Dia Mundial do Meio Ambiente 2012
TUDO COMO DANTES NO QUARTEL DE ABRANTES
O sentimento do velho índio americano continua atual, e diz da essência das questões ambientais. Proteger ou destruir é uma questão de cultura, e de entendimento da vida.
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O sentimento do velho índio americano continua atual, e diz da essência das questões ambientais. Proteger ou destruir é uma questão de cultura, e de entendimento da vida.
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A comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente, criado pelas Nações Unidas, em 1972, como um dos produtos da Conferência de Meio Ambiente de Estocolmo (ONU), na Suécia, pegou, deu certo, e tornou-se uma referência global para todas as manifestações pela conscientização socioambiental global.
A Conferência de Estocolmo fez o mundo discutir a poluição, e começar a caminhar no sentido da mudança de paradigma do modelo de desenvolvimento. Nosso futuro comum começou a exigir uma consciência global, refletida, vinte anos depois, na Rio 92, sob o signo do desenvolvimento sustentável.
Mais vinte anos já se passaram, e, agora, chegou a Rio+20, reforçando a ideia de um Brasil, que é referência para as mudanças que a humanidade precisa fazer para proteger a vida, o planeta, e as gerações futuras. O Brasil é referência pela água doce que tem, pelas florestas, pela sua expressiva natureza, e dimensão de futuro, mas não, evidentemente, pela estado das coisas ambientais por aqui.
Na avaliação dessa guerra contra o tempo, e contra os males do sistema econômico, existem hoje, duas alas divididas, a dos pessimista, e a dos otimistas. A pessimista está decepcionada com o não cumprimento de acordos e metas da Rio 92, e não acredita em resultados práticos na Rio+20, já a ala otimista, acredita que a mobilização social esta cada vez maior, e que já existe um caminho de mudanças, que se reflete na mobilização crescente da sociedade global.
A verdade é, que ninguém mais pode, ignorar a dimensão da reflexão ambiental, sejam os governos, as universidades, as cidades, os empresários, cidadãos, enfim, todos.
Uma mensagem tão antiga, e atual, precisa continuar sendo lida sempre, afinal, o dia do meio ambiente é o dia da vida, da alegria, dia bento de luz de esperança, dia da terra amiga, do meio viável, do homem inteiro, como está dito na mensagem do Hino Daimista de Alfredo Mota:
“Eu ligado em natureza – A natureza me convêm – E o que ele me transmite – É o que de melhor existe – Amar e querer bem”.
A MENSAGEM DO CHEFE SEATTLE
"O QUE OCORRER COM A TERRA, RECAIRÁ SOBRE OS FILHOS DA TERRA.
HÁ UMA LIGAÇÃO EM TUDO"
Escultura do Lendário Cacique em Seattle (EUA)
No ano de 1854, o presidente dos Estados Unidos fez à uma tribo indígena a proposta de comprar grande parte de suas terras, oferecendo, em contrapartida, a concessão de uma outra "reserva". O texto da resposta do chefe Seattle, distribuído pela ONU, tem sido considerado, através dos tempos, como um dos mais belos e profundos pronunciamentos já feitos a respeito da defesa do meio ambiente.
Os índios Duwamish habitavam a região onde hoje se encontra o estado de Washington — no noroeste dos Estados Unidos, divisa com o Canadá, acima dos estados de Montana, Idaho e Oregon.
No passado era um “paraíso na Terra”, inspirador de um dos mais belos poemas dedicados à Natureza — o discurso que o cacique indígena Duwamish, Chefe Seattle, fez ao governo dos EUA na época .
Hoje, ainda sendo bonito, mas não mais um paraíso, sua cidade mais famosa é Seattle — nome dado em homenagem ao Chefe. Sua atual beleza, infelizmente, vem gerando graves problemas ecológicos.
Os índios migraram pelo Puget Sound para a Reserva Port Madison. O Chefe Seattle e sua filha estão enterrados lá.
Há muitas controvérsias sobre o conteúdo original do discurso. O primeiro registro escrito que se conhece, foi feito no jornal Seattle Sunday Star, em 1887, pelo Dr.Henry Smith, que estava presente no pronunciamento. Suas próprias anotações foram publicadas com comentários sobre o Grande Chefe, que segundo ele, era uma pessoa profundamente impressionante e carismática.
Nos anos 70 do século passado foram divulgadas várias versões deste discurso em conexão com movimentos ecológicos e a favor da preservação da natureza; o discurso ficou muito conhecido, mitificado como carta, ficando de lado as discussões sobre sua originalidade.
O DISCURSO QUE VIROU ‘CARTA’
Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra?
Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?
Cada pedaço desta terra é sagrado para o meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência do meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho. Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas.
Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sucos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem - todos pertencem a mesma família.
Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra.
Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós. Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo.
O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais. Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos, e seus também. E, portanto,vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem a noite e extrai da terra aquilo que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa pra trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda.Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.
Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas a primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos.
E o que resta da vida se um homem não pode ouvir um choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, a noite? eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebi seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.
Vocês devem ensinar as suas crianças que o solo a seus pés, é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças, o que ensinamos as nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo que acontecer a terra, acontecerá aos seus filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence a terra.
Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo. O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Este destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por fios que falam.
Onde está o arvoredo? Desapareceu.
Onde está a águia? Desapareceu.
É o final da vida e o início da sobrevivência.
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