Avenida Soares Lopes - Sem projeto

PRIORIDADE ESTRATÉGICA!

A construção do Porto Internacional do Malhado cortou a orla de Ilhéus ao meio, e descaracterizou a geografia da cidade histórica. Uma decisão, um projeto, que, no mínimo, não tornou claro os seus impactos, nem mitigações, e nenhuma satisfação foi dada a sociedade. 

Esse projeto da ditadura militar desconstruiu Ilhéus, e deixou um novo cenário. Hoje temos o Porto Internacional do Malhado e a cidade com problemas seríssimos de viabilidade urbana, e é coisa do passado a belíssima cidade histórica que se debruçava sobre o mar. O que temos agora é pensar como reverter esse passivo ambiental em novas possibilidades de reurbanização criativa da cidade.

O impacto principal é o assoreamento das duas baias (Pontal e Barra), e o acúmulo progressivo de areia na orla central formando, ao longo de trinta anos, um novo terreno. A área nova é maior que o centro da cidade de Ilhéus, e pode remodelar nossa Orla de forma a criar um novo espaço de encontro, lazer, cultura, educação, esporte e negócios.

Só que não existe projeto, e a área nos convida à criatividade, pede para ser aproveitada, a exemplo da Orla de Atalaia, em Aracajú e tantos outros bons exemplos, que transformaram o espaço obsoleto e sem sentido, em marcos da dinamização cultural de uma cidade.


Passeio e ciclovia: Obras inacabadas de uma grande área, sem projeto.
Quem vê essa imensa área, tende imaginar alguma coisa, algum aproveitamento. Nem o Centro de Convenções, nem a nova ponte, deveria ser pensada, sem um projeto global - integral. Um projeto novo precisa contemplar toda as pessoas, e necessidades. Novas pistas, passeios, ciclovias, parques infantis; uma arena para uma grande diversidade de esportes; espaços de comércio alternativo, restaurantes, bares, centros de artesanato e cultura; restauração da autoria de Burle Marx para o parque que existe atualmente; novos parques, jardins, lagos e faixa de proteção de restinga, enfim, muito podemos, e devemos planejar para a nova Orla Central de Ilhéus.

A Orla Central é o nosso Cartão Postal, junto com o Morro de Pernambuco e o Parque Municipal da Boa Esperança. Se formos inteligentes para alavancarmos um projeto para essa área, estaremos recuperando a identidade, e a auto estima para o nosso espaço urbano, acessível, democrático e criativo. 

Vamos deixar para trás o histórico de intervenções pontuais, sem consensos, obras descontinuas, inacabadas, além, é claro, de problemas com o IBAMA. A falta de planejamento provocou a construção de um Centro de Convenções (o IBAMA embargou durante anos) e uma Concha Acústica em bloco, que sugerem o pior tipo de ocupação da área; obras próximas à primeira pista, encobrindo a paisagem litorânea e desconsiderando um projeto global de planejamento para essa área tão nobre.


Outras cidades brasileiras como Aracajú (foto acima e abaixo) aproveitaram suas orlas para alavancar o turismo. A reurbanização da Praia de Atalaia, o que eles chamam de Complexo Orla custou) 11 milhões. Em grande estio o Complexo Orla dessa cidade tem lagos com pedalinhos e fonte luminosa, maior oceanário do nordeste, áreas preservadas de restinga com passarelas sob a vegetação, monumentos, centro cultural, centro de artesanato, lojas , área para mega shows, pista de skate profissional, ciclovia por toda a orla, Kartódromo oficial, pista de Cooper, uma cidade infantil (Mundo Infantil), maior complexo de quadras de tênis do nordeste, etc. Essa obra elegeu o então prefeito da cidade, governador de seu estado, sendo divulgada como a maior área de lazer e esportes radicais em área aberta da América Latina.

Foto de Divulgação da Secretaria de Turismo de Aracajú

Comentários

Pedro Müller disse…
Fruto de grande equivoco de planejamento ambiental e descaso do poder publico, hoje, colhe-se os "frutos podres" de tais iniciativas.Uma outrora linda e util orla, hoje, uma vergonha para toda uma comunidade.

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