quinta-feira, julho 05, 2012

Nossa Homenagem a Zabelê Pataxó: A Anônima Missionária do Brasil

Texto: Paulo Paiva

Seu nome branco, Luciana Ferreira, mas na sua identidade Patáxó chamava-se Zabelê. Ela nasceu no Monte Pascoal, testemunhou a tortura e assassinato de seus pais bo Massacre de 1951. Andou errante com seu povo, por toda a sua vida, em busca de um canto de floresta para viver. Morreu ontem à tarde, aos 79 anos, refugiada no Parque Nacional do Descobrimento-  extremo sul da Bahia, sem o sonhado pedaço de chão brasileiro, que lhe fora dolorosamente arrancado, junto cmo as suas raízes.



O POVO PATAXÓ ESTÁ DE LUTO (Acesse o Blog Reserva Pataxó Aldeia Velha)

Ela nasceu no meio da mata do Monte Pascoal lá se criou (sempre morou no meio do mato, não gosta de morar no lugar cheio de gente, não sente se bem). Seu pai por nome de Emilio, para sustento da família, caçava e sua mãe Salvina cuidava para eles comerem, só que eram assados, eles não comia feijão, arroz, farinha, nada disso e nem conheciam essas coisas. Só comia mandioca cozida e os bichos do mato (tatu, paca, macaco, cutia, tigê) e com isso acostumou não é toda comida que ela come.

Foi uma das vitimas do massacre de 51 marco na historia do povo Pataxó, guerreira que lutou vários anos pela conquista do território Pataxó, sobretudo na área de Cumuruxatiba. Ela era uma das únicas pessoas que falava o Patxohã (língua do povo Pataxó) fonte de pesquisa de vários pesquisadores. Perdemos um livro, uma guerreira e liderança uma das poucas que se preocupava com seu povo.

Nós não te esqueceremos jamais, mãezinha Zabelê. Tú és o vigor da verdade, o verde das florestas, o retrato da história errante, e a certeza de dias melhores. Tú és uma ternura para se lembrar, a missão por cumprir, os olhos da justiça desfeita. Tudo lhe tiraram, menos o intangível: a memória, tradição, sua lingua nativa - tupsai, sua dignidade de mulher, e a sua esperança por "um pedaço de terra". Mãezinha do Brasil, dormi em paz e tranquila, pois, se o amor dos homens, mesmo depois de 500 anos, ainda não pode te enxergar,  em Deus serás forte iluminadora para reconstruir os valores morais, culturais e socioambientais do povo brasileiro.

Te conhecer foi uma grande honra! Jamais serei o mesmo.



Um comentário:

ZIG disse...

Meu orgulho de ser dessa terra e de ser Pataxó !! Sempre lembrarei de minha tia-avó !