sexta-feira, junho 06, 2008

Amazônia, um Crime em Números

A Amazônia, descrita como “um mar de florestas num oceano de água doce”, pelo alemão Robert Avé-Lallemant, no seu livro Rio Amazonas, de 1859, é um dos grandes temas transversais da educação humana, e é inspiração para o mais profundo debate sobre a sustentabilidade do desenvolvimento. Mas no momento, vamos nos deter à matemática dos seu números de preservação e de desmatamento, nessa que é a maior floresta, o maior reservatório de água doce disponível, a maior biodiversidade e a maior concetração de povos isoladas do planeta.
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Tudo é muito, e maior, quando nos referimos à Amazônia. Ela corresponde a 60% do território do Brasil com 5.2 milhões de Km2, ou, para compreender melhor essas dimensões, 520 milhões de hectares, abrangendo os estados do Pará, Amazonas, Maranhão, Goiás, Mato Grosso, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima. O Brasil tem 60% da região amazônica, que também inclui a Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela, totalizando cerca de 7.5 milhões de Km², ou, 750 milhões de hectares.

Tambem é muito grande, a agressão contra esse patrimônio, e são altíssimos os números que representam o seu desmatamento. Uma situação alarmante e que parece inevitável, tanto que hoje, comemoramos, quando o ritmo de desmatamento cai. A área cumulativa desmatada na Amazônia legal brasileira chegou a cerca de 653.000 km2 ou 65 milhões e 300 mil hectares, em 2003, o que corresponde a 16,3% da região e vem diminuindo rapidamente o tamanho da floresta. .
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DESTRUIÇÃO EM NÚMEROS CRESCENTES

As estatísticas de desmatamento anual giram em torno de 17.065 km2, ou 1 milhão e 765 mil hectares. Mas voltou a crescer no período agosto de 2006 a julho de 2007, em que foram desmatados 4.974km2, ou 4 milhões, 974 mil hectares; de agosto de 2007 a abril de 2008, em apenas nove meses, já foram constatados 5.850km2, ou, 5 milhões, 850 mil hectares desmatadas, segundo informações preliminares do Ministro Carlos Minc. A maior parte dos desmatamentos detectados no período se concentram nos estados do Mato Grosso, Roraima, Pará e Rondônia, uma situação que está diretamente relacionada com as políticas de incentivo à agricultura, e ao pedido de demissão de Marina Silva.

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ABRIL DE 2008: RECORDE DE DESMATAMENTO

No último mês de abril o sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), detectou novos recordes históricos, um desmatamento oito vezes maior que a média em apenas um mês. Foram 1.123 km², ou 1 milhão, 123 mil hectares da floresta, uma área do tamanho da cidade do Rio de Janeiro, que sofreram corte raso ou degradação progressiva, apenas no mês de abril. Só o estado do Mato Grosso, desmatou 794 km², ou 794 mil hectares, seguido de Roraima, com 284,8 km², ou, 284,8 mil hectares.

Nesse caos, ainda precisamos levar em consideração, que os satélites não captam desmatamentos menores de 25 hectares, nem contabiliza a extração isolada de madeira, e nem a caça predatória.

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A MOBILIZAÇÃO DOS ARTISTAS (click na foto)

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Quem sustenta essa tragédia verde, movida pelo fogo que transforma a Amazônia em cinzas, destaca o Brasil como grande poluidor da atmosfera, e açoita os povos da floresta, são os proprietários do maior rebanho bovino do planeta e os megalatifundiários da soja, a maior e mais lucrativa monocultura brasileira da atualidade. A especulação da madeira e dos minérios são coadjuvantes neste cenário de devastação irracional.
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AS ÁREAS PROTEGIDAS AINDA SÃO A MENOR PARTE


A principal estratégia do governo para conter o desmatamento, é a ampliação das áreas protegidas, ou, unidades de conservação. A meta atual da ARPA - Programa Áreas Protegidas da Amazônia, para os próximos dez anos, é a criação de 50 milhões de hectares de áreas protegidas, 41 milhões em unidades de conservação de proteção integral (parques nacionais, reservas biológicas e estações ecológicas), sendo 28,5 milhões de novas áreas e 12,5 milhões de áreas pré-existentes. Outros 9 milhões de hectares são destinados as unidades de conservação de uso sustentável, as reservas extrativistas e as reservas de desenvolvimento sustentável.
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As Unidades de conservação afastam a grilagem das terras, mas não significam garantia plena de conservação, já que também são alvo do desmatamento e todo tipo de pressão humana. Por isso, precisam não apenas serem criadas, mas serem implementadas e monitoradas. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá, com 1,124 milhão de hectares, onde a população tem regras de uso para a pesca e a retirada da madeira obedece a um plano de manejo, e a destruição da floresta tende a zero, é um bom exemplo.








Agora, novo ministro do meio ambiente, e a luta para avançar com o Plano Amazônia Sustentável, continua. Entre as metas para os próximos anos, entao a criação de novas unidades de conservação, e uma série de ações para apoiar os projetos sustentáveis na região, que gere emprego e renda com a floresta de pé, como sonhou Chico Mendes. A tempo, o Ministro Carlos Minc tenta disse que irá criar o Fundo Amazônico e pretende, com ajuda internacional, 1 bilhão de dólares para projetos sustentáveis.
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O cerco contra os madeireiros e fazendeiros ilegais na amazônia continua se fechando. O governo, finalmente, proibiu o corte de mogno, e procura penalizar todos os integrantes da cadeia produtiva do desmatamento. Para isso, está recadastramento das propriedades, cobrando a Reserva Legal, criando empecilhos para a produção e comercialização de produtos oriundos de áreas desmatadas ilegalmente, como bloqueio de financiamentos oficiais, penalidades para as empresas que comprarem desses produtores e, através da Operação Bio Pirata, o ministro Carlos Minc promete apreender os rebanhos criados nessas áreas.

Também procura-se aprofundar a fiscalização dos empreendedores internacionais, para separar dos lôbos, que querem se aproveitar das brechas na lei brasileira para assenhora-se de nossas riquezas, das ovelhas que querem ajudar a Amazônia e seu povo. Hoje, já existem 5.000 propriedades tituladas em nome de estrangeiros na Amazônia Brasileira; existem também, cerca de 10.000 ONG´s presentes na região, ao passo, que no semi-árido nordestino, onde 10 mihões de pessoas passam fome, elas inexistem. Isto evidencia uma nova ordem da especulação econômica, que se disfarça no manto da ecologia, e que não se importa com os brasileiros, e sim, com a nossa riqueza.
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Saiba mais sobre a Amazônia com as nossas sugestões de leitura (abaixo). Fique por dentro de um dos assuntos centrais do desenvolvimento sustentável mundial. Seja um brasileiro de verdade, consciente da riqueza que você tem em suas mãos e se torne responsável por ela.
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Bom Dia Brasil:
Parque no Papel Revista Época
Dossiê Amazônia Brasileira:

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