segunda-feira, fevereiro 27, 2012

'Hoje, o conflito é século 20 versus 21, diz Fabio Feldmann

"É preciso que a sociedade mude sua visão de mundo!"



Por Fábio Feldmann
Fonte: O Estadão

O resultado da Rio+20 é um mistério. Só se sabe que o encontro está pautado sob o tema The Future We Want - o futuro que a gente quer. Fabio Feldmann, consultor e ex-candidato ao governo do Estado pelo PV, acha que o atual formato da reunião pode transformá-la num desperdício. "Se nada mudar, tende a ser um fracasso", avisou em conversa com a coluna.


Para o antigo ambientalista, um dos fundadores da SOS Mata Atlântica, está faltando liderança. Inclusive de Dilma, que ele diz ter visão atrasada sobre o tema. "Eu me coloco nos chinelos da presidente. No momento em que alcanço o maior cargo do Brasil, quando o País está bombando no mundo inteiro, minha preocupação é com o meu legado. Se ela tiver isso em mente, tenderá a liderar a Rio+20 na direção correta", pondera.

O Brasil quer entrar no Conselho de Segurança da ONU? "É só se sair bem na Rio+20 que entra", receita. E defende uma visão diferente de mundo. "Em toda palestra que faço, eu digo: o conflito não é mais o de esquerda e direita, da nossa geração. O conflito, hoje, é século 20 versus século 21".

A seguir, os principais trechos da entrevista.

Por que você resolveu escrever Sustentabilidade Planetária: Onde Eu Entro Nisso?

Apesar de o tema estar na boca das pessoas, é grande a dificuldade em mobilizar a sociedade. Quis atrair o leitor para nossos temas de maneira compreensível. Por isso o livro é bastante baseado no que a comunidade científica está falando.

Não há como falar pela razão? Essa é a loucura. A ciência, que é a razão objetiva, está demonstrando o que tem de ser feito. Não é falta de razão e de ciência, a dificuldade é como convencer as pessoas de maneira geral. O maior problema do político é que ele pensa a curto prazo. Eu estou na minha fase de neurociência. Agora existe toda uma área de economia ligada à neurociência. E como convencer as pessoas usando neurociência? Com flexibilidade e plasticidade. A missão já não é convencer na racionalidade (porque, nesse sentido, os dados estão a nosso favor), mas engajá-las com emoção. Essa é a discussão do livro.

O ser humano é mais reativo que pró-ativo. Especialmente, governos. Nosso planeta precisa ser destruído para que as pessoas tenham consciência do seu estado hoje?

Note que a piora ambiental não acontece linearmente. E isso preocupa muito. Hoje existe o que a gente chama de tipping point, expressão do Malcolm Gladwell: em determinado momento, você tem uma mudança maior. E nas questões ambientais haverá um ponto de mudança. Tenho certeza. Não é terrorismo.

Está se prevendo que a Rio+20 seja um fracasso...

Copenhagen foi, Cancún também. E aí vem a surpresa. A reunião de Durban foi muito positiva, ninguém imaginava que pudesse avançar como avançou. A sociedade não se comporta linearmente. Às vezes, acontece um fato aqui, outro ali, que, juntos, provocam mudanças. Acredito que teremos essas mudanças, até porque a ciência mostra que os limites estão colocados. Isso significa que o mais importante em relação aos nossos temas é o senso de urgência.

Fala-se que, em Durban, o avanço não foi tão grande. Porque os EUA não cederam, não reconheceram o Protocolo de Kyoto. Já a China se recusa a avançar enquanto os EUA não avançarem.

A China mudou radicalmente. Os chineses são muito misteriosos na condução de negociações, não são lineares. Em Durban, eles deram um baile. Fizeram um modelo detalhado de quanto e onde têm de investir para ajudar na redução do aquecimento global - até porque estão preocupados. Se não agirem rapidamente, as emissões da China serão maiores do que as dos EUA e da Europa juntos. Fiquei muito impressionado. Não vi nos outros países, inclusive no Brasil, esse preparo dos chineses.

Mas adianta, sem os EUA?

No caso de Cancún, o risco era abortar as negociações internacionais. Em Durban, ficou decidido que será mantido o Protocolo de Kyoto, que já era uma grande discussão. Então, acho que haverá uma alteração grande com a China mudando.

A China é um tipping point?

