quarta-feira, julho 21, 2010

Crise de Valores

O país que cresce e oferece novas oportunidades de desenvolvimento regional, redescobre regiões esquecidas e mergulhadas em crises de identidade. Chegou a vez do sul da Bahia também receber tais investimentos, através do desenvolvimento de projetos muito reivindicados como a duplicação da Rodovia Ilhéus-Itabuna e um novo aeroporto. Mas esses projetos vêm acompanhados de outros, que nunca pensamos, e isto tem nos provocado uma crise ainda mais profunda, a crise de valores.

Um dia desses entrevistei o jornalista Vilmar Berna, uma autoridade e referência quando o assunto é a democratização da informação, e pelo seus serviços à causa foi contemplado com diversos prêmios internacionais,como o Prêmio Global 500 da ONU.
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Vilmar me dizia que Ilhéus ainda não definiu qual é a sua vocação, qual é a sua identidade. Segundo ele, a informação é fundamental nesse processo, e ela precisa vir aliada a valores, valores esses, que são construídos através da educação. Assim, cada um toma as suas decisões em função dos valores que possui, sejam eles positivos para a coletividade, como os valores da solidariedade e da democracia, ou negativos, como os valores associados ao egoismo e a ganância. .

Vilmar Berna esteve em Ilhéus durante o lançamento da Rede Sul da Bahia Justo e Sustentável com uma mensagem muito clara: "ninguém é dono da informação, e ela precisa fluir com a menor dificuldade possível."
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Ele destacou que cabe principalmente a nós que vivemos no sul da Bahia, decidirmos o que queremos ser, e compreendermos a nossa vocação. Para Vilmar Berna, a informação precisa caminhar junta com a educação para que possamos tomar as decisões certas na construção de um mundo melhor.

Mas o que temos visto em Ilhéus de um ano para cá, desmerece suas palavras. O anuncio da construção de um Complexo Insdustrial em uma área protegida e planejada como produto turístico, desuniu a região, e recriou a guerra de informações de mão única.

É um momento sério e perigoso para a imprensa regional. Desde que o anuncio do projeto foi feito, entramos em uma verdadeira guerra de valores, onde vale de tudo para convencer que o outro é o inimigo, onde crucificamos a ética e transformamos os meios de comunicação em arma da violência.

Atordoados com esse estado de coisas, implodimos e ficamos cegos, passando a menosprezar as opiniões, principalmente, os que argumentam a contrariedade da localização do Complexo Porto Sul. Numa verdadeira chuva de informações marcadas pelo preconceito imaturo, sobrou espinhos pra todo mundo. Pra os empresários de turismo, ambientalistas e cientistas, para os grandes jornais e televisões do país, e nem mesmo a família real europeia e o jornalista Roberto Marinho, já falecido, foram poupados.

Optou-se pela polarização, e pior, organizamos o radicalismo com seus obstáculos e entraves ao direito de informação. Criou-se o ambiente dos ruídos, caímos no baú de angustias, esquecendo-se do inerente rumo comum a todos, e o nosso discurso próprio, regional, dissipou-se. Esquecemos o cacau, e passamos a investir contra empreendimentos do turismo, atividade que tanto acreditamos, noticiamos e reinvidicamos apoio durante anos.
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O clima anti-reflexão ganhou tanto espaço, que defender ou criticar o Projeto Complexo Porto Sul, tornou-se algo comprometedor, e as rodas de conversa, extremismo. Ser a favor ou contra virou rótulo de superficialidade, e, perigosamente, algumas vezes, associação a interesses economicos pessoais.
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O que não anda bem, piora quando manipulamos a informação para tentar prejudicar a imagem de um empresário considerado modelo de empreendedor, que resolve investir nessa área em projetos legítimos, porém, antagônicos à instalação de complexos de industria pesada, tida como ativo potencial e legítimo de outras vocações economicas.

