Drenagem de Águas Pluviais

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Ao longo do Acorda Meu Povo, refletimos ações e projetos, prioritários e estratégicos para o sul da Bahia. Para Ilhéus, referência desse territorio, a reestruturação do sistema de drenagem das águas pluviais é emergencial. Não estamos falando das inundações relacionadaa aos rios, mas de um problema muito frequente nesse país, que reflete a falta de planejamento urbano da grande maioria das cidades.
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Diversos fatores ambientais influenciam nesse drama. Em Ilhéus, na lógica do ciclo da água, vamos começar pela último caminho das chuvas, o mar. Aqui, o nivelamento mais alto do aterro da praia da orla central, em relação à cidade, não permite que as águas fluam. E foi assim que a cidade virou uma bacia, por conta de mais um impacto do Porto Internacional do Malhado.
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Nesta cidade, o sistema de drenagem pluvial não suporta as chuvas típicas dessa região. O quadro é crítico, e novas galerias precisam existir para drenar a água para o mar. Esta é mais uma ação que corresponde ao Projeto Orla Ilhéus, programa que o município precisa encampar junto ao Governo Federal.
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O crescimento deve acontecer com Saneamento Básico, que compreende os sistemas de abastecimento d’água, de esgotos sanitários, de drenagem de águas pluviais e de coleta de lixo. Isto é fundamental para a qualidade de vida da população, pois, além da falta de drenagem expor as pessoas e prejudicar a cidade, isto implica, também, em um problema de saúde ambiental.

A exposição a essa água parada, que lava a cidade nas chuvas, acentua o risco de contato com agentes causadores de ais de vinte doenças, por contaminação. E a combinação de um sistema de drenagem mal planejado com a falta de esgotamento sanitário, pode triplicar esse risco.


No ciclo da água pela zona urbana do centro de Ilhéus, outro ciclo, de problemas socioambientais se apresenta. A cidade para, ninguém pode ser enterrado, entrar no Fórum ou pegar as crianças na escola, sem enfrentar sérios transtornos, e ter contato com a água. O trânsito fica prejudicado, crianças e idosos são expostos nas principais vias da cidade - as pessoas sofrem constrangimentos.

Além da construção de novas galerias, todo o sistema de drenagem precisa ser redimensionado, mas nenhum sistema vai suportar tanta terra e restos de construção, descendo dos morros, um quadro que denuncia, que lá em cima, onde a chuva cai, obras e ocupações irregulares estão acontecendo.

Por isso, a solução desse problema não depende apenas da reforma e ampliação do sistema de drenagem das águas pluviais para o mar, mas de uma série de outras medidas para evitar a degradação dos morros de Ilhéus e vegetações de encostas. Essas medidas, como temos insistido, dependem da consecução de um Plano Diretor, através de legislação específica, licenciamento adequado e fiscalização ambiental.

As fotos denunciam a quantidade de solo que é carreado dos morros de Ilhéus em uma única chuva! Esse processo erosivo é um reflexo direto do impacto ambiental de obras e ocupações irregulares que atingem os principais morros da cidade, e da exposição do solo pela retirada da vegetação das encostas.

Como todos os problemas ambientais, os prejuízos são diários e intermitentes. Além dos riscos e transtornos, a poder público tem que gastar para reparar, concertar o estrago, conter a encosta agredida, retirar a terra das ruas, etc.
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Encostas e vegetação do Pacheco são agredidas por obras, e terrenos continuam à venda na área. Apesar das agressões serem individuais, no final, o custo é dividido com toda a sociedade, quando recursos públicos acabam sendo utilizados para reparar os danos.
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Ilustram a reportagem, registros fotográficos realizados entre 2007 e 2009.

Comentários

Pablo Junot disse…
Adorei essa reportagem. Eu não lembro ter visto na imprensa inscrita nenhuma reportagem dessa ótica. Mas vamos raciocinar, será que o poder público esta mesmo interessado em resolver essa questão? Esse tipo de obra não chama a atenção, "fica debaixo da terra". Será que eles vão querer gastar milhões para resolver uma questão que só aparece quando chove muito, ou seja, duas ou três vezes no ano. E enquanto isso, vamos convivendo, como em muitas grandes... São Paulo, Rio, Belo Horizonte, São Paulo. O asfalto não absorve a água.
Anônimo disse…
Só uma correção: os alagamentos em Ilhéus não ocorrem apenas duas ou três vezes no ano. Temos convivido com esse problema, pelo menos seis meses no ano, e, com bastante frequencia.

MC
Unknown disse…
Parabéns, Paulo!
o que está exposto no nesta reportagem, demonstra a falta de vontade dos políticos desta belissima cidade, minha Ilhéus, natal. A cidade está um caos: ruas esburacadas, a praia da Avenida, misericórdia! Só se vê grandes e pequenos empreendimentos ocupando a orla, às vistas do poder público. Esgoto a céu aberto, as encostas sem nenhum monitoramento. Vou dizer uma coisa, se ainda chovesse, da forma que era há a uns atrás, muita coisa ruim estaria acontecendo. Mas a chuva que provoca estragos por aí, está chegando. A propósito, Paulo, vem aqui em Itabuna ver o estado da cidade... Os bueiros estão abertos, para festa de certos comerciantes que lançam ali o seu lixo; outros se reservam o direito de jogar barro por cima do bueiro, sem se incomodar com sua função sanitária.

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