Ilhéus, 479 Anos: Quem somos?
Completando 479 anos de existência, Ilhéus - uma das cidades mais antigas do Brasil - não tem o que comemorar. Somos uma cidade castigada por guerras e invasões desde os primórdios de nossa existência, e a cultura que construímos e herdamos de nossos antepassados encontra-se ameaçada.
Ilhéus é o marco geográfico e cultural de uma região dadivada em riquezas naturais, e depois de séculos de pioneirismo e resistência a crises, chegamos à primeira metade do século XX, tendo conseguido construir uma identidade. Éramos uma das cidades mais belas do mundo, apesar das diferenças sociais entre imigrantes donos de terra, negros e índios.
Mas nas últimas décadas do século XX, Ilhéus se vendeu as ilusões e aos projetos oportunistas e megalomaníacos. O projeto militar do Porto Internacional do Malhado causou mais danos do que qualquer outro ataque que Ilhéus já tenha sofrido de indígenas, franceses ou holandeses. Construído no meio da orla central (metade do projeto previsto foi construído) e destruímos nossa cidade. Também botamos abaixo a arquitetura histórica, abandonamos as sedes das fazendas, aterramos 40% de nossos manguezais e entramos em crise existencial. Até esculturas de três legendários leãozinhos em mármore carrara que ficavam em praça principal da cidade foram arrancadas do chão, e sumiram.
Sem mais saber quem somos, apenas observamos; e não sei se nos incomodamos com o tanto que agredimos nossa cidade, mata, orla, baias e rios, e com o vazio que deixamos sobre o nosso patrimônio histórico, material e imaterial. Somos uma terra desfeita, uma cidade desiludida e em crise. A fúria do dinheiro rápido fala mais alto, e hoje nos deixamos ser governados pelo estado e pela união. Perdemos a vontade própria. São eles que decidem qual é o projeto da nossa terra, e nós abraçamos.
Viramos reféns da política, da pobreza e da economia internacional. Perdemos nossa voz, o seu tom, e o dom da palavra cidadã. Como se fosse uma sina, Ilhéus parece esquecida de si mesma. Não fala por si, e passa a ouvir o que os outros falam. A cidade não se comemora, pois não sabe mais quem é, e nem pra onde vai o seu futuro.
O patrimônio histórico e cultural de Ilhéus está despedaçado, empoeirado, relegado e esquecido. Quando passeamos por essa cidade, não sabemos onde encontrá-la. Por isso, o que devemos comemorar hoje em Ilhéus é essa reflexão para que tão logo seja liberta da opressão, da ignorância, do julgo do dinheiro e de todo poder que ameaça a paz, a vida e nossa memória.
Acreditamos que Ilhéus vai despertar, e voltar a olhar para si mesma, se amando com todo o coração dos verdadeiros cidadãos seus. Quando isto acontecer, não sentiremos mais a sua falta quando passearmos por seus encantos, pois ela estará renascida jovem e moderna, dizendo de seus valores e representando tudo o que ela é, tem e pode ser.
Acorda Meu Povo!
- Nossa Igreja Católica precisa reorganizar um museu, como já teve na Igreja São Jorge, e a prefeitura precisa ser sua parceira na conservação do patrimônio arquitetônico.
Viramos reféns da política, da pobreza e da economia internacional. Perdemos nossa voz, o seu tom, e o dom da palavra cidadã. Como se fosse uma sina, Ilhéus parece esquecida de si mesma. Não fala por si, e passa a ouvir o que os outros falam. A cidade não se comemora, pois não sabe mais quem é, e nem pra onde vai o seu futuro.
O patrimônio histórico e cultural de Ilhéus está despedaçado, empoeirado, relegado e esquecido. Quando passeamos por essa cidade, não sabemos onde encontrá-la. Por isso, o que devemos comemorar hoje em Ilhéus é essa reflexão para que tão logo seja liberta da opressão, da ignorância, do julgo do dinheiro e de todo poder que ameaça a paz, a vida e nossa memória.
Acreditamos que Ilhéus vai despertar, e voltar a olhar para si mesma, se amando com todo o coração dos verdadeiros cidadãos seus. Quando isto acontecer, não sentiremos mais a sua falta quando passearmos por seus encantos, pois ela estará renascida jovem e moderna, dizendo de seus valores e representando tudo o que ela é, tem e pode ser.
Acorda Meu Povo!
- Nossa Igreja Católica precisa reorganizar um museu, como já teve na Igreja São Jorge, e a prefeitura precisa ser sua parceira na conservação do patrimônio arquitetônico.
- Mais arqueologia e resgate histórico cultural dos quilombos e das culturas negras.
- Reconhecimento pleno e valorização dos terreiros de candomblé.
- Desenterro da história dos pescadores, e salvaguarda da história dos nossos naufrágios.
- Reconstituição e investimento em arqueologia e história indígena.
- Salvar a história do cacau e das gerações de cacauicultores (donos de fazenda e trabalhadores), bem como as sedes das fazendas históricas e cacau, que estão em ruínas.
- Promover nossa história da Mata Atlântica em museus, jardins botânicos e no Parque da Mata da Esperança.
- Proteger os prédios históricos e dar-lhes um uso cultural adequado.
- Reunir, e disponibilizar ao público o grande acerco visual (fotográfico) que a cidade possui sobre o seu passado urbano, famílias e transformações.
- Firmar um Projeto Orla que pare de uma vez com a invasão das praias e manguezais.
- Precisamos recuperar nossa história antiga, gravuras, textos, documentos, muitos dos quais na Europa.
- Cadê a historia de nossos imigrantes - base social de Ilhéus. O mundo todo faz isso, e Ilhéus precisa fazer também.
- Ilhéus precisa investir em arenas de esporte e criar espaços dedicados a valorização da memoria do Surf , Skate, Voley, etc.
- Precisamos constituir roteiros e sítios históricos-culturais envolvendo o Rio do Engenho, o Banco da Vitoria, a Lagoa Encantada, Olivença e o Morro de Pernambuco, etc.
- Queremos ter mirantes em todos as nossos pontos de apreciação da paisagem, e pensar ciclovias em todos os bairros.
- Precismos investir em integração da cidade com os morros. Hoje temos duas cidades que precisam se conhecer e se integrar em mobilidade, turismo e atividade cultural.
- Ilhéus precisa ser uma cidade acessível para deficiências sensoriais e de mobilidade.
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