Vídeo Ecologia
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Quando iniciamos a mobilização nacional pela Educação Ambiental, no início da década de 90, instituições públicas e privadas, técnicos do governo e a sociedade civil organizada, todos somávamos esforços para definir seus princípios, referênciais teóricos, atores envolvidos, os rumos de sua institucionalização e os meios para a formação de redes de ações integradas.
Com um caráter eminentemente multi e interdisplinar, a Educação Ambiental exigia de cada profissional, a definição de sua função no processo de construção de um novo modelo de desenvolvimento, gerando agendas específicas nas mais diversas áreas do conhecimento humano. A comunicação social, desde o início, tem demonstrado ser uma área estratégica e fundamental.
Foram definidas então, as suas linhas de atuação, "formal- curricular"; "informal - atribuída a todas as outras formas de educação fora do ambiente escolar", e "não formal", relacionada a atuação dos meios de comunicação. Para nós jornalistas, publicitários, produtores cinematográficos, etc, ganhamos a enorme responsabilidade de participar ativamente no processo de construção de uma cultura ambiental no Brasil visando as três linhas de ação. Mas para isto, era necessário, primeiramente, uma especialização dos comunicadores para a abordagem das questões ambientais.
Para além dos modismos, novos produtos de comunicação, e uma nova linguagem começou a ser produzida na pauta do jornalismo científico e jornalismo ambiental, na produção de campanhas, no vídeo ecologia e na difusão de novas tecnologias de comunicação.
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A TV e a produção cinematográfica passou a buscar essa nova linguagem, social, ambiental e cultural, através da atuação de novos profissionais, buscando reforçar seus aspectos educativo e documental. O vídeo produzido em parceria com as comunidades, passou a ser utilizado como um instrumento mobilizador e agregador de conteúdos. Uma nova linguagem passou a ser desenvolvida como um suporte aos processos educativos, e como um instrumento de reforço das lutas sociais, e de inclusão tecnológica.
Apesar disto, os projetos sociais e ambientais sempre abordaram o vídeo timidamente, mas esta é uma realidade que tende a mudar. Durante muito tempo, eram poucos os vídeos produzidos, em geral, vídeos de natureza, a maioria importados. Trilhamos esse novo caminho nessas duas décadas para fazer o nosso cinema e o nosso vídeo, com a nossa cara, nossa identidade, nossos bichos e florestas.
A experiência nos fêz descobrir que o vídeo ecologia não deve estar pautado apenas em uma intervenção pontual, precisa ir para o centro do processo, documentando as ações, e funcionando como elemento favorecedor da participação, diálogo e intercâmbio de informações. Outra característica desse tipo de produção é que mesmo necessitando de uma preocupação estética acentuada, ela exige mais que qualidade técnica, exige conteúdo, que reflita a complexidade das questões ambientais, e permita a compreensão científica do meio ambiente, numa linguagem acessível e popular.
......................................... Em 1990, ensaiamos os primeiros passos, com recursos próprios, pela inclusão da linguagem audiovisual nos projetos ambientais. No Projeto Reflorestamento de Encostas do Instituto de Florestas do Estado do Rio de Janeiro, incorporamos o vídeo na vivência comunitária das comunidades de morros. Nesta mesma época a empresa Savagett Produções, numa parceria com a Fundação Roberto Marinho, estreava o Globo Ecologia, onde tivemos a oportunidade de exibir nossas imagens e metodologia, no
O sucesso de nossa proposta levou o Instituto a apoiar o vídeo As Florestas Garantem a Vida para o seu programa de Educação Ambiental, trazendo a linguagem técnico-educativa para o audiovisual, auxiliando a capacitação de professores. Com o sucesso da proposta, convencemos a diretoria a adquirir equipamentos, viabilizando novas produções.
