O Corredor Ecológico Esperança Conduru


Mais informações sobre o Projeto Corredores Ecológicos do Sul da Bahia, você encontra no site Esperança Conduru, que trás entrevistas com os gestores das quatro Unidades de Conservação do corredor ecológico, reportagens sobre projetos socioambientais e iniciativas inovadoras na região. Também disponibiliza um acervo multimídia, que inclui diversos documentos, mapas, fotografias e vídeos sobre o Corredor Ecológico.
por Paulo Paiva

Há pouco mais de uma década, o sul da Bahia criou um projeto ousado para proteger a Mata Atlântica. A construção da BA-001 (Rodovia Ilhéus – Itacaré), pelo Programa de Desenvolvimento do Turismo – PRODETUR, alavancou uma série de projetos socioambientais, visando conciliar a proteção da floresta com o desenvolvimento humano, através do turismo sustentável, e busca de arranjos produtivos sustentáveis. Como compensação ambiental da estrada, a sociedade civil e governo acertaram a criação do Parque Estadual Serra do Conduru - maior unidade de conservação estadual da Mata Atlântica, abrangendo a proteção integral em 9.257 hectares. Também criou, e ampliou, em seu entorno, duas Áreas de Proteção Ambiental, a APA Costa de Serra Grande/Itacaré, com 62.960 hectares, e a APA da Lagoa Encantada e Rio Almada, com 157.745 hectares.


Na fotografia de Fábio Coppolla (acima), o verde do Conduru, principal remanescente do Corredor Ecológico, atrai cada vez mais a atenção da sociedade, de cientistas, estudantes, turistas, e amplia sua rede de parcerias com as comunidades da região, ONG´s, empresários e voluntários do desenvolvimento socioambiental. Abaixo, mais um clik do artista, retratando a APA Costa de Serra Grande / Itacaré. 

A extraordinária riqueza natural do circuito Ilhéus-Itacaré ganhou notoriedade, atraiu visitantes, e investimentos associados à conservação. Tornou-se uma referência internacional de turismo ecológico, e um dos principais polos de busca de inovação e boas práticas que tentam conciliar a conservação florestal e ambiental, com o desenvolvimento humano.

A proposição do Corredor Ecológico estre Ilhéus, Uruçuca e Itacaré tem cara, e resume bem, o teor das sementes que foram plantadas anos atrás, frutos de decisões acertadas para o desenvolvimento do sul da Bahia. Com uma visão da conservação ambiental em nível regional, o projeto, denominado Corredor Ecológico Esperança Conduru trabalha com o planejamento de contínuos florestais, reconectando fragmentos isolados. No seu extremo em Ilhéus, o início desse último grande refúgio da Mata Atlântica nordestina, se apresenta solene, através do  centenário Parque Municipal da Boa Esperança, que protege 437 hectares de remanescentes em planos limites urbanos da cidade de Ilhéus.


Na foto de José Nazal, o Parque Municipal da Boa Esperança, contínuo com a área urbana central da cidade de Ilhéus. Tem um potencial extraordinário para receber milhares de turistas, e promover o extraordinário repertório de valores da conservação que estão relacionados ao nome dessa floresta de Ilhéus, e do sul da Bahia, hoje, recordista de biodiversidade, mas já historiada desde as primeiras décadas após o descobrimento. Infelizmente, o município ainda não entender que o parque é um equipamento que pode trazer lucros diretos, econômicos, e indiretos para a imagem de Ilhéus.   

Na realidade, trata-se de um minicorredor, dentro do Corredor Central da Mata Atlântica, que abrange do sul da Bahia, e o estado do Espírito Santo, que, somado ao Corredor da Serra do Mar, compreende a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica - título da UNESCO para os bens considerados “Patrimônio da Humanidade”. Atualmente, um grande número de instituições públicas, organizações sociais e empresas, atuam na gestão dessas áreas protegidas.

O projeto “Planejando Paisagens no Corredor Esperança Conduru”, concebido pelo Instituto Floresta Viva com o apoio do Ministério do Meio Ambiente, tem norteado as ações, que envolvem mobilização social, promoção da informação, capacitação de agricultores, demarcação de reservas legais, apoio a criação de reservas particulares e reflorestamento. O Corredor Ecológico Esperança Conduru é considerado um hotspot, expressão utilizada para descrever os biomas com maior biodiversidade, e que estão mais ameaçados em todo o planeta. Ele detêm o recorde mundial de espécies lenhosas por hectare, e estudos recentes indicam tratar-se do trecho de maior biodiversidade de todo o litoral brasileiro.

As qualidades desse corredor estão alem das extraordinárias paisagens, e abrange dezenas de comunidades tradicionais de pequenos agricultores, ribeirinhos, quilombolas e pescadores. O futuro do corredor depende também, da valorização das atividades econômicas tradicionais, do incentivo às tradições e saberes regionais, e de uma economia diversificada. A atividade tradicional do sistema cacau-cabruca, sistema centenário de plantio que ajuda a proteger a floresta, e mantem alta biodiversidade, também é fundamental.

Mais que é um projeto, o Corredor Ecológico é um programa permanente, que olha para um futuro, onde ilhas verdes, hoje isoladas, estejam reconectadas, favorecendo os ciclos vitais da Mata Atlântica (biológico, hídrico e climático), e de seus ecossistemas associados (restingas, manguezais, costões rochosos, brejos, campos, lagos, rios e bancos de corais). Mas esse futuro só será possível, se esses valores estiverem inseridos na cadeia produtiva, e no cotidiano das pessoas, e de forma mais ampla, promovendo a educação, o desenvolvimento científico e a cultura do sul da Bahia.                                                                                                                                                                                                                     

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