Sim. Aliás, tenho defendido que nossas questões vão mudar no próprio mercado, produtos e serviços serão cada vez menos intensos em água, em carbono e em energia. Esse processo é irreversível. A questão é se haverá tempo, porque os prazos são muito curtos. Aliás, nesse campo do consumo, o que está se discutindo hoje é onde você contabiliza o carbono. O Brasil exporta para a China; na produção de bens e serviços brasileiros, o carbono é contabilizado aqui. Acho que a tendência será contabilizar onde consomem, porque é mais justo. A Inglaterra está diminuindo as emissões, mas porque transferiu parte de sua manufatura para a Ásia.

E essa ideia de cobrar imposto? Por exemplo, uma hidroelétrica que vai prejudicar o rio. Quem usa a energia dessa hidroelétrica pagaria uma taxa.

É o que os economistas chamam "incorporar as externalidades negativas ao preço". Para mim, economia verde é você colocar no preço de serviços e bens o quanto eles custam para a natureza, para o meio ambiente. Mas não é só taxa. E aí eu acho que o setor empresarial tem um papel muito grande. A taxa pressupõe que é o poder público que está criando. Se eu crio mecanismos de certificação que passam a ser adotados, posso incorporar isso sem, necessariamente, a intervenção do Estado. Sou a favor da taxação. Até escrevi sobre a questão do diesel. O diesel bom, que é o S-50, custa até 30% mais do que o outro diesel. Então, o que faz o caminhoneiro autônomo? Ele compra o diesel ruim. Quem vai pagar somos nós, que respiramos um ar pior, e o SUS, com os problemas broncopulmonares. O que eu proponho? Taxar o diesel ruim e diminuir o preço do diesel bom.

Para equalizar.

Isso é instrumento para a economia verde: o produto que tem menos impacto passa a ter imposto menor do que o produto com mais impacto. Com isso, você pode trabalhar em muitos sentidos. Por exemplo, obesidade: o produto com mais açúcar devia ser mais caro do que o produto com menos açúcar. A Califórnia está adotando esse regime, taxando os refrigerantes. Faz todo o sentido, porque gera tributos para financiar o que esses alimentos (que prejudicam a saúde) custam à sociedade. No caso brasileiro, custa para o serviço público de saúde. Proponho aliança do setor empresarial com a sociedade civil e os líderes governamentais com mentalidade do século 21.

Qual a chance de uma política dessas ser implantada aqui?

Se a Rio+20 for no modelo da Rio-92, modelo ONU, dificilmente vamos avançar. Acho que a Dilma devia, como anfitriã, chamar os líderes empresariais mais importantes do mundo, a sociedade civil e outros chefes de Estado para ter uma conversa franca nessa direção. Como é o formato das Nações Unidas? Tem três minutos para a sociedade civil e três minutos para o setor empresarial. É absolutamente ineficiente. O caminho da sustentabilidade é a capacidade política, no bom sentido, de aliança.

No caso da Califórnia, é o consumidor que está exigindo.

Qual é o desafio? Aumentar o repertório das escolhas. Porque a política migrou para o consumo. Quando você escolhe um móvel certificado, por exemplo, essa escolha é política. Vai pagar mais caro por ele.

Existe o mito de que o produto tem de ser mais caro. Acho que não. Se for mais caro, você usa instrumentos econômicos para diminuir o preço.

Por que a bancada verde no Congresso diminuiu?

Acho que falta uma estratégia clara para aumentar a bancada dos ambientalistas, inclusive junto a um eleitor que está cada dia mais urbano. Além disso, o outro lado se preparou muito para nos enfrentar.

Por que há uma tendência a desqualificar o ambientalismo?

Porque ele cria situações de conflito concretas, fáceis de identificar. Qual a dificuldade do aquecimento global diante da ciência? Eu estou enfrentando, em primeiro lugar, a indústria de petróleo, que é importante no mundo inteiro. Não é por nenhuma outra razão que ser presidente da Petrobrás é mais importante do que ser ministro de Estado. Acho que a dificuldade das nossas questões é que elas enfrentam interesses muito concretos, que beneficiam um conjunto de pessoas que é muito fácil de ver.

O petróleo beneficia diretamente o consumidor.

Por isso, a gente tem de criar alternativas para esse consumidor. Se você tiver um automóvel que possa rodar com combustível melhor e de mesmo preço, a gente consegue...

