Ir à Lagoa Encantada e voar sobre a APA nesta semana para novas fotos exclusivas revelou uma ocupação irregular escandalosa, que que até agora se manteve muito silenciosa. Durante a segunda audiência do EIA-RIMA
do Porto Sul, a promotora pública da Bahia, Doutora Aline Valéria Archangelo
Salvador apontou que era fundamental que políticas públicas antecedessem a instalação do complexo. Três anos depois, aconteceu muito pior que o imaginado, e as localidades previstas inicialmente para um aeroporto e novo porto tornou-se alvo de uma invasão de movimentos populares. São áreas públicas, e algumas delas, impróprias à ocupação.
As invasões na APA
da Lagoa Encantada e Rio Almada se apresenta como um manifesto popular, e uma forma
de ocupar, e questionar a sociedade. Um ato coletivo de ocupação de áreas públicas, e de conservação, e não devemos esquecer que na mesma região, muitas propriedades privadas, também estão invadindo áreas de uso público, e descumprindo a legislação ambiental Alguns devem ter a necessidade, mas é notório que outros se aproveitam da oportunidade.
É surpreendente o tamanho do que se apresenta como um “novo
bairro”, uma frente de quilômetros de invasões às margens das rodovias, e várias bandeiras de movimentos sociais. Um lugar sensível, envolvendo APP`s, se expande como uma frente aberta sobre a mata raríssima remanescente em cordão arenoso. Algumas ocupações não pouparam sequer às margens do pequeníssimo riacho que formam a
barrinha do Joia do Atlântico.
O debate entre os interesses
econômicos, o público e o privado pode ser relativo, mas a conservação é um
direito da coletividade, sem condicionantes. É contundente que o poder público executivo,
e o legislativo ilheense defina claramente qual o modelo de uso e ocupação do
solo no litoral norte de Ilhéus, e comunique a população as suas decisões. Existe uma frase sobre essa APA do
saudoso Coronel Guilhardes de Urucutuca em nosso vídeo sobre a Lagoa Encantada,
que não me sai da consciência: “É preciso dizer ao povo o que é certo e errado,
o que pode e o que não pode fazer”. O modelo Joia do Atlântico
precisa ser alvo de reflexão pela nossa sociedade. É possível planejar e
definir um plano de ocupação que garanta a qualidade que ainda temos no futuro,
e com toda a pressão especulativa que atraia esse litoral. Precisamos pactuar
um plano diretor, socialmente aceito, justo, democrático, e mudar a situação atual.
Mexer nas matas ciliares dos
riachos que formam nossas barrinhas, não pode. Não podemos mexer em mata
remanescente, sem definir sua estratégia local de sobrevivência, não podemos
ocupar aterrado rio, como não podemos admitir loteamentos, e outros
empreendimentos, que não assegurem na forma da lei a proteção de remanescentes compensatórios.
Não deixemos de criar um mosaico de vegetação nativa protegida formando
corredores biológicos, mantendo as águas, os guaiamuns, a nossa paisagem cheia
de riqueza. E ricos, ou pobres, temos que cantar o verso de Ivan Lins: Depende
de nós!
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Invasão é organizada espacialmente, mas a frente não tem fim. |
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O novo bairro na APA merece reflexão da sociedade sobre as regras da ocupação do solo em Ilhéus |
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Surge um novo bairro popular na área próxima ao local inicialmente previsto pata o novo aeroporto de Ilhéus. |
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A falta de uma norma, exigências e reclamação tronou normal a abertura de áreas protegidas com o uso do fogo. |
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Um plano diretor deve ordenar a ocupação em todo o município. |
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Inadmissível ocupação do riacho do joia do Atlântico |
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É dever do poder público definir e ordenar a ocupação do solo. |
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Joia do Atlântico - Barrinha ameaçada |
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Riacho continua a ser agredido |
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um novo bairro surge: Quais os seus limites? |
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Áreas de matas estão sendo suprimidas, perda cega sem compensação. |
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O modelo Joia do Atlântico precisa ser repensado |
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O debate das classes, o publico e o privado se somam nessa reflexão. |
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