muito especialmente para os nossos jovens pobres.
Pretendo iniciar uma série sobre pobreza, disciminação, exclusão e assassinatos, que me deixam muito triste. Ainda ontem, no meu grupo de oração, eu rezei por esses tantos jovens que estão sendo mortos todos os dias em nossas periferiais, e que a maioria não se incomoda. Concordo muito com voce nisso.
Paulo Paiva