Incendios no Litoral Norte de Ilhéus não param, e consolidam a destruição de uma floresta raríssima.
Foto de Luciano Sanjuan |
Minha floresta das preguiças, guiamuns, meu jardim dos cajueiros, mata alta de restinga na áreia de onde brota água, formando lagos - japaras. Não há outro lugar igual, seco e molhado, doce e salgado, a floresta ombrófila densa beija o mar. Ela é a floresta mais diversa, a mais rica da própria Floresta Atlântica, e de todo o planeta, e são os últimos testemunhos existentes da floresta no leste oriental do Brasil. Não é conversa mas ciência quando dissemos que milhares de espécies só são conhecidas dessa região, no meio desse caos, nesse cenário de devastação que mostra a falencia de uma estrada ecológica, aliada a projetos de conservação, e as promessas de desenvolvimento sustentável.
Mas um passeio de Ilhéus até Serra Grande no dia 19 de fevereiro de 2016, revelou de novo que os grandes incendios que tiveram seu auge em novembro último, pessistem e se agravam. Vi focos de incêndio florestal em praticamente todas as principais matas remanescentes, desde a Vila da Juerana até que a paz volte à partir da Vila do Sargi, já município de Uruçuca. Num certo ponto pensei: só vai sobrar as florestas de médico Guilherme Adames, e para minha surpresa, pela primeira vez tinha um foco de incêndio lá também, certamente, provocado por terceiros, pois trata-se de um dos grandes protetores dessas matas (veja fotos à seguir).
Precisa ser noticiado que o clima do sul da Bahia está irreconhecível, o céu de caatinga, sem nuvens, uma sensação térmica inexplicavelmente desagradável. Vivemos uma seca sem precedentes, e a terra das chuvas está no centro do El Nino, ou o que seja, que não nos parece normal. A cidade de Ilhéus está quente, e a falta de árvores piora a situação. Mas a pior notícia que o clima trouxe foi a volta do desmatamento destruindo as riquíssimas, e últimas matas íntegras nas áreas protegidas do litoral norte de Ilhéus.
O fogo é um inimigo antigo, e tradicionalmente usado nessa região. O fogo rápido, fácil, que queima lixo, limpa terreno, força do hábito, fogo omisso e a cumplicidade. Ano após ano, a mata sumindo, sem plano de conservação, plano diretor, regra e justiça. De mão dadas à seca se transformaram em incendios florestais, rápido poder de destruição sob a pequena mata desnuda.
Gravíssima é a situação das matas serranas, onde se quer ampliar pastagens, e as matas litorâneas, especuladas para moradia, última florestas da APA - Área de Proteção Ambiental da Lagoa Encantada e do Rio Almada, santuário principal de nossas águas, sítio histórico e cultural e berçario de nossa cultura. A APA já convive com a confirmação do Palácio do Planalto de um desmatamento próximo a mil campos de futebol para a construção do final da FIOL - Ferrovia Leste-Oeste e operacionalização do Complexo Portuário Porto Sul. E nos foi prometido, minimizar, e compensar esse impacto com a proteção da biodiversidade local. Para onde vamos?
Gravíssima é a situação das matas serranas, onde se quer ampliar pastagens, e as matas litorâneas, especuladas para moradia, última florestas da APA - Área de Proteção Ambiental da Lagoa Encantada e do Rio Almada, santuário principal de nossas águas, sítio histórico e cultural e berçario de nossa cultura. A APA já convive com a confirmação do Palácio do Planalto de um desmatamento próximo a mil campos de futebol para a construção do final da FIOL - Ferrovia Leste-Oeste e operacionalização do Complexo Portuário Porto Sul. E nos foi prometido, minimizar, e compensar esse impacto com a proteção da biodiversidade local. Para onde vamos?
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