É consciência ou bolso?

Os dois. Se eu tenho um produto melhor, por que esse produto não pode ser mais competitivo com a diminuição de imposto? O presidente do Business Council of Sustainable Development me disse certa vez: "Fabio, quando entrar numa reunião, veja se você é vendedor ou comprador. Porque o comprador está sempre em vantagem psicológica em relação ao vendedor".

E os ambientalistas têm se vendido de maneira correta?

Ambientalista é, hoje, um rótulo muito elástico, diferente do que era há 30 anos. Por isso, o ambientalismo está diante de uma tarefa: se reinventar. Por que, às vezes, a gente enfrenta dificuldades? Porque, muitas vezes, as explicações não são lineares. Você diz que algo vai acontecer, e não acontece. Veja a questão do aquecimento global. O tema é complexo, mas acho que o setor empresarial é outro hoje. Dificilmente uma empresa de nome não está preocupada com a gestão ambiental, é uma questão da comunidade. Avançar nisso exige ainda mais tempo.

Por exemplo, no caso de Belo Monte, a questão que se coloca é destruir a natureza ou ficar sem energia elétrica...

Os dilemas são complicados. Você me pergunta se sou contra a energia nuclear: sou contra. Mas o combustível fóssil contribui para o aquecimento global. Então, do que sou a favor? Acho que a coisa vai se resolver por uma revolução tecnológica no mercado, equipamentos cada vez mais eficientes e uma mudança de comportamento. Qual a minha preocupação nesses últimos anos? Eu já fui tudo: ONG, governo, parlamentar. O grande desafio é mobilizar as pessoas, ganhá-las pelo coração, pela emoção.



Discussões sobre a Rio+20 devem incluir posições de lideranças comunitárias, defende Alerj


A Comissão de Representação da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) quer incluir as lideranças comunitárias nas discussões da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que ocorrerá na cidade em junho próximo.

A proposta foi feita pela deputada Aspásia Camargo (PV), membro da Comissão Nacional de Organização da Rio+20. No dia 1º de março, a comissão da Alerj receberá os líderes comunitários do Rio em audiência pública, e os resultados do debate serão encaminhados à Comissão Nacional da Rio+20.

“Já que a Rio+20 é economia verde e erradicação da pobreza, e o Brasil está propondo uma economia verde inclusiva, eu acho que é bom a gente começar pelas áreas da cidade que precisam de intervenções mais urgentes e que estão com problemas graves de infraestrutura e urbanização precária”, disse Aspásia à Agência Brasil.

A deputada destacou o fato de as comunidades carentes se mostrarem muito receptivas à ideia de serem feitos planos de desenvolvimento sustentável nessas localidades. “Nós tivemos uma primeira etapa na Rocinha. Já é um esforço enorme de discussão”.

Ela lembrou a existência de muitos movimentos verdes dentro de algumas favelas. Trata-se, segundo a deputada, de movimentos organizados que estão ganhando impulso nas comunidades. Apontou, entretanto, carências, especialmente nas áreas de saneamento básico e coleta de lixo. “E nós queremos que eles saibam que a conferência [da ONU] é para eles. Eles vão ser beneficiados pelas discussões e têm de dizer o que pensam”. Por isso, acrescentou, a ideia de comunidades sustentáveis tem que estar na agenda da Rio+20.

Aspásia defendeu que o governo brasileiro se aprofunde em questões importantes para o futuro da população, como a infraestrutura verde. “Nós temos que trabalhar com a ideia da infraestrutura, que é uma das coisas mais caras em que você tem que investir e que envolve, basicamente, saúde, transporte, construção civil em geral e energia. Isso tem que ser pensado com uma visão verde porque representa um extraordinário impacto de investimentos, quase como o new deal [novo pacto] verde”.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) reforça a proposta new deal verde. O projeto busca direcionar os esforços de recuperação das economias à garantia da sustentabilidade na formação de uma nova configuração econômica e produtiva global.

Aspásia informou que o estado do Rio está trabalhando também na chamada contabilidade verde. “É todo tipo de mensuração dos impactos negativos e das compensações que podem acontecer se houver um sistema financeiro e fiscal que favoreça”. Citou como exemplos a serem inseridos na contabilidade verde os indicadores econômicos e o Produto Interno Bruto (PIB).

