Novo Porto no Sul da Bahia não deveria ser projeto de curto prazo
LOCAL ONDE ESTÁ SENDO LICENCIADO O ACESSO AO PORTO DA BAHIA MINERAÇÃO NO LITORAL NORTE DE ILHÉUS.
TEXTO DE PAULO PAIVA E FOTO DO ACERVO DE JOSÉ NAZAL.
O Brasil vende uma mina de ferro para um empresário cazaquistanêz ganhar com o desenvolvimento acelerado na Ásia. Esta é a realidade econômica. Precisamos exportamos matéria prima bruta, minérios, madeira; trocamos minério de ferro por celular, e ainda somos fornecemos de mão de obra.
Nesse caso, o governo ofereceu uma mina de ferro, e a Bahia Mineradora comprou os direitos de exploração. Precisamos exportar esse minério com urgência, e para isso precisa encontrar alternativas rápidas, nem sempre precisas. Uma das questões que essa pressa nos atormenta, é a dificuldade de um planejamento mais detalhado, um crescimento industrial com conservação ambiental e garantia de proteção da identidade, cultura e vocações do sul da Bahia.
O que nos desperta a atenção é o projeto do Porto Sul, com toda sua concepção logística, parte da grande infraestrutura nacional de comunicação interna e externa. Mas o minério de ferro nos assusta ao assumir o carro chefe do projeto, e numa localização portuária com várias impropriedades.
Até hoje, ninguém tem certeza, quais são os níveis de impacto, como na questão da contaminação, seja nas roças de cacau, na floresta, na água doce, e nas águas do mar. Mas a maioria do povo não quer se preocupar com nada, prefere seguir a mentalidade imediatista do emprego, sem refletir o desenvolvimento de longo prazo.
Sabemos que existem alternativas de escoamento desse minério pelo Porto de Aratú, à partir do um entrocamento na mesma ferrovia. Mas se ficar claro para nós, que o minério de ferro não polui, não contamina, que a tecnologia é boa, a melhor, a mais moderna, eu acredito no Porto Sul, mas no tempo das coisas serem planejadas sem atropelamentos.
Esse Porto Sul, como foi anunciado, que prevê um nó logístico avançado, com diversas outras estruturas para exportação de diversos produtos, atraindo industrias, poderia ser instalado respeitando todas as leis ambienatais. Ainda mais acreditaria se ele estivesse pautado em um modelo de produção, comunicação e transportes de baixa geração de caborno, atraindo e irradiando um comércio limpo de toda impureza, tecnológica, ecológica ou social.
Assim sendo, as coisas acontecendo no tempo certo, com a transparência necessária dos impactos, poderíamos ter um Porto Sul sem enganos que podem trazer graves consequencias de longo prazo, como nos trouxe o Porto Internacional do Malhado.
Seria muito bom, sonhar com um trem, também, de passageiros, o bem mais valioso, nos religando à amazônia. Uma ferrovia e um porto que concontre uma alternativa locacional, que utilize mais o ecossistema como referência para o planejamento territorial, evitando desmatar.
O médio prazo é requerido também, para que a região possa ser preparada com a infraestrutura urbana e a dinâmica social necessária para a implantação de um projeto dessa envergadura, sem causar transtornos a população.
Precisamos de um tempo diferente do rítmo do minério. Existem traçados de menor impacto para a vegetação e a paisagem na faixa no litoral entre Ilhéus e Una. E, se a indefinição das terras com os índios for o problema maior, que o impasse seja resolvido, antes. Os recursos envolvidos nesse projeto, certamente, poderiam ajudar a equacionar essa questão.
Sabemos que Ilhéus tem o determinismo geográfico ideal para um grande porto, mas as tecnologias, e os impactos precisam se adequar à nossa realidade. Não queremos repetir o passado, quando construímos um porto que a população soubesse dos impactos que aconteceriam depois, e nem desejamos um porto que venha a não ter importância para a exportação quando o minério acabar, como hoje acontece com o nosso porto internacional "do cacau".
Não podíamos imaginar o desenvolvimento de um porto só com o cacau, e nem podemos em um porto só para o minério de Caitité, bem não renovável e finito. Cabe ao governo nos mostrar o planejamento do Porto Sul, além da transitoriedade do porto da Bamin, coisa que foi feita.
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