quinta-feira, dezembro 17, 2009

Duplicação da BA 415: ================= O Desenvolvimento Encalhado

Ao final de cada ano, quando percebemos o andar da carruagem, dos dias e dos mandatos, fazemos uma reflexão sobre as nossas conquistas e derrotas.

Desde que o dinheiro do cacau ficou pouco, nossas conquistas tornaram-se lentas. Nossa derrota, o tempo em que as coisas acontecem ou não acontecem. Vivemos de promessas, décadas de promessas; tempo de atraso que nos coloca no fim da fila do desenvolvimento e no topo do baixo índice de desenvolvimento humano.

Não temos como deixar de manifestar nossa tristeza ao vermos as cidades do sul da Bahia, sem o básico: falta de água, saneamento, ruas e estradas. Feira de Santana, Vitoria da Conquista, Santo Antonio de Jesus, as cidades da Bahia cresceram muito, e chegaram ao século XXI, diferente de nós, que seguimos sangrando os feitos do passado, em uma terra palco das riquezas naturais e da injustiça social.

Algum investimento chegou por aqui, como ações de infra-estrutura em alguns bairros carentes, como o Teotônio Vilela, em Ilhéus. Mas são investimentos tímidos, quando se trata de resgatar uma região do abandono. Nossas grandes reivindicações, pauta permanente desse blog, não são atendidas ano após ano. E nos alimentamos de promessas políticas, de chocolate, de aeroporto, de zona de exportação, de região metropolitana, enquanto uma "velha geração", que tanto sonhou com essa terra, deixa a vida, sem que nada aconteça aos seus olhos.

A duplicação da BA 415 e construção do semi anel rodoviário de Ilhéus e Itabuna é uma dos capítulos emblemáticos dessa eterna espera por apoio do estado e da união. Uma obra essencial para o desenvolvimento e a formatação de uma futura região metropolitana, que só agora, no final de mais um período administrativo se promete realizar. Será que podemos esperar?

Agora, nossa sonhada duplicação aparece associada as apresentações do Projeto Porto Sul. Sem nuances políticos, não gostamos disto. Queremos e sabemos o que precisamos. Dói ver mulheres e crianças dentro dos esgotos de Coaraci e Itajuípe, Ilhéus e Itabuna sem ruas, nossos jovens pobres sendo consumidos pela morte injusta, tanta pobreza, tanto pra salvar. Eis uma terra imobilizada pelo tempo lento em que as ações do governo se efetivam.

Precisamos superar esse problema de comunicação com o governo, que nos impede de mostrar as nossas riquezas e as nossas carências, e nos exclui da cidadania, e do processo de desenvolvimento. Queremos escolher o nosso destino e cuidar do que é nosso, traçando os nossos rumos com nossa própria vivência, e protagonizando o futuro pela experiência que temos de trabalhar, e acreditar em nossos sonhos.

Estamos alertas para que o governo cumpra a promessa da duplicação da BA 415 e construção do semi anel rodoviário de Ilhéus e de Itabuna, interligando a zona rural e a BR 101, com as zonas litorãneas norte e sul da Costa do Cacau. Estamos também alertas para sejam respeitados os conhecimentos produzidos em nossa região para a elaboração desse importante projeto, aproveitando, ao máximo, estradas já abertas, evitando assim, o desmatamento e a degradação ambiental, que não podem ser prerrogativas do desenvolvimento do sul da Bahia.

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