Aspásia lembrou ainda que o Rio já tem uma Bolsa de Valores verde, cujo projeto foi lançado em dezembro do ano passado. Trata-se de um mercado de ativos ambientais, cujo objetivo é promover a economia verde no estado. Entre os ativos que serão comercializados na Bolsa Verde, estão créditos de carbono e ações de reflorestamento. O início de operação está previsto para abril deste ano.

sábado, fevereiro 18, 2012

Legislação de "Cap and Trade" da Califórnia está alavancando projetos florestais

California cap-and-trade law spurs U.S. forest carbon projects

Foto: Fotolia

Now that California's carbon market has arrived, an Australian-based company that specializes in forest carbon offsets has jump started two forest projects with private landowners in the western U.S. The new company, Forest Carbon Partners, will make the projects available as carbon offsets for California polluters.

"As the California carbon market comes online, New Forests believes that forest carbon projects will become a critical source of offset supply. Forest Carbon Partners brings together a sophisticated understanding of both forestry and carbon markets to meet the demand for high-quality carbon credits that ensure important co-benefits for family forest landowners and the environment," says managing director, David Brand, in a press release. Forest Carbon Partners is a subsidiary of New Forests Inc., headquartered in Sydney.

Forest Carbon Partners is working with a private forest owner and a Native American tribe to develop offset projects on 4,450 hectares and hopes to expand to 40,000 hectares.

"Our end-to-end investment and project development process will deliver a large pipeline of offset supply to the California market, while focusing on projects with family forest owners that deliver significant land conservation and environmental benefits," said Brian Shillinglaw, manager of carbon investments and policy.

California's carbon market, which is set to become the world's second largest carbon market, is expected to spur green initiatives across the U.S., since the state is allowing companies outside California to participate in its offsets market.

Fonte: Mongabay por Jeremy Hance

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Ameaças a Mata Atlântica de Ilhéus

Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica do Município de Ilhéus - 2012


O Mapa das ameaças potenciais abrange as atividades que têm provocado a degradação ambiental, e outras, que, se instaladas no município, também atingem negativamente a Mata Atlântica no município, destacando a expansão urbana desordenada ao longo do litoral norte e sul, e ao longo da BR 415 (Rodovia Jorge Amado / Ilhéus - Itabuna), a Ferrovia de Integração Oeste-Leste e o Intermodal Porto Sul, além da chegada os interessados na extração dos minérios do subsolo.

Isso mesmo! Para piorar o cenário de ameaças, só faltavam "as cobiçadas pedrinhas verdes". Licenças de pesquisa e requerimentos de lavras estão pontos no território municipal sob áreas protegidas ou não, no litoral norte, próxima ao Banco da Vitória, no litoral sul e nos distritos de Inema e Banco Central, e envolve as maiores empresas do ramo da mineração no país. 

E uma surpresa até para quem procura se manter bem informado, e, como podemos ver, são muitas as áreas que áreas estão sendo cobiçadas no município de Ilhéus.

Como o município pode enfrentar essas ameaças? Exigindo transparência e democratização plena da gestão pública. É o povo assumindo o poder com a consciência cidadã, compreendendo que precisa participar do planejamento da ocupação e uso do solo, bem como, da exploração dos recursos naturais no município, para que ão seja prejudicado.

Estamos diante de uma batalha pela vida, onde o dinheiro, representando o poder dos homens está colocando na parede a natureza milenar da floresta, frágil e necessitada de justiça, pronto e preparada para nos doar um futuro melhor. Não podemos permitir que o financeirismo alienante atrople a razão produtivista na verdadeira econômia que buscamos.

Use os comandos do Slide Share para ver o mapa em detalhes, e clique "more documents from Paulo Sérgio Paiva" para ver todos os mapas do Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica do Município de Ilhéus.

terça-feira, fevereiro 14, 2012

Pressões Ambientais do Município de Ilhéus

*** Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica - 2012

O terceiro mapa mostra um primeiro retrato das pressões ao meio ambiente no município de Ilhéus. Assim como os demais mapas, deve ser compreendido de forma dinâmica, necessitando de aprofundamento e atualização.

O mapa das pressões é o mapa dos processo sociais complexos que estão minando os recursos naturais do município, e todos precisam participar da eliminação delas, e seguirmos o bom caminho da conservação.

