Ilhéus Transatlântica

O Porto Internacional do Malhado, que tantas alterações ambientais vêm causando às praias e enseada de Ilhéus, começa a sinalizar para um fenômeno econômico menos comum do que a exportação de grãos, numa resposta aos ventos da maior indústria do século XXI, o turismo.

Ilhéus não escolheu o turismo, mas o turismo escolheu Ilhéus, e nós acreditamos que investir no turismo, é mais do que investir em emprego e renda. Turismo significa investimento numa cidade melhor, mais humana e mais bonita, significa investir em nossa gente, em educação, em capacitação, no resgate de nosssa cultura e de nossa história, e na valorização das extraordinárias riquezas naturais locais.

Ora, quem diria, o atlântico porto exportador de cacau quer se transformar em um grande portal de intercâmbio com o mundo. Mas para fazer uma reflexão adequada sobre essa nova atividade, temos de voltar a refletir sobre a necessidade de planejamento e projetos para modernizar a estrutura urbana da cidade Ilhéus.
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Ano a ano, em números crescentes, os turistas chegam em Ilhéus, por terra, pelo ar e pelo mar. Faltam pesquisas e dados, mas Ilhéus já recebe cerca de 300 mil turistas na alta estação, e 1/3 deles desembarcam dos mais modernos transatlânticos da atualidade.

Os cruzeiros no Costa Mediterrânea, Costa Mágica, MSC Música, Sovereign of the Seas, Zenith, MSC Sinfonia movimentam a economia da cidade com números animadores para uma atividade que se inicia. Nesta temporada, eles atracaram 47 vezes em nosso porto, com 117.000 passageiros embarcados, dos quais, segundo empresários do setor de transporte, cerca de 85 mil visitaram a cidade, e injetaram pelo menos 15 milhões de reais na prestação de serviços de transportes, e no comércio formal e informal.

O turismo caminha a passos largos para ser a atividade econômica principal dessa região, e é por isso, que precisamos entendê-lo como uma política de governo. O número de visitantes aumenta visivelmente, ano a ano, e essa demanda, está acima do que a estrutura da cidade pode suportar. Por isso precisamos de planejamento (Plano Diretor) no nível urbano, como por exemplo, a reestruturação do sistema viário para desobstruir a velha Ilhéus.
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Existe muito que não foi feito, e mais ainda para ser feito em comunicação com o Estado e a União. São projetos estratégicos, que envolve novas avenidas e pontes, e a execução do Projeto Orla, e a urbanização de nossa Orla Central, nosso cartão postal, que tem potencial para ser transformado em um grande parque de serviços, esportes e lazer.

Os atrativos de Ilhéus para os turistas transatlânticos estão além de boas praias, mas ainda se escondem por de trás de uma janela que precisamos abrir para comunicar os valores, a história, a cultura e o meio ambiente dessa região. Abrir a janela é adquirir consciência pública de que precisamos proteger e conservar a paisagem, as áreas naturais e o acesso aos bens públicos.

Algumas ações são urgentes como estruturar um roteiro de mirantes, e ações para evitar que a ocupação irregular ameace mirantes como o Alto do Amparo. Também é precupante, a conservação do acervo histórico de Ilhéus, que é uma das cidades mais antigas e ricas em história do Brasil. É urgente um grande museu no Palácio Paranaguá, e não apenas um, pois somos um caldeirão de história sem fim - do Brasil, da mata atlântica, do índio, do cacau, da literatura, da fotografia, da Igreja Católica - em fim, temos muito mais a oferecer do que praia, a Catedral, o Vesúvio e Casa de Jorge Amado, ícones culturais, que atualmente sustentam o carisma da cidade junto ao visitante.

Os valores ecológicos do sul da Bahia também tem muito a oferecer, sobretudo pela nossa floresta e agrofloresta cacaueira, e esses valores precisam ser absorvidos em nossa educação, planos de desenvolvimento e nas atividades econômicas. O turista de hoje, ainda não consegure conhecer a floresta recordista mundial de espécies de árvores, pois o Parque da Mata da Esperança não foi implantado, e até hoje não cumpre sua finalidade de visitação pública.
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Já o Morro de Pernambuco, que também esconde sua história, apesar de se oferecer aos olhos dos visitantes, possui uma bela vista, tem praia paradizíaca com direito a fonte de água doce. É, sem dúvida, um local que precisa ser melhor conservado e viabilizado como atrativo turístico.
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Centenas de prestadores de serviços do setor de transporte de Van, Ônibus e Taxi tem na visitação trasatlântica, sua principal oferta de serviço da temporada de verão.

Os transatlânticos complementam com belas imagens a paisagem da zona urbana de Ilhéus, que, destaca-se como uma das cidades com melhor visualização desses gigantes dos mares.

O Porto Internacional de Ilhéus acaba de garantir recursos para contínuar suas obras de infra-estrutura, que infelizmente, são impactantes ao meio ambiente, e que vão agravar mais ainda o assoreamento do estuário do rio Almada e o avanço do mar no bairro de São Miguel.

É justo que nos preocupemos com a construção de um Terminal de Passageiros. O Porto de Ilhéus, assim como a cidade, precisa passar por um grande processo de abertura, descentralização, planejamento e diversificação de atividades. O nosso porto precisa se abrir mais para o turismo e a visitação, sem poesia, pois a atividade passou a ser sinônimo do fortalecimento da economia regional.

Nas fotos abaixo, um flagrante do esforço de uma família Ilheense para embarcar num Transatlântico no Porto de Ilhéus, em 2008. O Porto de Ilhéus precisa prever estrutura e assimilar o turismo como uma de suas atividades principais.

Comentários

Anônimo disse…
Fico contente com a permanência em seus estudos e publicações da utopia na crença de um mundo melhor e comum a todos, creio que só será possível mantendo a utopia presente em suas publicações.
Chamo de utopia porque acredito no caminho do humanismo e meio ambiente como uma fé para ambientar
nossos sonhos e crença na humanidade.

Vi também que Saul Barbosa continua frequente com músicas no blog. Vez por outra escuto aquele LP,não sei se lembras, que ganhei de presente quando ele esteve no Rio Há muito tempo........
parabéns,

abraços do amigo Nailton de Agostinho Maia

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