O Drama Ambiental na Segunda Década do Século XXI
* Ilustram esse artigo, as extraordinárias ilustrações de Peter van der Vet no livro "The Economic Revolution" de Willem Hoogendijk, 1991.
Clima, desastres naturais, enchentes, energia, os primeiros anos de segunda década do século XXI reafirmam a necessidade de mudança de rumo. E se não são bons, os tempos para o ambiente, pior para o homem.
Segue o sofrimento e os prejuízos, diante do clima e das chuvas, troco da natureza, reflexo da ocupação e desmatamento irracional, ausência de governo e de conscientização pública da educação ambiental.
O mundo não esquecerá 2011 pelas tragédias naturais, depois do terremoto de 300.000 mortos no Haiti (12/01/2010), a Tsunami do Japão (31/12/2011) seguida de acidente nuclear, e as tragédias da chuvas na América Latibal, Peru (25/01/2010) e México (04/01/2010), forçam o homem a rever sua relação de poder diante da natureza.
Assim chegamos a segunda década de um século decisivo para a humanidade, onde as relações entre humanismo, economia e ecologia irão se estreitar ao máximo, o petróleo vai declinar e o dragão do consumismo será posto a prova pela China. São anos de avisos da natureza, que anunciam que a Educação Ambiental é coisa séria, e que precisamos planejar a vida, compreendendo e respeitando os ciclos naturais.
Em busca de um mundo melhor, a ONU elegeu 2011 "Ano Internacional das Florestas", e "Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes", enquanto os católicos ousaram refletir esse cuidado com o planeta na Campanha da Fraternidade - " A criação geme em dores de parto (RM 8.22).
A tragédia de Friburgo em 12/01/2011 ganhou o título de maior tragédia natural do país, dando sequência as tragédias dos anos anteriores, de Santa Catarina (22/11/2008), de Angra dos Reis (01/01/2010), da cidade de São Paulo (22 a 26/01/2010), da cidade do Rio de Janeiro (05/04/2010) e de Alagoas/ Pernambuco (18/ 06/2010), sempre batendo recordes de níveis pluviométricos registrados em décadas.
Durante o ano, assistimos a discussão do novo código florestal no Congresso Nacional ao vivo pela TV, e vimos perplexos a ignorância e preconceito de parte dos deputados quanto às questões ambientais.
Outro fato marcante de 2011 foi o licenciamento, duramente quetionado, de uma Usina Hidrelétrica nas terras do Xingú. E para fechar o ano, mais um super derramamento de óleo no mar, só que dessa vez, o estrago não foi da Petrobrás, mas de uma empresa estrangeira, a suíça Trasocean, nos fazendo perceber que somos inexperientes nesses casos. No plano global, fechamos o ano com o fracasso da Reunião do Clima, adiando decisões, e enfraquecendo o sonhado pacto global por uma agenda ambiental.
No sul da Bahia, o projeto de um porto de minérios tomou a cena durante todo o ano, e foi questionado na imprensa nacional, enquanto a Bahia Mineração atuou como parceira do município, fez looby e propaganda pesada, sempre passando a ideia de que o porto já está aprovado, antes mesmo da decisão do Ibama.
Por outro lado, o projeto se viu ameaçado diante do movimentos organizados envolvendo especialistas e comunidades tradicionais, mobilizados contra o armazenamento e escoamento de minério de ferro em uma área de proteção ambiental.
Entramos 2012 com a boa notícia da chegada do diezel com teor de enxofre 36 vezes menor, que passará a atender a nossa frota de caminhões e ônibus em todo o país. Já os votos da economia são de “Feliz 2013”, já que não haverá crescimento, o que ajuda a baixar a poeira e a euforia de projetos como o Porto Sul, ganhando tempo para desacelerar o trem em desgoverno ambiental, e assegurar uma reflexão mais profunda sobre a defesa de um modelo racional de desenvolvimento.
A ONU declarou 2012, Ano Internacional dedicado às cooperativas, que sinaliza para o modelo de desenvolvimento que o Brasil, e o sul da Bahia precisa reforçar e investir no rumo da união social pela sustentabilidade. O grande evento do ano será a Rio +20 (04/06), vinte anos depois da Rio 92, sem mais os sonhos de outrora, e com uma pergunta no ar: Será mais uma encenação?
Para o sul da Bahia, 2012 é um ano histórico, não apenas pela comemoração do Centenário de Jorge Amado, nem por causa da construção de uma nova ponte (que só sai em 2012), mas por conta do esperado parecer do IBAMA sobre o licenciamento do Porto da Bamin, que independente do resultado, trará grandes repercussões.
Sem perder tempo, o ano começou com a imprensa regional recheada de publicidade, como uma entrevista entusiasmada do presidente da Bamin ao Jornal Agora, José Francisco Viveiros, e declarações precipitadas do superintendente do IBAMA na Bahia, Célio Costa Pinto, ao jornal Tribuna da Bahia, de que o órgão “não vê impedimentos para liberação de licenças do Porto Sul”. Uma atitude dúbia, pois não sabemos se essa é a sua opinião, ou se procede das análises técnicas realizadas em Brasília.
Um assunto tão sério, e com tantos prós e contras, não deveria ser alvo de publicidade passional, justamente pelo representante do Ibama que presidiu as Audiências Públicas, e que tem a obrigação de demonstrar imparcialidade diante de tantas controvérsias.
O fato é que, o planejamento da conservação do maior nicho de biodiversidade da Mata Atlântica brasileira estará em questão com essa decisão. Essa pe uma década em que os municípios do sul da Bahia terão a oportunidade de testar sua capacidade de gerenciamento de projetos de risco ambiental, e que chegam em bloco, exigindo responsabilidade no planejamento, senão as agressões aos ecossistemas regionais serão irreversíveis.
Aeroporto, pontes, estradas, gasodutos, minerodutos, redes de luz... Todos esses projetos exigem atenção da sociedade e do governo municipal, exigem co-participação e co-responsabilidade socioambiental, valores fundamentais para que o sonhado crescimento econômico não se torne um fiasco para ele próprio.
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