Assoreamento e poluição de nossos rios Santana, Almada e Cachoeira, desmatamento e avanço irracional de pastagens no Distrito de Inema e Banco Central, invasão de manguezais e APP´s (Áreas de Preservação Permanente) em todo o perímetro urbano da sede do município, pesca predatória, dentre outras.

O plano sinaliza que precisamos tirar do  papel, e adequar nossas preocupações ao Código Ambiental Municipal, e construirmos uma legislação ambiental municipal que contemple essas pressões, orinetando ações efetivas de proteção dos recursos naturais e da agrofloresta sustentável, da biodiversidade, dos recursos hídricos, marinhos e pesqueiros, do combate a poluição e da prevenção de todas formas de degradação ambiental no municípío.

Para corrigir essas pressões, só prestando atenção no exercício da cidadania, no interesse público, no zelo pelo bem coletivo e na reza do bem comum. É dever,  princípio constitucional, ético e moral, horizonte didático, desafio contemporãneo, obrigação individual e esperança para a Mata atlântica ... 

segunda-feira, fevereiro 13, 2012

Mapa de Unidades de Conservação de Ilhéus

*** Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Ilhéus - 2012

O segundo Mapa que apresentamos, mostra as Unidades de Conservação (Parques, Reservas e APA (Área de Proteção Ambiental). Ele bem representa um segundo desafio importante para a proteção da Mata Atlêntica na região: Aumentar as áreas naturais legalmente protegidas.

Esta deve ser uma realização do governo federal, estadual e municipal, mas sobretudo, uma realização espontânea da sociedade, através da criação de dezenas de Reservas Particulares do Patrimônio Natural - RPPN´s, como assim já fizeram alguns pioneiros, como Gustavo Nora (RPPN Salto do Apepique), e Sérgio Ramos (RPPN Arte Verde) e Ronaldo Santana (RPPN Mãe da Mata - Clique na Imagem e Conheça esse belo trabalho).

RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) é uma Unidade de Conservação protegida por Lei em caráter perpétuo por iniciativa dos proprietários.



Uma curiosidade do mapa é a constatação de que a Reserva Biológica de Una e o Parque Estadual do Condurú, também estão localizados no município de Ilhéus, ainda que em pequena parte.

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Mapa das Associações Rurais de Ilhéus‏

*** Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Ilhéus - 2012

Pouquíssimos são os ecossitemas florestais do planeta que estão tão ameaçados quanto a mata atlântica, e só mesmo países muito pobres e sem alternativas, ainda destroem o que restou de suas florestas.

Mas esse, não é, e nem pode ser, o nosso caso. O Plano Municipal da Mata Atlântica de Ilhéus é o primeiro a ser realizado em um município da Bahia, e o primeiro a ser construído de forma participativa em todo o país. Os iheeenses, assim como os brasileiros, não querem, e nem suportam mais, a morte nas chuvas, o desmatamento, a poluição, o esgôto e as doenças do século XIX, a degradação socioambiental.

Em Ilhéus, a cada dia que passa, aumenta a consciência da importância que tem essa região para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica. Mais que isso, percebemos que temos um dever, uma tarefa, um papel diferenciado no debate nacional e global sobre o modelo de desenvolvimento, que outras regiões.

O objetivo do Plano da Mata Atlântica caminha pelo árduo trabalho de consciêntizar para proteger. E nesse caminho, a identificação (zoneamento), reconhecimento (conservação) e estudo (pesquisa) de nossos remanescentes florestais é fundamental. outros pontos importantes é a recuperação de áreas degradadas, incentivo à conservação do sistema agroflorestal Cacau-Cabruca, mobilização municipal para a restauração ambiental da Bacia do Almada e do rio Cachoeira, etc.

Os trabalhos realizados em Ilhéus foram intensos, densos e produtivos, e, ao final da tarde do último dia 10 de fevereiro de 2012, o fruto das colaborações de mais de 300 representantes da sociedade ilheense resultaram na primeira versão do Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica em Ilhéus.

Agora temos um plano, e podemos vislumbrar um programa e uma agenda para conservar essa riqueza, que se manteve diante de tanto estrago. Mais um esforço, e mais um passo diante dos grandes desafios para que o processo de desenvolvimento em Ilhéus não resulte na perda de patrimônio ecológico, cultural, e da qualidade de vida que temos aqui.

