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Onze crimes ambientais da história recente de Ilhéus

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No passado recente, as cidades litorâneas do Brasil sofreram grave processo de degradação ambiental. Refletir as causas e consequências dos erros cometidos, ao menos nos abre novas perspectivas. Destaco o que poderíamos chamar de onze grandes crimes ambientais que cometemos nas últimas décadas, deixando de fora os problemas sociais e a depredação do patrimônio histórico. Claro, ressaltando que o maior de todos os crimes ambientais daqui é o mesmo de muitos lugares do Brasil: A falta de saneamento básico. Também entendo que muitos justifiquem a desordem urbana com a crise do cacau, hoje melhor compreendida como uma crise econômica, ambiental, cultural, política, ou uma série de crises interligadas. 1 - A nova Cabruca e o BHC  A ocupação quase total das matas e o novo modelo de cabruca sem plano de conservação, e regado a BHC provocou um grande desastre ecológico com graves consequências para a saude humana. Enquanto o Centro de Pesquisas de Cacau revelava uma biodiversidade rec

Orquídeas do sul da Bahia

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          Em 1998, uma reportagem no Jornal A Tarde destacava a raridade e o comercio ilegal de orquídeas do sul da Bahia. Na época respondendo pela Chefia do IBAMA na região, atendemos denuncia e realizamos a maior apreensão de orquídeas de nossa história ambiental. Eram mais de 500 orquídeas, e 90%, a belíssima   Cattleya warneri . Entreguei o material pessoalmente ao saudoso botânico André Carvalho (CEPLAC), que dispensa apresentações. Mas havia um decreto estabelecendo que todas as orquídeas aprendidas no Brasil eram prioritárias para o orquidário de Brasília, e eu discordando dessa política, acabei desacatando ordem expressa da presidência do IBAMA, abrindo uma brecha para minha exoneração, depois de segurar as dores da turbulenta transição da política florestal no Estado do Bahia. Passados quase vinte anos, a imprensa noticia a depredação e o fim do Orquidário Nacional de Brasília. Nossas orquídeas? Ainda quero seu retorno às matas, cultivo e manejo sustentável. Na época

O Brilho da Biodiversidade nas Fazendas do sul da Bahia

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 Os poucos remanescentes de mata íntegra no sul da Bahia são potes de ouro do conhecimento científico, cultural e da história da biodiversidade, além de ser um baú de novidades e inovação. Estudando os animais e plantas do mundo logo reconhecemos as fazendas dessa região, e suas excentricidades. Algumas logo se destacam com valiosas informações e grandes listagens de espécies, e plantas unicamente conhecidas dessas propriedades.    A Fazenda Almada (Uruçuca) tem pelo menos 602 registros de espécies, e alguns deles remontam a viagem de Carl Friedrich Philipp von Martius há 200 anos. Em Una, a Fazenda São Rafael elenca, ao menos, 247 espécies de 156 gêneros e 74 famílias registradas em 18 coleções botânicas. Doze destas já foram incluídas na lista vermelha de espécies ameaçadas do Brasil, incluindo dois tipos de Ingá ( Ingá aptera e Ingá grazielae ).     Já na Fazenda Pirataquissé (Banco da Vitória, em Ilhéus) teve uma base da Fundação Oswaldo Cruz para o estudo da Febre Amarela e

Planejamento Urbano em Ilhéus: Posso discordar?

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FOTO DE JOSÉ NAZAL Discordar por discordar, e meter o pau em tudo é uma coisa, mas refletir o modelo de desenvolvimento para Ilhéus é uma necessidade tardia. Carecemos de planejamento estratégico e tropeçamos historicamente. Plano Diretor é coisa séria, da ordem do dia, e só tem serventia se posto em prática. Vejo que os primeiros sinais de urbanização de uma futura "região metropolitana" não são bons. Saudamos as novas moradias, apesar do projeto arquitetônico lamentável, estranho mesmo ao gosto do povo de ter seu pedaço de chão (lote individual) nesse mundo de terra (espaço não é nosso problema). Saudamos também o novo hospital, apesar do projeto arquitetônico frouxo - feio. Mas o que preocupa é o aglomerado que surge. O resultado da falta de um planejamento do espaço é um hospital "de referência" separado de um loteamento apertado e sem área de lazer, por uma cerca, e ao lado de uma central de tratamento de esgoto que exala mal cheiro. Na imagem vemos a demar

Parque Municipal da Boa Esperança

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SÉRIE ESPECIAL 1 SE TEM FISCAL TEM PARQUE    O Parque Municipal da Boa Esperança, área com com 473 hectares localizados em área continua à zona urbana e industrial de Ilhéus é uma relíquia que ainda não foi devidamente valorizada. A área é protegida por mais de cem anos , e possui um valor botânico que a maioria desconhece, e subestima. Ainda que hoje seja um elefante branco para a economia, e uma unidade de conservação cheio de problemas, assim que todos reconheçam suas riquezas virá a ser um dos locais mais visitados da cidade de Ilhéus. O que podemos comemorar hoje é a solidificação de uma guarda florestal atuante. A simples presença do fiscal faz com que o parque exista para a população. os fiscais e os amigos do parque são os primeiros elementos da identidade de uma área natural protegida, vivenciada em seu cotidiano. Por isso saudamos aqui a equipe de Guarda Parque, esses verdadeiros heróis anônimos, funcionários públicos que fazem grande esforço para manter viva a missão

Ilhéus e os cacos da cidade histórica destruída

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O leão de mármore carrara que restou é símbolo da "Princesinha do Sul", a cidade destruída. A histórica Ilhéus, símbolo do progresso no nascimento do Brasil, viveu três séculos de decadência até encontrar seu caminho de desenvolvimento. Sob o símbolo da imigração e do vigor da lavoura do cacau nós construímos umas das cidades mais belas da América do Sul. Mas destruímos tudo na segunda metade do século XX. A princesinha do Sul agoniza, e é já dada como morta, vivendo apenas de Jorge Amado, d patrimônio da igreja Católica, o Vesúvio e um dos mais belos acervos fotográficos que uma cidade possa ter, e que nos serve de consolo. 

Ramon Vane: A Voz e Saudades de um Gênio.

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São muitas as histórias de Ramon, e uma vida pela frente para resgatá-las. Por enquanto, a saudade da perda de um grande artista, e alguém cheio de irreverencia entre a arte e a realidade, os tribunais e os palcos, o professor e o louco... Uma coisa Ramon me ensinou, e essa coisa fala como um homem tão pequeno, franzino e frágil pode ter tanta força, identidade, voracidade!