Há 45 dias da audiência pública para apresentação do Relatório dos Impactos Ambientais da nova localização para um novo porto em Ilhéus, pequenos agricultores atingidos pela nova poligonal e desapropriação, sentem-se ignorados, e inseguros. Afirmam, que não possuem as mínimas informações sobre o que pode acontecer com eles.
Formaram uma comissão, e foram à luta para entender os acontecimentos repentinos que podem mudar radicalmente suas vidas. Reclamam que não receberam a devida atenção do governo, e que não foi realizado um diagnóstico adequado sobre o impacto em suas comunidades.
Um impacto socioambiental inevitável em uma região agroflorestal. O mínimo que se pode fazer, é tratá-los com toda dignidade e respeito, ouví-los, entender o cotidiano e o que eles estão sentindo. Essa é a nossa população tradicional, de trabalhadores do campo, com longas jornadas de dificuldades, e a pressa do desensolvimento não deve atropelar o básico, que é inclusão social com respeito à identidade cultural.
E cabe a nós, missão dos jornalistas, perceber essas vozes, os lembretes desses movimentos, e publicitar, afinal, como diz o Bispo Dom Mauro, "Devemos estar com os ouvidos atentos, e os olhos arregalados para escutar a Deus, e vê-lo, nos acontecimentos de nossa vida.
São centenas de pessoas, nem todos proprietários, mas também visitantes, agregados, extrativistas do lugar, que não sabem o que pode acontecer com eles, amanhã.
Quando falamos de agricultor, nem sempre falamos dos donos das terras, mas desses trabalhadores, esses resistentes que mantêm viva a esperança de viver no campo com dignidade.
Precisamos ter muito cuidado nessa hora, e evitar qualquer a indiferênça com os que mais perdem com o projeto, pois perdem não apenas um local de trabalho, mas seu espaço sociocultural. Eles são os nossos nativos, mais autóctones e aborígenes em relação à natureza, e representam não apenas a agricultura tropical do sul da Bahia, mas, realmente, uma cultura com todos os seus valores.
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