Vamos acompanhando tudo o que diz respeito a essa conscientização pública, partilhando os frutos desse histórico planejamento, a exemplo dos diversos mapas obtidos com a consolidação de todos os dados e informações obtidas sobre a cobertura vegetal do município.

O mapa abaixo é das Associações Rurais do Município de Ilhéus (passível de complementação permanente), elas que são o símbolo maior da democratização das áreas cultiváveis e do cooperativismo que pode gerar pode fortalecer uma econômia rural sustentável no município.


terça-feira, fevereiro 07, 2012

Plano Municipal de Conservação e Recuperaçao da Mata Atlântica



Dias 9 e 10 de Fevereiro de 2012
no Auditório da Justiça Federal.

O Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Ilhéus está na sua segunda fase de elaboração. Uma vez conhecida a situação atual dos remanescentes da Mata Atlântica durante a primeira oficina de diagnóstico, inicia-se agora a avaliação estratégica, quando se deverá obter uma visão prospectiva da situação a que se pretende chegar com a elaboração do Plano de Ação.

Para tanto será realizada a segunda oficina participativa do PMMA onde juntos, buscaremos a definição da situação futura desejada para a recuperação e conservação da Mata Atlântica do Município de Ilhéus.




Em nossas mãos, uma riqueza ainda inestimável, e Ilhéus precisa dar exemplo de planejamento, e investimento em conservação para todos os municípios da região cacaueira. Comungamos entre si, a identidade territorial do mais importante conjunto de remanescentes da Mata Atlântica nordestina, e um dos pontos de maior biodiversidade do planeta.


Apesar de duas décadas de mobilização, o saldo ainda continua negativo para a Mata Atlântica. Uma situação que precisamos reverter com planejamento, educação ambiental e participação.

Mata Atlântica, Cacau-cabruca e Biodiversidade: Sistema Complexo

Fotos Aéreas: José Nazal

A grande Cabruca não é uma floresta, mas trás consigo muito de seus valores ecológicos, e uma biodiversidade elevada. Também cumpre um papel fundamental de proteger a floresta remanescente, acobertando-a, e favorecendo o funcionamento do mecanismo de corredor ecológico para inúmeras espécies, a exemplo de vários morcegos e roedores, que colaboram com a permanente restauração do ecossistema.

Um programa de conservação perene para a Mata Atlântica nesse território é uma tarefa complexa, e serão grandes os desafios para que ele venha a ser bem sucedido. Isto depende, em grande parte, do comprometimento da sociedade, e das instituições regionais, e na atraçao de investimentos sintonizados com as qualidades socioambientais e culturais de ilhéus, e região.

Não podemos esquecer, que vencer esses desafios, depende da eleição de governantes municipais comprometidos com a gestão sustentável do meio urbano e rural, e da renovação e resgate da missão da Comissão executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC, que deverá estar preparada para assessorar a demarcação de reservas legais e áreas de preservação permanente em centenas de propriedades rurais.


Por certo, esse é o tempo de buscar conscientização, esclarecimentos, apurar os meios legais, pactuar espaços de governança cooperativa, e de buscar um modelo de gestão ambiental transparente, que seja produto da participação, e seja de amplo conhecimento da todos.

O futuro da mata atlântica é incerto, e depende muito de nós, ilheenses. Ainda temos muito o que descobrir sobre nossa floresta, e nosso sistema de proteção ainda é frágil, instável, faltam unidades de conservação, a maioria das propriedades rurais não possuem reservas legais, a fiscalização ambiental entrou em colapso, e pra piorar, o nível de conscientização sobre os problemas de conservação da mata atlântica na região é baixo, tanto por por parte da população, quanto das instituições públicas.

Pesa ainda mais sob essa realidade, a ameaça de se realizar desmatamentos criminosos a título de "interesse social", e a atitude do governo, algumas empresas e grande parte da imprensa regional, de orquestrar a desqualificação do movimento ambiental, e de suas preocupações, e estimular a opinião pública a acreditar que a luta pela conservação da mata atlântica em Ilhéus é fruto de interesses espúrios.

Mas o bonde é esse mesmo, e com um plano e um programa legalmente instituído, estamos dando mais um passo para dar visibilidade às metas de conservação, e aos grandes desafios de defender o patrimônio natural em tempos de crescimento econômico.