Violência e Intolerância no Assentamento em Ilhéus
Antigamente o pau comia e ninguém via, ou fazia de conta que não sabia, mas tudo acontecia, dentro ou fora dos quartéis, tudo acontecia, quando nem assentamentos rurais se tinha. Tudo ficava por isso mesmo, o povo não tinha voz nem vez. Mas agora o Brasil tá se mexendo, se remexendo, e os movimentos sociais estão saindo das catacumbas. Ainda não temos uma justiça como precisamos, mas temos as leis e os grupos se acordando e se organizando.
Essa organização dos mais fracos, aliada ao poder da comunicação vem lhes dando fôlego e crescente apoio político A sociedade vem se comprometendo com o combate a violência, e quanto menos os agressores esperam, são surpreendidos pela própria ignorância e desatualização da nova realidade brasileira em formação, aquela que está passando a não tolerar a intolerância.
Essa organização dos mais fracos, aliada ao poder da comunicação vem lhes dando fôlego e crescente apoio político A sociedade vem se comprometendo com o combate a violência, e quanto menos os agressores esperam, são surpreendidos pela própria ignorância e desatualização da nova realidade brasileira em formação, aquela que está passando a não tolerar a intolerância.
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Agora temos câmeras, gravadores, temos a tecnologia de comunicação a toda velocidade, temos os movimentos, as organizações, as redes de solidariedades, tudo se estruturando com mais capilaridade para agir. E não é mais interessante para as autoridades e os políticos demostrarem passividade diante das arbitrariedades sociais. .A armação dos agressores não dão certo como antes. Os vilões estão agora diante de suas fraquezas, transformados em vítimas das próprias atitudes, devem responder por crimes e perder seus empregos. Nesse tempo, o assentamento ganha notoriedade, a Ialorixá agredida se encontra com o governador, os movimentos sociais e a mídia dão destaque aos fatos.
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Tem de ser assim, precisamos de exemplos, remédios para as "socio-doenças brasileiras" que nossa cultura de intolerâncias insiste em conservar, e que desembocam, infelizmente, nesses surtos sintomáticos, difíceis mesmo de se acreditar. Coisas que no escuro, ninguém vê e nem sabe, mas que na claridade da sociedade democrática, tornam-se dramas ultra visíveis.
___________________________O RELATO
Sábado dia vinte e três de outubro de 2010, por vola das 14: 00 hora, um pelotão da Polícia Militar da Bahia, invadiu o assentamento D. Helder Câmara, em Ilhéus, levando a comunidade de trabalhadores e trabalhadoras rurais a viverem um momento de terror, tortura e violência racial.
Os fatos: Ao ser questionado pela coordenadora do assentamento e sacerdotisa (filha de Oxossi) Bernadete Souza, sobre a ilegalidade da presença do pelotão da polícia na área do assentamento, por ser este uma jurisdição do INCRA – Instituto Nacional e Colonização de Reforma Agrária e, portanto a polícia sem justificativa e sem mandato judicial não poderia estar ali. Menos ainda, enquadrando homens, mulheres e crianças, sob mira de metralhadoras, pistolas e fuzil, o que se constitui numa grave violação de direitos humanos. Diante deste questionamento, o comandante alegando “desacato a autoridade” autorizou que Bernadete fosse algemada para ser conduzida à delegacia. Neste momento o orixá Oxossi incorporou a sacerdotisa que algemada foi colocada e mantida pelos PMs Júlio Guedes e seu colega identificado como “Jesus”, num formigueiro onde foi atacada por milhares de formigas provocando graves lesões, enquanto os PMs gritavam que as formigas eram para “afastar satanás”.
Os fatos: Ao ser questionado pela coordenadora do assentamento e sacerdotisa (filha de Oxossi) Bernadete Souza, sobre a ilegalidade da presença do pelotão da polícia na área do assentamento, por ser este uma jurisdição do INCRA – Instituto Nacional e Colonização de Reforma Agrária e, portanto a polícia sem justificativa e sem mandato judicial não poderia estar ali. Menos ainda, enquadrando homens, mulheres e crianças, sob mira de metralhadoras, pistolas e fuzil, o que se constitui numa grave violação de direitos humanos. Diante deste questionamento, o comandante alegando “desacato a autoridade” autorizou que Bernadete fosse algemada para ser conduzida à delegacia. Neste momento o orixá Oxossi incorporou a sacerdotisa que algemada foi colocada e mantida pelos PMs Júlio Guedes e seu colega identificado como “Jesus”, num formigueiro onde foi atacada por milhares de formigas provocando graves lesões, enquanto os PMs gritavam que as formigas eram para “afastar satanás”.
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Quando os membros da comunidade tentaram se aproximar para socorrê-la um dos policiais apontou a pistola para cabeça da sacerdotisa, ameaçado que se alguém da comunidade se aproximasse ele atirava. Spray de pimenta foi atirado contra os trabalhadores. O desespero tomou conta da comunidade, crianças choravam, idosos passavam mal. Enquanto Bernadete (Oxossi) algemada, era arrastada pelos cabelos por quase 500 metros e em seguida jogada na viatura, os policiais numa clara demonstração de racismo e intolerância religiosa, gritavam “fora satanás”! Na delegacia da Polícia Civil para onde foi conduzida, Bernadete ainda incorporada bastante machucada foi colocada algemada em uma cela onde havia homens, enquanto policias riam e ironizavam que tinham chicote para afastar “satanás”, e que os Sem Terras fossem se queixar ao Governador e ao Presidente.
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A delegacia foi trancada para impedir o acesso de pessoas solidarias a Bernadete, enquanto os policias regozijavam – se relatando aos presentes que lá no assentamento além dos ataques a Oxossi (incorporado em Bernadete) também empurraram Obaluaê manifestado em outro sacerdote atirando o mesmo nas maquinas de bombear água. Os policias militares registraram na delegacia que a manifestação dos orixás na sacerdotisa Bernadete se tratava de insanidade mental.
A comunidade D. Hélder Câmara exige Justiça e punição rigorosa aos culpados e conclama a todas as Organizações e pessoas comprometidas com a nossa causa.
Contra o racismo, contra a intolerância religiosa, contra a violência policial, contra a violência à mulher, pela reforma agrária e pela paz.
Projeto de Reforma Agrária D. Hélder Câmara
Ylê Axé Odé Omí Uá
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