Mas a informação que hoje não flui, atrasa os processos de comunicação, mas, passada a tormenta e o desespero da pressa, com certeza vai ser através dela mesmo, que voltaremos a enxergar mais claramente que a defesa da vida é uma causa da qual não podemos nos afastar.
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Algumas vezes me sinto constrangido por ser contra a localização do Complexo Porto Sul, se isto não é compreendido como resultado de um conjunto de valores que construi ao longo de toda a minha educação e exercício profissional.
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Não tem nada haver com ninguém, nem mesmo com os meus interesses imediatos, mas com minhas convicções mais profundas. Tem haver com os valores que assimilei como jornalista da área ambiental, em busca das atitudes éticas fundamentais de que falou o grande jornalista Barbosa Lima Sobrinho.
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Temos relatado em reportagens que a luta em defesa do litoral norte de Ilhéus é algo que começou muito cedo em minha vida, e de muitos ilheenses (vide reportagens). Não nasceu por acaso, não é um interesse recente; faz parte sim, de mim e de muitos, em nossos trabalhos de imitação do beija-flor apagando o incêndio que se abateu sobre essa extraordinária floresta.
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Também é importante destacar minhas crenças, não me cegam a ponto de enxergar apenas as qualidades do setor de turismo, e desconsiderar os benefícios que a grande industria poderia trazer, se não fosse necessário, para isso, utilizar uma área de conservação, um ícone da paisagem tropical.
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A história segue o seu rumo, e longe do duelo de bandidos e mocinhos das palavras, estamos diante de uma realidade que é única, e da verdade, que, no final das contas é uma só. Ou as coisas vão pro lado do bem, ou vão pra lado ruim, o certo é que estamos no mesmo barco, e não tem outro jeito senão se acalmar diante da tempestade, e aí sim, voltar a pensar, e a agir como donos autênticos de nossas opiniões, enxergando esse exercício como uma testificação da liberdade de expressão, e direito essencial de todos os cidadãos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Brasília (16/07/2010) – O presidente do Ibama, Abelardo Bayma, afirma que o empresário Guilherme Leal não cometeu nenhum crime ambiental no empreendimento residencial no Pontal da Barra do Tijuípe (BA). O empreendimento está em construção na APA Estadual Itacaré-Serra Grande (BA), mas possui a anuência do Conselho Gestor desta unidade.

A conclusão é resultado da apuração da denúncia formal protocolada no Escritório do Ibama de Ilhéus e, também, via telefone, no Sistema Linha Verde da Ouvidoria do instituto em Brasília, no dia 1 de julho. Os fiscais desta autarquia fizeram duas vistorias na propriedade e notificaram o empresário a apresentar a documentação sobre a situação do imóvel.

A empresa Modusvivendi Participações Ltda entregou a certidão da prefeitura de Uruçuca, atestando que o empreendimento residencial está em conformidade com a legislação aplicável do uso de ocupação do solo; o documento do órgão estadual CRA (atual IMA), declarando a dispensa de licenciamento para tal empreendimento; e a ata da reunião do Conselho Gestor da APA Itacaré-Serra Grande e respectiva lista da presença dos participantes, aprovando a construção do empreendimento.

“Após análise da documentação, o Ibama concluiu que o empreendimento está em conformidade com as autorizações concedidas pelas esferas estaduais e municipais”, afirmou o presidente. Segundo ele, por se tratar de um empreendimento dentro da uma unidade de conservação estadual e, em atendimento do Sistema Nacional de Meio Ambiente – Sisnama, o monitoramento e fiscalização do empreendimento deverão ser feitos pelo órgão estadual.

Ascom/Ibama

Anônimo disse...

http://www.bahianoticias.com.br/noticias/noticia/2010/07/22/69300,investigacao-em-fazenda-de-leal-continua.html

22 de Julho de 2010Tamanho da letra A+ A-Assine o RSS

INVESTIGAÇÃO EM FAZENDA DE LEAL CONTINUA
11:00:41
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Foto: Ed Ferreira

Ao contrário do que propagandeou o presidente do Ibama, Abelardo Bayma, continua em investigação o imbróglio ambiental em que o vice de Marina Silva (PV), o empresário Guilherme Leal, está envolvido, no sul da Bahia. O Ibama ainda não concluiu o relatório sobre um possível crime ambiental na fazenda Modus Vivendi Participações Ltda, em Uruçuca (BA), de propriedade de do empresário. Quem assegura é o chefe do escritório do órgão em Ilhéus, Fernando Curi. Na propriedade de 80 hectares, no litoral de Uruçuca, Leal constrói um condomínio de luxo e supostamente promove desmatamento de Área de Proteção Permanente (APP), além de executar edificações sem os respectivos Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima). De acordo com o chefe do Ibama, há “muita coisa para ser analisada” e a previsão é a de que o relatório que determinará se houve ou não crime ambiental na fazenda esteja pronto “até a próxima semana”. Informações de Pimenta na Muqueca.

Anônimo disse...

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