................................ O vídeo educativo "As Florestas Garantem a Vida" foi apresentado no Fórum Global da Rio 92, trazendo a linguagem técnico-educativa para traduzir a importância das florestas para a proteção dos rios, manutenção do pontencial hídrico e da disponibilidade de água para o consumo.
Mas ainda teríamos um grande caminho a percorrer para que o governo, empresas e ONG´s percebessem como o audiovisual é estratégico no processo de informação e educação. Poucas ONGs perceberam a importância do vídeo. Bons exemplos são o Ibase, de Herbet de Souza (Betinho) e a Fundação Biodiversitas, de Minas Gerais, que sempre utilizou o vídeo em sua atuação.
Em 1996, o vídeo foi um dos propostas vivenciadas no programa educativo dos jovens da Brigada Mirim Ecológica da Ilha Grande, em Angra dos Reis. Um dos frutos veio através do Ibase, na "Ação da Cidadania contra a Fome", que incluiu nosso projeto na Campanha divulgada na Rede Pública de TV.
Em Ilhéus, integramos o vídeo no Programa da Universidade Livre do Mar e da Mata – MARAMATA, onde realizamos diversas produções, entre elas o documentário Viagem ao Mato Virgem, em 1998, que registrou a primeira versão da Canoagem Ecológica Pontal-Banco da Vitória, que retrata a memória da visita do jovem príncipe Maximiliano de Habsburgo a Ilhéus, em 1860. O vídeo tem a narração da saudosa psicóloga, pedagoga e promotora cultural Carla Mendes, já falecida.
O registro da primeira canoagem ecológica de Ilhéus, realizada em 1988, foi transformada num documentário educativo, contando com a participação do Embaixador da Áustria no Brasil.
Em 2003 fomos convidados pela Associação Brasileira de Apoio aos Recursos Ambientais - Abará e o Centro de Recursos Ambientais da Bahia - CRA, para um desafio extraordinário: documentar as ações do projeto “Descobrindo a Natureza” (Parte 1 e Parte 2), no paraíso que chamamos Lagoa Encantada, e suas vilas e povoados. Nesta experiência já tínhamos a exata noção que o Vídeo Ecologia precisava contar com a metodologia participativa na sua realização, e mais que um produto educativo, o vídeo assumiria um papel de interlocutor entre os diversos atores, e num memorial das ações e processos sócio-ambientais.
O documentário sobre a Gestão da Lagoa encantada obteve grande aprovação por parte dos gestores ambientais e das comunidades envolvidas, tornou-se um entidade com vida própria, e já foi visto por mais de dez mil pessoas.
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Ainda numa parceria com a Maramata e a Fundação Cultural de Ilhéus, realizamos a primeira mostra de vídeos sócio-ambientais de Ilhéus, a Ilhéus Eco Cine 2004, com exibição de mais de 100 títulos e a realização de uma Mostra Paralela que premiou os melhores documentários ecológicos regionais. Nesta ocasião, adquirimos um variado acervo de documentários ecológicos e sociais para estas instituições.
Aurelino Alves dos Santos, o Oreco do Bumba Meu Boi da Vila de Urucutuca, um dos valores culturais resgatados pelo vídeo da Lagoa Encantada. O Vídeo cumpre cumpre assim, sua função memorial.
Em 2007, dirigimos o vídeo Agricultura Familiar e Agroecologia, para a CEPLAC e a produtora Câmera Hum. O vídeo trás uma mensagem técnica e promove valores sócio-ambientais. Na sua produção, contou com a participação de agricultores de Maria Jape e da comunidade rural do Assentamento Frei Vantuy, no Banco da Vitória.
Este é o caminho que continuamos trilhando nesse país imenso e rico, pois a democratização desta linguagem ainda tem uma longa estrada para percorrer. Por isso precisamos incentivar e apoiar, em todos os níveis, a sua produção e difusão em circuitos oficiais e alternativos de exibição pública, sobretudo nos lugares remotos onde o acesso ao audiovisual é precário.
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